03 • PRIMADONNA

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"A vida de diva, a ascensão e queda

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"A vida de diva, a ascensão e queda. Você diz que sou meio difícil. Mas a culpa é sempre de outra pessoa. Pode contar comigo para me comportar mal. Vivendo a vida como se estivesse num sonho. Eu sei que tenho um grande ego. Eu realmente não sei porque isso é tão importante, no entanto... Eu sou triste ao extremo. Todo dia é uma chateação".


Saí do chuveiro com uma toalha ao redor do corpo. Puxei pela memória o porquê de estar tão agitada, mesmo depois de um banho quente e relaxante, porém, tão enevoado quanto o ambiente estava ― por conta do vapor ― meus pensamentos também pareciam ir e vir numa espiral confusa. Soltei um longo suspiro e me posicionei em frente ao espelho.

Tive que passar as costas da mão algumas vezes sobre à superfície para finalmente enxergar, e assim que o fiz não consegui evitar: novamente minha boca se abriu em espanto.

Já estava se tornando repetitivamente desconfortável.

― Mas o que... É isso? ― minhas mãos trêmulas foram direto para os fios em minha cabeça, muito maiores em comprimento do que eu realmente me lembrava.

Digo, eu não tinha cortado o meu cabelo há pouco tempo? Em uma tarde ensolarada de sábado em que Cami's e eu demos a louca e resolvemos mudar o corte, assim do nada, para ver se a vida ficava mais agitada. E não era só isso. Com os fios abaixo dos ombros, em um estilo completamente volumoso, eu ficava parecendo muito mais nova do que realmente sou, além é claro de um pouquinho bagunçada, numa vibe meio surfista, meio rock star, que não fazia muito sentido.

Estranhamente eu podia jurar que estava vendo a mim mesma como uma adolescente desajeitada e cheia de vida, e não uma adulta atolada em preocupações.

― É como se eu... Ah, qual é? Eu não tenho mais dezesseis anos ― quanto mais eu me encarava, mais difícil ficava de acreditar.

Não que com vinte e um anos nas costas eu me lembrasse de ser realmente muito velha e madura, mas como adolescente eu sentia falta de poucas coisas. E, definitivamente, os hormônios alterados mais do que o normal não era uma delas.

― Isso é uma espinha? ― cutuquei a parte interna do meu nariz, visivelmente inchado. ― Não...

E choraminguei feito uma criancinha mimada depois disso. Quando eu começava a achar que tinha superado as espinhas internas no nariz, eis que elas me agraciavam novamente com sua presença nessa que tinha tudo para ser a mais terrível e louca viagem no tempo.

― Sinceramente, eu tinha mesmo que ser trazida 'De Volta Ao Passado' com todo o pacote desagradável? ― encarei o teto muito branco como se ali, em um banheiro comum, alguma entidade pudesse me ouvir.

Eu esperava mesmo que pudesse, e que de preferência corrigissem esse erro. Não que eu tivesse problemas sérios de auto-estima ou desgostasse da minha aparência. Eu só acho que como qualquer outra mulher oscilar entre acordar me achando um monstro medieval ― talvez um dragão devido ao humor pouco amigável ― e em outros momentos, a própria Afrodite, é completamente normal. Mas na adolescência, ah, tudo sempre foi uma montanha-russa ainda mais desgovernada.

TWILIGHT ZONE | Jasper HaleWhere stories live. Discover now