Capítulo 6 O PESTE NEGRA

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Deserto de Gobi - Sul da Mongólia
Ano 1526

O vento quente e árido corta o deserto soprando as inúmeras dunas de areia em direção ao leste. As sombras das montanhas que cercam o planalto rochoso, se espalham lentamente, a medida que o sol desce. Após mais um dia de calor escaldante, diversos animais que habitam o deserto aproveitam o refúgio que as sombras oferecem para se alimentar e caçar.

Um grupo de cavalos selvagens correm livremente enquanto antílopes e camelos se alimentam das vegetações rasteiras naquela região. Escorpiões e serpentes percorrem as rochas e as areias quentes em busca de presas fáceis.

Vindo do norte, quatro homens em seus cavalos cruzam o deserto em alta velocidade em direção às montanhas e vales rochosos. Eles entram em um desfiladeiro e percorrem um pequeno trecho até chegar a uma rede de cavernas e grutas. Assim que param seus cavalos, uma nuvem de poeira que acompanhava seus rastros, enfim os alcança e envolve a todos, encobrindo rapidamente o local onde estão, até ser dissipada pelo vento.

De repente, diversos homens surgem acima das rochas onde estão as cavernas, portando arcos e flechas e vigiando o grupo que acabou de chegar. Após descer dos cavalos, eles entram em uma das cavernas. Lá dentro, várias tochas estão espalhadas nas paredes rochosas e pequenos postes, permitindo que seu interior esteja bem iluminado. A caverna é enorme, e se estende e se alarga por vários metros, demonstrando ser bem maior do que aparentava ser.
Em meio às fendas e estalactites do teto, morcegos voam desorientados tentando evitar a claridade das chamas e da agitação que ocorre embaixo. Pequenas goteiras descem do teto formando poças d'água em alguns pontos da caverna. Vozes ecoam em seu interior e ao se aproximar, percebe-se que várias pessoas estão reunidas ali dentro. Estima-se que aproximadamente mais de 400 pessoas. A vasta maioria são homens, portando lanças, espadas, escudos e arco e flechas.

Considerando a forma como todos ali estão vestidos, fica evidente que não são pessoas comuns. Suas vestimentas consiste em uma túnica de linho e um capote de pele de ratos silvestres costuradas. Usam calças largas de linho ou peles de camelo ou ratos. Suas botas e chapéus são de couro prensado, revestidos com lã ou linho.
Roupas tradicionais de tribos mongóis.

Mas a forma como se comportam e falam, revelam que estes são mais do que meros tribais... São nômades. Guerreiros hunos.

Os hunos excedem em ferocidade e barbárie praticamente em tudo o que fazem. Vivem como animais... Não cozinham nem temperam seus alimentos. Vivem de raízes selvagens e de carne amaciada sob a sela de seus cavalos. Ignoram o uso de arado, bem como o de habitações sedentárias, casas ou cabanas. Eternamente nômades, são acostumados desde a infância ao frio, à fome e à sede.
Um povo acostumado a vitórias desde que Atila e Gengis Khan os lideravam em batalhas.

Séculos se passaram desde que foram expulsos de uma das suas principais conquistas: a China. A dinastia Ming foi a principal responsável pelo banimento dos Hunos de suas terras, forçando-os a se espalharem por toda a Mongólia e algumas regiões europeias.

Mas reza uma profecia huno que um grande guerreiro, tão habilidoso como Atila e tão poderoso quanto Gengis Khan, renascerá e fará com que eles sejam vitoriosos novamente, reconquistando o que foi perdido, e exercendo domínio sobre toda a Ásia e Europa.

Ao fundo da caverna, numa parte um pouco elevada e sobre as sombras, uma figura repousa sentado em um trono esculpido de uma rocha. Atrás do trono grotesco, enormes estalactites formados do teto e rochas pontudas saídas do solo, se cruzam e criam o formato de presas semelhantes a alguma fera monstruosa.
Os hunos o seguem e o consideram seu líder. O guerreiro profético que reerguerá seu povo das cinzas e os caminhará ao êxito por meio das batalhas que os consagraram como os mais temidos em todas as guerras já travadas.

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