Capítulo 12 O GOSTO DA DERROTA (2° parte)

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Deserto de Gobi, a Muralha - Jiankou, China
Ano 1526

Abaixo da Grande Muralha, sobre as areias do deserto, o líder dos guerreiros hunos, Khar Takhal observa o horizonte parecendo aguardar alguma coisa.

Ele veste uma grossa armadura onde os ombros, peitoral e costas são protegidos por uma camada de chumbo e couro prensado. Um cinturão com uma grande fivela redonda de cobre com símbolo da dinastia Khan envolve sua cintura e prende uma grande espada que repousa sob uma bainha de madeira. Um grosso manto de pele de urso cobre suas costas e ombros.

Logo atrás, uma figura trajada de um longo e desgastado manto e capuz que se apresentou como Mhog Zorah e alguns guerreiros, esperam parados. A noite é fria e silenciosa e parece contribuir para a tensão do momento.

Um guerreiro se aproxima por trás e lhe fala quando chega próximo.

— Está feito, meu senhor. Matamos todos os soldados da muralha aqui em Jiankou e enviamos 200 homens por dentro dela, daqui a Datong e Niangziguan para silenciar os guardas e soldados e impedir que avisem os exércitos que estão nas outras províncias. O restante dos homens aguardam ansiosos pra atravessar a muralha e se juntar a nós.

Takhal assente com a cabeça e o guerreiro se retira. Ao voltar sua atenção para o horizonte, ele vê cinco cavalos vindo em sua direção.

Em poucos minutos, Narat e mais quatro guerreiros chegam até eles, e descem de seus cavalos assim que param. Narat puxa uma espada sob a bainha da sela do seu cavalo, se ajoelha diante de Khar Takhal e estende as mãos lhe oferecendo a espada.
Takhal pega a espada e sorri quando a suspende na altura dos olhos e observa o brilho de seu aço azulado. Enquanto isso, Narat lhe passa o relatório de sua missão.

— A casa do general Fei Huang está completamente destruída e sua filha e empregados estão todos mortos.

— Onde estão os outros? — pergunta Takhal ao se referir ao restantes dos guerreiros que foram com ela.

— A garota... a filha do general possuía bastante habilidades... mas eu dei um jeito nela.

Takhal olha desconfiado pra Narat enquanto guarda a espada na bainha e prende em seu cinto. Ele então se vira e caminha até o forasteiro que observa tudo em silêncio. Ao se aproximar, Khar Takhal retira o amuleto de uma pequena bolsa nas costas, presa ao cinto e oferece ao homem.

— Muito bem, bruxo... está na hora de me ser útil.

Mhog Zorah ergue um pouco a cabeça e seus olhos cinza claro brilham sob a sombra do capuz. Ele sorri e estende a mão para pegar o amuleto, mas Takhal fecha a mão o impedindo de pega-lo.

— Lembre-se bem, bruxo... não haverá magia no mundo que me impedirá de mata-lo lentamente, se tentar me enganar.

Mhog Zorah sorri e assente com a cabeça.

— Certamente...

Assim que pega o amuleto, o cristal vermelho ascende e começa a brilhar intensamente. Mhog Zorah abre o manto e encosta o amuleto em seu peito, e o brilho do cristal parece consumir todo o seu corpo. A claridade aumenta e ofusca a todos que o observava. Khar Takhal, Narat e os hunos se afastam assustados sem entender o que está acontecendo.

Repentinamente a claridade desaparece e a escuridão volta a dominar. Todos olham assustados para Mhog Zorah e percebem uma mudança. Antes encurvado e usando um cajado para se apoiar, agora apresenta uma postura ereta e firme. O manto aberto revela um peito revestido em parte por uma liga metálica, e o amuleto, encaixado no centro, mantém o cristal com um brilho avermelhado pulsante. Ele retira o capuz e seu rosto aparece totalmente diferente... sem as marcas de queimadura e as partes deformadas, sua aparência ganha um aspecto jovem e vigorante. A cor dos seus olhos mudam e passam a brilhar como o cristal em seu peito.

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