Flor do Cais • Ferlane

3. Mensagens

"...Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade..."
- Malandragem, Cássia Eller.

- Quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024, 21:36 da noite.

Enquanto limpava sua geladeira e batia um papo com Anny, Alane ouviu o som da campainha tocar, logo ela imaginou quem seria.

- ALANEEE! - Ao abrir a porta, a moça praticamente pulara em seu colo. Era Bia, tinha que ser a Bia.

- Biatrix! - A paraense a abraçou de volta, enquanto Anny pegava as duas caixas de pizza da mão da paulista.

- Temos muita coisa para conversar hein! - Beatriz falou enquanto entrava, colocava sua bolsa em cima da mesinha de centro e se sentava no sofá.

Alane hiperventilou, de um jeito ou de outro ela teria que contar para as amigas de sua tarde com Fernanda Bande.

- Vamos mesmo, começa aí Lane, você que deu perdido na gente hoje a tarde toda! - Anny disparou enquanto abria as embalagens e pegava um pedaço da pizza portuguesa.

- Ah, eu só saí com uma amiga... - Explicou superficialmente, terminando de limpar a geladeira e a fechando.

- Amiga, é? Que amiga é essa que eu não tô sabendo?! - Beatriz questionou e logo Anny se ligou no que estava acontecendo.

- Acho que eu sei quem é! - A mineira disse com um uma expressão brincalhona, enquanto Alane tentava esconder seu sorriso tímido e Bia as olhava confusa.

- Essa amiga tem nome, sobrenome e um cabelão liso, brilhoso e extremamente cheiroso, Bea. - Ela traduziu para a amiga, fazendo com que ela arregalasse os olhos e Lane soltasse uma gargalhada.

- FERNANDA BANDE?!

Alane a lançou um olhar de dúvida e , como se quisesse deixar no ar um "talvez".

- Eita dona Lane, conte tudinho, o que vocês fizeram? Teve beijo? Teve coisas além do beijo?! - Beatriz perguntou curiosa.

- Não né, endoidou? Eu conheci a menina ontem gente. E, eu sou hétero. - Ela respondeu.

- Ai amiga, você tem certeza que é hétero? Tipo, de verdade mesmo? - Anny questionou.

Essa pergunta fez Alane ficar pensativa por uns minutos, ela nunca havia beijado uma menina antes, nunca tinha tido essa vontade, mas Fernanda lhe despertava um desejo incomum.

- Bia, vem cá, me beija! - Ela levantou, indo em direção à paulista, que a olhou confusa.

- Que é isso amiga?!

- Eu preciso saber se eu gosto de mulher ou não. Me beija vai, por favor! - A garota praticamente implorava.

- Sai Alane, ficou doida irmã?! - Bia empurrou a amiga de cima.

- Como eu vou saber se eu gosto de mulher ou não? Eu nunca nem beijei uma na vida... - Lane se sentou no chão e suspirou, a garota se sentira frustada.

- Ei, meu amor, calma, tudo tem seu tempo. Não é atacando a Bea que você vai saber que gosta ou não. É um processo, tipo a metamorfose das borboletas, sabe? Quando for pra acontecer, vai acontecer, e aí você vai descobrir se gosta ou não. - Anny a tranquilizou, enquanto se abraçavam.