DESPERTAR

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POR UCHIHA SASUKE

Encaro o crepidar da lenha seca sendo queimada pelas altas chamas da fogueira, e observo as faíscas que saltam em chamas rapidamente virarem cinzas ao tocarem no chão.

A imagem à minha frente, me fazem recordar a última conversa que tive com o Naruto, na qual ele insistia para que eu fosse visitar a Sakura na ala psiquiátrica, enquanto eu me negava a fazer isso.

Na tentativa de me persuadir, ele decide citar como exemplo um pedaço de carvão que estava na nossa frente, referindo-se ao fato de o mesmo virar Braza ao ser lançado na fogueira acesa, e que quando é retirado da mesma, volta novamente a ser apenas carvão.

Sem conseguir compreender suas palavras, o questiono sobre suas intenções, e ele me responde com as seguinte explicação:

"Sasuke, assim como o carvão precisa da fogueira para ter luz e calor, você da mesma forma, precisa da Sakura para obter as mesmas coisas. Sendo assim, sem o amor da Sakura-Chan na sua vida, você nada mais é que um pedaço de carvão apagado e sem luz".

Lembro de não ter dado muito importância ao que ele disse na época, porém, agora ao observar a fogueira a minha frente, suas palavras parecem fazer todo sentido, tendo em vista que durante esses anos em que estou longe dela, me sinto como um verdadeiro pedaço de carvão, que não possui utilidade sem sua fogueira.

Da mesma forma sou eu sem ela, não consigo ter vida própria e nem me sentir aquecido, mesmo estando tão próximo ao fogo, nada consegue me transmitir o calor necessário.

A incerteza de como será a nossa relação quando eu retornar para a aldeia, me deixa inquieto, inseguro, agitado.

Tenho medo de que ela e a Sarada se sintam bem com a minha ausência, que as duas percebam que não precisam de mim para nada, e que eu não possuo utilidade alguma em suas vidas.

Esse tipo de pensamento auto depressivo é um dos principais motivos que me fazem adiar tanto o meu retorno a Konoha, e mesmo sabendo que minhas ações irão resultar em graves consequências, ainda assim, escolho ser um covarde ao não encarar os meus problemas de frente.

Todavia, tenho plena consciência de que não poderei continuar fugindo para sempre, e que uma hora ou outra, terei de resolver esse dilema.

E como se o destino estivesse farto da minha covardia, sou retirado dos meus devaneios ao ouvir o barulho que o falcão mensageiro faz, ao adentrar na caverna onde estou abrigado da forte chuva que cai do lado de fora.

Imediatamente estendo o meu braço para que a ave pouse no mesmo, e logo ela o faz, desaparecendo em seguida após eu ter pego o bilhete.

Abro o pedaço de papel e lanço meus olhos aos garranchos escritos pelo Naruto difíceis de decifrar, que em poucas palavras escreveu a seguinte mensagem: " A fogueira perdeu seu carvão, deixou de queimar e aos poucos está se apagando".

Após ler a mensagem, releio-a outras três vezes tentando não me confundir com a interpretação da mesma que fora escrita em código. E, depois de alguns minutos, sou arremessado em uma maré de desespero quase inexplicáveis, quando consigo compreender suas palavras.

Levo meus olhos ansiosos para as palavras escritas no papel, depois para a fogueira à minha frente, e sou obrigado a me escorar na parede fria atrás de mim, quando não consigo me manter em pé ao sentir minhas pernas perderem as forças.

Aperto o papel na minha mão contra o meu peito, e começo a sentir meu coração acelerar descompensadamente. Minha respiração fica mais pesada, e sinto um aperto forte no peito que me impede de controlar o fluxo de ar que vai até os meus pulmões.

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