capítulo 29

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Capítulo por ayana

📍 Rio de janeiro - 2022

Fiquei completamente paralisada, tentando assimilar em silêncio. Era possível ouvir meu coração batendo, como se a qualquer momento ele fosse parar. Eu realmente não esperava esse resultado.

- Calma, Ayana. É brincadeira.

- O quê???

- Deu negativo, eu tô brincando. - Fiquei uns segundos encarando o filha da puta na minha frente e comecei a distribuir tapas nele enquanto o xingava.

- Mano, eu estou quase morrendo aqui. - Deixei algumas lágrimas caírem. - Ai, meu Deus! Obrigada, obrigada, obrigada! - Agradeci.

Minha vida estava uma merda para poder vir uma gravidez atrapalhar. As pessoas deveriam parar de romantizar ser mãe. Ter filho é uma coisa linda para quem quer. Não que eu não queira. Eu quero ainda futuramente, talvez, ser mãe, mas não é uma meta ou alguma coisa que eu almeje tanto ao ponto de querer realizar a qualquer custo. Mas é um pensamento e exige muita saúde mental, coisa que eu não estou disposta a ceder tão cedo. Até porque nem isso eu estou tendo.

- Agora vê se se cuida, bonitona. A gente vai almoçar antes de ir pegar os outros exames ou vamos direto?

- Vamo agora e depois a gente vai almoçar. - Diego concordou, indo até o local. Avisei que não ia demorar e subi, indo direto para a sala. Já que eu tinha horário marcado, não precisaria esperar nada.

- Bom dia, doutora Camila. - Dei um sorriso.

- Bom dia, dona Ayana. Você sabe que era para você ter vindo fazer esses exames há quatro meses, né? - Chamou a minha atenção.

Uns meses atrás, eu tinha vindo reclamar com ela sobre a minha menstruação e etc., então ela me passou uma porrada de exames para fazer, mas eu não fiz por falta de tempo e interesse, já que não era tão urgente e logo depois melhorou, mas voltou de novo.

- O que importa é agora, doutora. Tá tudo certinho? - Perguntei.

- Olha só, os resultados não foram bons e existe um problema que precisamos discutir.

- O que aconteceu? - Eu realmente vi que a paz para mim não é uma opção.

- Ayana, sinto muito em ter que te informar, mas você é completamente estéril. E se você tem o desejo de engravidar, infelizmente, não vai ser possível engravidar naturalmente. - Ok, peraí, eu não estava esperando ouvir isso e, por algum motivo, isso me deixou extremamente triste. Não querer engravidar por opção é uma coisa, agora, não poder ter a escolha de ter ou não me deixou sem reação.

- Como isso aconteceu? Não tem tratamento? - Perguntei, ansiando por uma resposta positiva.

- Infelizmente não. As suas trompas são ausentes, e é praticamente impossível que um óvulo fertilizado chegue ao útero.

- Entendi...

- Mas não fica triste, não. Eu sei que receber um diagnóstico de qualquer condição é sempre impactante, mas não se limite a isso. Ainda existem outras opções, como adoção ou barriga de aluguel. - Concluiu.

- Tá bom, obrigada. Posso ir embora?

- Pode. - Deu um sorriso gentil, e eu saí da sala. Sabe quando você não sabe identificar ao certo o que está sentindo, mas sabe que não é bom? Pois bem. Entrei no carro e bati a porta com força.

- Que foi? Deu tudo certo lá? - Diego perguntou.

- Depois eu falo. Vamos embora. Quero dormir. - Diego não insistiu.

Velha infância | L7NNON Where stories live. Discover now