Anjo Caído (Imagine Mello) +18

✞ Capítulo 50: Medo e Arrependimentos.

Mello 
Eu tenho medo do futuro.

Eu tenho medo do futuro e arrependimentos do passado.

S/n está dormindo feito um anjo, aconchegada em meus braços.

Ela é a coisinha mais deliciosa e preciosa que já possuí em toda a minha existência.

O cheirinho doce de seus longos cabelos, me traz uma estranha sensação de paz e tranquilidade. O oposto da minha mente, que mais parece um redemoinho. Uma névoa sombria.

Parece que quando S/n dorme, desligo boa parte do meu alerta e todo o meu caos interior entra em colapso.

Ainda tenho a porra dos pesadelos! É, eles ainda me assombram.

O caso Kira já foi encerrado há meses, mas as lembranças de tudo que fiz e vivi, estão mais vívidas quanto o sangue derramado em minhas mãos.

Maldição!

Eu não preguei os olhos.

Estou inquieto mentalmente, apesar de não mexer um mísero músculo sequer para não tirar a calmaria de S/n.

Todavia a mais nova começa a dar alguns espasmos e sua expressão denuncia algum tipo de aflição.

Ela murmura algo quase inaudível e incompreensível.

Está tendo um pesadelo.

S/n não costuma ter pesadelos, mas é bem sensível.

Acredito que nossas almas estejam ligadas pra caralho!

Ouso dizer que sentimos a dor um do outro. E por ela está agarradinha em mim, seu inconsciente deve ter detectado minha inquietude mental.

Acaricio suas costas numa tentativa de acalmar seu inconsciente. Ela acorda com seus olhos umedecidos por lágrimas involuntárias durante o pesadelo. Aconchegada em meu peitoral, ela olha pra mim.

— Eu tive um pesadelo horrível, Mello…
Sonhei que a Takada conseguiu escrever seu nome naquele pedaço do caderno e… — Engoliu em seco — Você estava no fogo e Matt tinha sido baleado de uma forma horrível, horrorosa, cruel… — Mais lágrimas escorrem em seu rostinho.

— A sensação de te perder é dilacerante! Foi um pesadelo, Mello, mas o aperto, a angústia, está tão palpável, tão real… Eu não suportaria perder você, Mihael…

Acarinho seu rostinho, limpando um pouco das lágrimas que escorriam, com meu polegar.

— Você é o antídoto da minha dor, S/n. Mas se eu te perdesse, pode ter certeza que não existiria porra de remédio algum capaz de me curar. Minha dor seria eterna.

Ela fechou seus olhinhos e lágrimas quentes escorreram em seu rostinho. S/n se agarra mais em mim, mais do que ela já estava, e eu a apertei mais contra meu corpo.

Então é assim que nos sentimos quando amamos alguém incondicionalmente…

— Eu tenho medo de morrer sozinho, S/n. Nos dois sentidos… Tanto de estar sozinho no momento tanto de não ter ninguém pra ficar de luto… Ser órfão é uma droga!

S/n
Mello me abraça. É uma sensação tão boa ficar assim com ele… de paz, de aconchego, de segurança. Eu o amo.

— Mello… quando você saiu por aquela porta se aliando a máfia, eu chorei todas as noites…

Mello
Senti uma pontada no coração — Eu pensava em você todo maldito dia, S/n! Eu não queria admitir, seja lá por qual porra de motivo, orgulho talvez, mas… eu já te amava.

— É claro que eu ignorei mais esse sentimento, eu achei que só podia existir ódio e raiva dentro de mim, mas ter ficado tanto tempo longe de você me fez enxergar que não.

— E quando entrei por aquela porta, com parte do meu rosto e corpo queimado, e vi você… vi seus olhos demonstrando tristeza e preocupação, mas alívio ao me ver, eu me senti em casa, porque um lar para mim, é onde você está.

— Você cuidou de mim, S/n. Você viu as minhas piores versões, e não me julgou! Claro, me repreendeu, nunca concordou mas também não me abandonou… E eu te agradeço por isso. Eu te agradeço por me entregar seu coração, porque você já tem o meu… você me tem de corpo e alma.

— E não existe buceta alguma nesse mundo capaz de superar você! Você é o conjunto da obra, eu ganhei na porra da loteria!

— Você é muito mais do que um dia eu acreditei que poderia ter. Que eu merecesse ter.

— Caralho! Eu nunca abri meu coração desse jeito… — Olhei para S/n que estava com os dois olhos arregalados, totalmente imersa no que saia da minha boca.

— Isso foi tão amável, Mello… tão doce, tão sincero, tão honesto, estou orgulhosa de você, Mihael — Acariciou meu rosto marcado — Eu te amo.

O fato é que não dá para apagar o meu passado.

Tenho arrependimentos e terei que conviver com eles nos restos dos meus dias.

E apesar do medo do futuro, eu sou feliz no presente.

O futuro é incerto.

A única certeza que tenho, é que não existe um futuro para mim, sem S/n.