Capítulo 53

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Prestem bastante atenção às referências e ao que está sendo dito nesse capítulo.
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Capítulo por autora

Meses depois

Entre os dias cinzentos que se arrastaram após o diagnóstico de Maya, a vida de Ayana transformou-se em tempos de sentimentos densos. As lágrimas eram frequentes, derramadas em noites silenciosas que testemunhavam a dor alojada em seu peito.

O tratamento, uma luta marcada por dificuldades emocionais, se passou não apenas nos corredores do hospital, mas também nas paredes de casa. As risadas agora eram silêncio, e a tristeza se entranhava nos momentos cotidianos como uma nuvem persistente.

No meio desse turbilhão de emoções, Ayana revisitava em flashes a força de Maya, testemunhando sua coragem nas sessões de tratamento. Cada palavra de ânimo era um conforto para a alma, um lembrete de que, mesmo em tempos difíceis, havia resiliência.

O simples ato de segurar a mão de Maya tornou-se um gesto de apoio que ultrapassava qualquer palavra dita.

A sala de tratamento parecia impregnada com o cheiro forte e pungente dos medicamentos. Ayana, apreensiva, observava o clima pesado do ambiente enquanto via Maya na cadeira, pronta para mais uma sessão de quimioterapia. O som constante dos equipamentos médicos e corredores era árduo e se tornara pesadelos reais, apenas interrompido pelo zumbido das máquinas e pelo som ocasional de um soluço contido.

Maya, corajosa e fragilizada ao mesmo tempo, encarava a batalha contra a doença. Os olhares entre as duas irmãs diziam muito sobre o momento que passavam. Ayana segurava a mão de Maya, tentando transmitir força através do toque.

-Eu só queria poder tirar essa dor de você.

-Você está aqui, isso já faz toda a diferença.

Em um dos dias mais desafiadores do tratamento de Maya, Ayana acompanhou-a enquanto ela enfrentava a difícil decisão de raspar os cabelos. Sentadas no quarto, diante de um espelho, Ayana segurava uma máquina de cortar cabelo, enquanto o olhar de Maya transparecia medo e resignação. Maya soltou um suspiro longo e disse:

-Acho que é a hora, - disse ela com uma coragem invejável. Ayana, com os olhos marejados, disse:

-Você é incrivelmente corajosa, sabia?

Maya forçou um sorriso, segurando-se em suas mãos, e assentiu agradecendo.

Ayana gentilmente começou a passar a máquina pelos cabelos de Maya, o som monótono preenchendo o quarto.

-Acho que precisava disso para sentir que tenho algum controle.

-Você continua linda, não importa o quê.

A cena de delicadeza e aceitação diante da perda capilar tornou-se uma lembrança marcante para Ayana, destacando a coragem e a força de sua irmã em meio à tanta vulnerabilidade.

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Com o restaurante novamente pulsando com vida após a reinauguração, Ayana se via diante de um paradoxo emocional. O sucesso comercial era evidente; clientes enchiam as mesas, e os elogios à culinária se multiplicavam. No entanto, a alegria profissional contrastava com a tristeza pessoal que a consumia.

Cada elogio ao sabor exímio dos pratos, ao ambiente novo e ao atendimento melhores do que anteriormente, já não enchia seu coração como antes. A cozinha a todo vapor, a administração, outrora seu refúgio e paixão, agora parecia ter a ausência de algo essencial. O restaurante prosperava, mas Ayana sentia a desconexão entre o êxito profissional e a saudade silenciosa que habitava seu peito.

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⏰ Last updated: Apr 13 ⏰

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