23. Separação

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"Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois..."
- Sozinho, Caetano Veloso.

- Domingo, 24 de Março de 2024, 16:26 da tarde.

Não Alane, eu quero explicações! Por que o Nizam? Por que ele, porra?! O que ele tem que eu não tenho? — Bande gritava pelos pulmões, sentindo lágrimas escorrerem por suas bochechas.

— Ele tem estabilidade emocional, Fernanda. Você não está nem perto de ter isso! Quero me relacionar com alguém que esteja bem mentalmente, e não com uma desequilibrada do caralho. Eu quero ser namorada, não psicóloga porra! — A paraense também esbravejava. Como resposta, recebeu o silêncio perturbador de Nanda.

— Olha tudo que tu fez eu passar. Sempre prometendo mudanças e nunca cumpriu. Eu cansei de esperar. Meu voo para o Líbano sai em trinta minutos, vou me encontrar com ele e vamos finalmente viver nossa história de amor, sem nos preocuparmos com você para ser a pedra no sapato! Você cansa as pessoas ao seu redor, Fernanda. — Alane dizia, ajeitando sua mala com fúria.

A visão da carioca era embaçada, impossibilitando de ver os mínimos detalhes.

— Foi bom enquanto durou, mas, como sempre, você estragou tudo. Sabe por que?! Porque é isso que você SEMPRE faz. Tu machuca as pessoas ao seu redor para se sentir bem. Você é baixa, meu amor. — A paraense agora havia levantado e pegado no rosto da mais velha, que, a essa altura do campeonato, só sabia chorar e soluçar.

— Ninguém NUNCA vai te amar, você é desprezível. DESPREZÍVEL IGUAL AO SEU PAI! — A morena gritou em seu rosto e, de repente, tudo sumiu. Ao poucos a visão de Fernanda foi voltando e ela pôde enxergar o teto do quarto de Alane novamente. Dessa vez, os raios de sol da tarde iluminavam todo o ambiente.

Era um pesadelo.

— Nanda? Está tudo bem? Eu vim te chamar para comer mas você começou a chorar e se debater, o que aconteceu?! — Ela questionou, se sentando na cama e segurando a mão de Bande.

— Você me acha desprezível, Alane? — A carioca perguntou, fungando o nariz e secando a lágrima que havia escorrido.

— Lógico que não, que papo é esse?! — A outra mulher se preocupou ao ver como ela estava em sua frente.

— Nada demais. Inclusive, bom dia. Posso usar o banheiro? — Nanda tentou cortar o assunto ao perceber que se tratava apenas de um sonho.

— Claro! Vai lá. — Mesmo confusa, Lane a liberou e disse uma coisa antes dela sair do quarto. — Ei, te amo, tá? — Disse, esperançosa.

— Tá. — Respondeu firme e entrou no banheiro, fechando a porta atrás de si.

— Égua, morena difícil essa viu Liz... se acostuma, ela vai ser sua madrasta. Eu ainda vou casar com essa maluca. — A paraense conversava com sua cachorrinha, que deitava no chão, pedindo carinho.

Depois de alguns minutos, a porta do banheiro fora destrancada e Fernanda saiu com os olhos inchados e o rosto "amassado".

— Ei... — A mais alta falou assim que sentiu a mulher a abraçar de costas, enquanto ela fritava um ovo para comer com cuscuz. Logo tratou de abaixar o fogo e lhe abraçar de frente.

Flor do Cais • FerlaneWhere stories live. Discover now