A Filha de Poseidon

Capítulo 88: Intuição

As vozes se silenciaram e não foi por intervenção minha, meu coração começou a bater rápido e o sistema nervoso se preparando para bater ou correr. E certamente não sou de correr, então, os sentidos de semideusa começaram a entrar em ação: os músculos se contraíram levemente preparados para movimentos repentinos com força e velocidade, as pupilas se dilataram ampliando minha visão, minha audição captando cada minuta do ambiente e cérebro a todo vapor num extinto letal de sobrevivência.

Apavorada, querida? Acho que vou chama-lá assim de hoje em diante. Sua intuição é mesmo fenomenal! Saber que algo está errado em segundos é um instinto para poucos! Não se fazem mais semideuses como antigamente...

"Não!" Eu vociferei, cortando o ar em um X com minhas espadas gêmeas, minha aura natural emanando do corte. "Não vou permitir que você invada a minha mente de novo! Eu não sou mais aquela menina medrosa!" Declarei seriamente.

"Olha ela... acha que está crescida! Você até pode dizer isso mas, vou provar que você tem a mesma mente fraca de sempre!" Oceano gargalhou ruidosamente.

Eu vi meu pai, meu tio e Alec no topo de um morro. Eu apontei minha mão com a palma estendida.

"Não. Deixem isso comigo! Só mais um pouco. Preciso de comprovar algo que estou pensando." Falei calmamente apesar estar com a mesma expressão séria.

"Maya..." Meu pai começou.

"Por favor." Eu pedi. Ele olhou para Hades que meneou a cabeça e então, ele assentiu.

Alec olhou para eles incrédulo, ele estava agoniado. O que não é de se admirar já que ele não contemplou o meu diálogo com Hades. Só eu sei o quanto essa conversa abriu minha mente e me fez encarar a realidade: eu nunca estou sozinha! E tenho pessoas maravilhosas para me ajudar.

"Não demore muito." Ele pediu, seu olhar era de preocupação. "Eu não estou conseguindo acessar nossa ligação, algo está me bloqueando. Então, grite se precisar de ajuda!" Ele falou ansioso e nesse momento, ouvimos um estrondo.

Era a risada de Oceano misturado com seu ataque que vinha de baixo. Eu pulei, sobrevoando e disse:

"Não se preocupa! Se precisar eu chamo vocês. Deixa só eu curti esse momento mais um pouquinho." Sorri arteira, apesar de estar com atenção voltada a Oceano.

"Tem que ser filha de mim, mesmo!" Exclamou meu pai que sorriu dramático.

Eu desliguei minha mente das distrações e foquei nos últimos minutos que teria de luta contra Oceano. Algo me falava que ele estava armando alguma coisa e se minha teoria estiver certa, não vai ser nada legal!

Oceano ria loucamente parecendo estar louco, seus ferimentos sumiram e senti concretamente o seu poder aumentar. Ele se agigantara ainda mais perto de mim, se isto é possível. Eu só esperava que eles confiassem em mim e não intervissem antes do tempo.

Então, algo chamou minha atenção. Um brilho surgiu serpenteando seu corpo e era da mesma coloração da minha aura. Meu semblante ficou mais sério e adquiriu um aspecto enfurecido ao constatar que eu estava certa: Oceano absorveu meus golpes e acumulara todo o meu poder mágico dentro de si, inclusive o da minha Fúria.

Essa luta vai ser divertida!

"Sério mesmo que você está tão acabado que absorveu todo meu poder mágico para conseguir continuar lutando?" Eu debochei travessa. "Isso não poderia ser mais humilhante para você Oceano!" Eu gargalhei chamando sua atenção e sendo um alvo marcado da sua cólera.

E era justamente isso que eu queria!

Venha me pegar se puder!

Disparei a correr já recebendo o impacto indireto de uma enxurrada de seus golpes. O mais engraçado era que parecia se repetir a nossa primeira luta: ele em sua forma magistral e eu tentando me defender da sua imensidão. Só que agora eu estava num modo mais tipo: perna para quem te quer em busca de correr paras montanhas e salvar minha vida.