TIME ANGELS

Capitulo 11 O GOSTO DA DERROTA (1° parte)

Wuhan - Tianjin
China
Ano 1526

---------- Mei Li ----------

O medo é uma das principais e mais eficaz arma de um shinobi. E existem muitas formas de provoca-las em seu inimigo... uma delas é usando o ilusionismo e a teatralidade. Artifícios para confundir a mente ou explorar a crença no sobrenatural.

O uso de máscaras de demônios ou criaturas assustadoras, bombas de fumaças, dardos de veneno alucinógeno e a habilidade de usar as sombras para se esconder ou camuflar, funcionam muito bem na maioria das vezes.

O medo e o desespero causado por esses meios é motivador e facilita o combate.

A dor também é um artifício usado por muitos shinobis. A tortura física ou emocional pode derrubar o mais poderoso guerreiro. Mas eu não gosto de usar... acho baixo, e desprovido de honra. Quanto mais rápido uma pessoa ruim sair deste mundo, melhor para todos. Por isso não perco meu tempo com torturas.

Soube que alguns criminosos voltaram a aterrorizar alguns vilarejos próximos a Wuhan. Provavelmente não devem ter ouvido falar do que aconteceu com os últimos...

Sei que prometi ao Pong, Liu Chen e meu pai que não faria mais isso... mas não consigo ficar parada sem fazer nada, enquanto pessoas inocentes e indefesas sofrem nas mãos desses desgraçados.

A situação entre eu e meu pai não anda muito boa... a gente não tem se falado desde a invasão à muralha. Quer dizer, as vezes eu percebo que ele tenta se aproximar e dizer algo, mas eu é quem me afasto ou arrumo uma desculpa qualquer. Ao que parece ele não acha mais que fui eu quem invadiu e roubou aquele amuleto da muralha, mas sim o sensei Hanzô. Ao que tudo indica, meu pai acreditava mesmo que ele estava morto, e deve estar se sentindo mal por me acusar e por não estar aqui para me proteger dele.

Mas a verdade é que eu o estou evitando por vergonha... eu menti pra pessoa mais importante pra mim... e me odeio por isso.

Por causa de Sasaki Hanzô meu pai redobrou a guarda da casa e ordenou que me mantivesse confinada e vigiada. Mas fica difícil fazer isso quando essa pessoa, além de ansiosa e inquieta, consegue se deslocar entre as sombras.

E além de Hanzô, ainda há a ameaça da invasão dos hunos. A essa altura meu pai já sabe que o Peste Negra está de posse do misterioso amuleto. Havia uma suspeita que eles invadiriam durante o festival da lua. Por isso, meu pai reforçou a guarda da muralha, Tianjin e Pequim e cuidou pessoalmente da guarda do imperador.
Mas já se passaram três semanas desde o festival e nada. Há rumores que desistiram e voltaram para a Mongólia.
Mas meu pai não acredita nisso, e mantém o exército em vigilância. Ele está no palácio junto a guarda Imperial e já tem duas semanas que não o vejo...

Neste momento, acabei de sair de um dos vilarejos próximos a Wuhan e estou perseguindo um dos criminosos que conseguiu escapar. Pra minha sorte, esses idiotas só agem a noite... Tinha o costume de permitir que ao menos um escapasse para espalhar aos outros a meu respeito. Mas estou cansada de dar chances a esses imbecis.

O céu está sem nuvens facilitando que a lua cheia ilumine sem impedimentos. Mas o sujeito tenta escapar entrando no meio de uma floresta, e eu agradeço. A densa folhagem das árvores bloqueiam a luz da lua, permitindo que ela penetre timidamente em apenas alguns espaços.

Ele corre desorientado e nervoso, claramente sem saber pra onde ir, enquanto tromba em árvores e galhos que a escuridão esconde. A todo momento ele olha pra trás em pânico, pois sente que alguém o está perseguindo.

Eu me desloco entre as sombras passando diversas vezes próximo a ele para deixa-lo ainda mais apavorado. Eu pulo entre os galhos altos das árvores acima de sua cabeça. Pareço estar em diversos lugares ao mesmo tempo, pisando propositalmente em galhos e folhas secas e fazendo sons estranhos.