capítulo 18

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Capítulo por ayana

📍 Rio de janeiro - 2022
🗓️ Sábado

Senti uma sensação horrível só de estar perto dele. Pedro tentou chegar até mim, mas eu me afastei.

- Não chega perto - apontei para ele.

- Ayana, desculpa aquele dia. Eu estava muito nervoso, e eu nunca iria te machucar - disse Pedro.

- Eu não tenho nada para falar com você. Mas e você, Patrícia? O que está fazendo aqui com ele? - perguntei, e ela negou com a cabeça.

- Amiga, eu estava indo para o banheiro, e o Pedro me chamou para perguntar onde você estava, entendeu? Eu não sei nem o que esse garoto está fazendo aqui - explicou ela. Pedro olhou para ela rapidamente, mas voltou seu olhar para mim.

- Aya...

- Ayana! Para você, é Ayana. - Confesso que eu estava com medo de falar com ele, mas tentei não demonstrar.

- Vamos lá fora. Eu só preciso de 15 minutos para poder falar com você - Pedro insistiu.

Fingi que não escutei e fui passar por ele para entrar no banheiro, mas ele puxou meu cabelo, me prendendo em sua mão. Patrícia tampou seu copo de uísque na cara dele, o que fez com que ele me soltasse.

- Tá maluco, Pedro? Não viaja, caralho! Sai daqui, anda! - Patrícia gritou.

- Essa conversa ainda não acabou - Pedro apontou para mim e saiu andando.

- Nossa, que humilhação que a minha vida é, meu Deus! O que que eu fiz? - Botei a mão no rosto, tampando algumas lágrimas que insistiam em cair.

- Amiga, não chora. Calma, vem cá - Patrícia me puxou para dentro do banheiro e trancou a porta. - Vamos tirar essa bad que a noite só está começando.

Ela tirou dois pinos da bolsa, abriu, jogando na pia, fazendo quatro fileiras.

- Bora? Amiga, você está muito baixo astral. Tá merecendo ficar feliz. Aproveita que essa é da pura - ela pegou o canudo e cheirou duas fileiras.

- Puta merda - aspirou, fechando os olhos e me entregou o canudo.

Olhei para aquilo na minha frente e pensei bem... Eu tinha uma guerra acontecendo dentro de mim há muito tempo. Me sentia cada vez mais perdida. Ah, essa maldita mania de achar que consegue segurar o mundo nas mãos.

Eu precisava suprir de alguma forma todo o vazio que me preenchia. Eu buscava conforto e alívio para a minha dor. Foi aí que eu conheci a cocaína.

À primeira vista, recusei de imediato, mas as coisas na minha cabeça só pioravam, e a tentação era cada vez maior. Então, eu decidi experimentar.

A sensação de prazer e poder que a cocaína me proporcionava era indescritível. Sempre me sentia forte e confiante, capaz de enfrentar qualquer coisa, mas tudo tem um prazo, e ela era traiçoeira. Ela te leva no céu, mas no final te joga no inferno. A euforia durava pouco, e em seguida eu me sentia vazia, triste e desesperada.

Eu não era viciada, e nem usava com bastante frequência, mas tenho consciência de que, se eu continuar assim, buscando felicidade onde só existe ilusão, o final seria um só.

- Amiga, vai ficar viajando aí? - Olhei para Patrícia e, em seguida, para a fileira na minha frente, e não pensei mais. Abaixei a cabeça, sumindo com as duas fileiras em poucos segundos.

- CARALHO- levantei a cabeça, fechando os olhos, ouvindo Patrícia batendo palmas e dando um grito em comemoração.

- Olha só, vê se controla perto do Lennon. - Me arrumei em frente o espelho e saí do banheiro.

Velha infância | L7NNON Where stories live. Discover now