capítulo 43, parte 1.

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Capítulo por Ayana

📍Rio de Janeiro - 2022
🗓️ 1 semana depois

Todo mundo tem aquele dia em que você sente que está tudo errado, até o vento te deixa triste. Aí bate aquela saudade que dói. Aqueles dias em que você pensa que tomou a decisão certa, mas o coração discorda completamente? Pois é, tenho passado por isso desde aquela discussão com o Lennon. Sinto que a opção que escolhi foi a razão mais lógica que achei para nós dois, mas ao mesmo tempo meu coração diz totalmente o contrário.

Essa semana, após a segunda sessão de terapia que eu tive, ela me incentivou a fazer exercícios para ocupar a minha mente e, segundo ela, faz bem para as minhas crises. Então vim para a academia só hoje mesmo, porque sei que semana que vem eu nem volto. Quem gosta de academia é meio maluco.

Enquanto eu corria na esteira da academia, com todos esses pensamentos em minha mente, Bruna, minha melhor incentivadora, tadinha, a coitada sofre sendo minha amiga, se juntou a mim na academia. Ela percebeu minha expressão totalmente avoada e me perguntou se estava tudo bem.

- Lennon está me ignorando - respondi, desanimada.

- Desde aquele dia? - Bruna perguntou.

- Sim - respondi, levantando a cabeça buscando fôlego. Com 10 minutos na esteira parece que estou morrendo - Não posso nem julgar, mas ele tem que me entender também, cara. Eu também tô odiando essa situação toda. Não tá sendo fácil para mim, por mais que seja difícil acreditar.

Bruna assentiu, compreensiva.

- Dê tempo ao tempo, amiga. Tenho certeza de que vocês vão voltar ao normal. Você escolheu o que era melhor para você, e ele precisa respeitar isso. Mas também é compreensível que ele precise de tempo para lidar com essa situação. Estranho seria se vocês agissem como se nada tivesse acontecido - riu e eu olhei para ela.

- Indireta? - perguntei e dei risada.

- Não foi indireta, juro.

- Bruna, é como se eu fosse a razão e ele a emoção. Ele representa a emoção, aquela parte intensa e impulsiva que tá sempre disposta a arriscar, enquanto eu sou a razão, a parte cautelosa que analisa cada passo antes de tomá-lo. Eu sei o tanto de besteira que eu já fiz por emoção do momento, inclusive essa situação toda começou por causa da emoção do momento, o fogo no rabo daquela viagem.

- Pior que vocês dois são desse jeito mesmo. Olhando para a situação de vocês, de verdade, não tem lado certo e nem errado. Os dois estão na mesma medida, mas se não acontecesse daquele jeito, você sabe que ia acontecer depois - disse Bruna, enquanto desligava a esteira.

- É... por que a vida é assim, Bruna? Porra, se eu descubro quem é essa tal de vida, eu desço a porrada nela, na moral - suspiro, desligando a esteira.

- Ayana? - chamou minha atenção, com a mão na cintura.

- O que foi? - perguntei.

- Você tá indo aonde, minha filha?

- Estou indo embora? - falei, como se fosse óbvio.

- Ayana, ainda tem o treino de pernas.

- Duvido, tô indo embora. Estou cheia de fome, essa esteira miserável já me matou. Minha serotonina está recuperada - respondi, indo em direção ao banheiro da academia.

- Insuportável.

- Bruna, você tem uma determinação nas coisas absurda e eu admiro isso em você, mas eu não sirvo para academia.

- Foda-se, a gente vai vir toda semana. Fez a inscrição, então vai ficar!

- Vou sim, confia.

Adentrei o banheiro da academia pronta para tomar banho e trocar de roupa quando me deparei com Myllena, a mulher que estava ao lado de Lennon no aniversário dele e no pagode. Nossos olhares se cruzaram e, para minha surpresa, ela me cumprimentou com um sorriso.

Velha infância | L7NNON Where stories live. Discover now