SARADA

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POR SASUKE UCHIHA

Odeio a chuva!

Simplesmente odeio.

Mas, nem sempre foi assim.

Durante a minha infância, eu amava dias como esse, em que a chuva costuma cair por vários dias consecutivos, trazendo consigo, o cheiro inconfundível de terra molhada, e, da sopa de tomate que mamãe costumava fazer, para nos manter aquecido do frio.

Enquanto a chuva caía do lado de fora da nossa casa, eu, mamãe, e Itachi, nos reuníamos diante da lareira, enquanto papai contava histórias vividas durante suas missões. Era tão divertido, e empolgante, ouvi-lo narrar suas missões por horas a fio, que eu até conseguia esquecer, do quanto o barulho das tempestades me causavam verdadeiro pavor.

Porém, depois que perdi minha família, dias como esse, costumam despertar lembranças na minha mente, das quais eu não quero recordar. Infelizmente, o cheiro de terra molhada, foi substituído, pelo cheiro asqueroso do sangue derramado das pessoas que eu mais amava. 

E, se antes os dias chuvosos, serviam para fazer o Sasuke criança perceber, o quanto era abençoado por ter uma família tão incrível, eles agora, servem apenas, para esfregar na cara do Sasuke adulto, o quanto sua vida é miserável, e o quanto ele está ... sozinho.

Talvez, por estar tão sozinho, que estou nesse momento, vendo a minha família reunida mais uma vez, em volta dessa mesma lareira. Papai está novamente, relatando uma de suas missões, enquanto estou no colo de mamãe, sendo afagado por suas delicadas mãos.

Olho ao redor, e vejo o quadro da nossa família pendurado na parede em cima da lareira. Os sofás continuam os mesmos, a mesa de jantar, também, ainda é a mesma que mamãe tanto tinha o prazer, de encher de comida durante nossas refeições.

A risada do Itachi, a voz do meu pai, o carinho da mamãe. Tudo parece tão ... real.

Parece, mas, sei que não é real. 

Tudo o que vejo nesse momento, não passa de uma lembrança escondida no fundo do meu subconsciente. 

Meus pais morreram... O Itachi os matou... E, eu matei o Itachi.

Aos poucos, a imagem que antes era de uma família feliz reunida na lareira, fora substituída, pela imagem de uma casa vazia, sem móveis, sem família, e, sem... vida. Essa é a minha verdadeira vida. Eu estou sozinho. Não tenho mais meus pais, nem o Itachi comigo. Essa é a realidade do que se tornou Uchiha Sasuke.

Olho desesperado para a frente, e encontro o Sasuke de oito anos, parado no meio da sala vazia, encarando a sua pior versão... eu. Ele olha para mim com olhos que choram, olhos repletos de dor, acusação, olhos que me condenam.

Quero lhe perguntar o porque de ele está chorando tanto, porém, a forma com que ele me encara, me deixa desconfortável, envergonhado, e ... culpado. 

A culpa é minha. Eu sou o motivo que o faz chorar. Eu sou o monstro que destruiu, tudo de bom que um dia ele possuiu.

_ Desculpa Sasuke. Eu não queria... Sinto muito.

Deixo cada palavra escapar da minha boca, como se fossem um uivo de desespero. Lágrimas grossas descem dos meus olhos, enquanto obrigo as minhas pernas a se moverem, para irem de encontro a minha versão criança, que continua chorando incontrolavelmente.

Mas, antes que eu consigo dar um passo sequer, ele para de chorar, transforma sua expressão, que antes era de dor, para puro ódio, me olha fixamente, estende seu braço na minha direção de forma acusatória, e pronuncia as piores verdades que já ouvi na vida:

AINDA HÁ ESPERANÇA PARA A FAMÍLIA UCHIHA?Where stories live. Discover now