Antes de você - Livro 3

Ele mexe comigo

– Conta logo.

– Prometa primeiro. Não é para contar nem mesmo para Nanda ou a Ivy.

– Meu Deus, então é bafão mesmo.

– Jessye...

– Está bem Belinda, eu prometo, agora conta logo antes que eu tenha um derrame de tanta curiosidade.

Diminui a velocidade e soltei um grande suspiro antes de falar a verdade. Nossa como era difícil falar isso em voz alta.

– Fiquei com Kadu. Pronto falei.

– O quê? – Jessye falou tão alto que até pisei no freio sem querer.

– Isso que você ouviu e não vou repetir. – falei voltando a dirigir, mas sem olhar para minha amiga.

– Você está me zoando né? Tipo, está brincando?

– Jessye, você acredita que eu brincaria? Ainda mais em se tratando do Kadu?

– Ai. Meu. Deus! – vi Jessye levar as mãos á boca. – Quando isso aconteceu? Hoje?

– Não.

– Claro que não foi hoje, por que quando vocês se encontraram o clima já estava pesado. Então deve ter sido antes.

Se eu não estivesse tão nervosa, eu riria das suposições de Jessye.

– Me conta tudo. Quero saber como, quando, onde e por quê.

– Cristo Jessye, quantas perguntas.

– Não ouse me esconder mais nada. Escancara as portas do seu coração.

Não pude conter o riso.

– Ok, vou contar por que preciso dividir isso com alguém.

– Vocês transaram?

– Jessye! – falei surpresa com sua pergunta.

– Ué, foi apenas uma pergunta. Sim ou não?

– É claro que não. Nós só nos beijamos e...

– Teve pegada? Ele é bom?

– Vai me deixar contar o que aconteceu ou vai ficar aí supondo?

Jessye fez um gesto como se estivesse passando um zíper na boca.

– Por favor, continue.

– Rolou um clima na festa que ele deu para Nick e Nanda. Eu nem sei como tudo começou, em um momento estávamos dançando e no outro...

– Estavam dando uns amassos.

– Quer terminar a história por mim?

– Não, pode continuar, eu só estava pensando alto.

– Continuando. Perdemos o controle. Acredito que nenhum dos dois estava raciocinando direito. Se o telefone dele não tivesse tocado, teríamos ido até o final.

– Que seria?

– Precisa perguntar?

– Que droga.

– Ainda bem que ele tocou, assim pude recobrar meu juízo. Aquela noite é algo que eu tento esquecer a todo custo.

– Foi tão ruim assim que você quer esquecer?

– Jessye, você conhece o Kadu tão bem como eu. Ele em namorada, mas adora ter uma sobremesa por fora. Você viu o que aconteceu com a Nanda.

– O namoro dele ainda é algo que eu não entendo. Ele pode ter qualquer uma, quer dizer, ele ainda tem qualquer uma.

Olhei feio para Jessye.

– Calma, eu não quis dizer que você é qualquer. Você entendeu o que eu quis dizer, mas mesmo assim não deixa a Babi.

– Você falou tudo. Ele pode ter qualquer uma e ainda voltará para a namorada. Eu não serei uma de suas aventuras. Eu não quero isso para minha vida. Além do que ele é irmão do Nick.

– Vamos esquecer o Nick por um momento. Se eles não fossem irmãos, e se Kadu não te lembrasse o tempo todo o que viveu com Nick, ele teria alguma chance?

– E onde a Babi ficaria nessa história?

– Vamos supor... Se Kadu fosse solteiro?

– Ainda assim não rolaria.

– Por que não?

– Por que não temos compatibilidade.

– Ainda não é um grande motivo.

Soltei um grande suspiro antes de falar.

– Por que apesar de ficar falando que não estou procurando o príncipe em seu cavalo branco, eu estou. Quero alguém que se doe, que se entregue total em um relacionamento, ok? Você consegue enxergar o Kadu nesse perfil?

– Não.

– Então é por isso que não quero mais falar sobre isso.

– Tudo bem.

Jessye ficou calada por alguns segundos antes de voltar a falar novamente.

– Eu não tinha ideia de que você queria algo assim para sua vida.

– Toda garota quer isso. Quero ter alguém a quem possa compartilhar coisas idiotas do dia. Quero um amor como o dos meus pais.

Jessye não comentou mais nada até chegarmos em casa. O lugar estava um silêncio completo, também pelo horário, todos já deveriam estar dormindo. Pensei que Jessye fosse dormir comigo, mas ela falou que iria falar com Rafael. Pelo que entendi, ele estava chateado por ela ter ido à festa do Kadu sem ele.

Relacionamento era algo tão complicado de se entender, mas que eu queria passar por isso. Será que ainda demoraria em aparecer alguém que me tire de órbita? Que vire meu mundo de ponta à cabeça? Alguém que só tivesse olhos para mim?

Entrei no quarto e caí direto na cama. Fiquei repassando a cena no quarto do Kadu tantas vezes que se fosse um CD, já estaria ralado. Mais uma vez eu cedera ao seu toque.

Eu seria hipócrita se falasse que não fiquei mexida. Eu estava sentindo seu toque em todo o meu corpo.

Eu tinha que esquecer ele. Já sofrera pelo Nick. Não deixaria acontecer o mesmo com Kadu. Não nasci para ser a outra, e sim a única. Kadu era o cara errado em todos os sentidos. Manter distância dele seria minha melhor opção.

Só então me lembrei da aposta. Foi uma grande burrice da minha parte entrar em um jogo que Kadu tem pós-graduação.

Levantei-me da cama para colocar meu pijama. Queria tirar a camisa de Kadu e esquecer o que quase acontecera se ninguém tivesse nos interrompidos. Troquei de calcinha, joguei a camisa no cesto de roupa suja e depois voltei para minha cama.

Esperava muito que o sono fosse meu amigo e que não demorasse muito a chegar.