Capítulo 5

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P.O.V. Dulce

Dul: Christopher, é lindo!

O campo de flores de inverno estendia-se até onde minha visão alcançava, cercado por outras espécies da flora. Uma linda visão de tons de rosa, com um perfume suave misturando-se à brisa que para mim era um tanto gélida. Pequenos cristais do que sobrará do gelo de Norta brilhavam aqui e ali, refletindo no sol fraco, o que deixava a visão ainda mais estonteante:

Dul: São diascias! Nunca as tinha visto! Não crescem em Isla por causa das temperaturas quentes! Sabe como são raras? Aqui devem florescer o ano todo! - eu parecia uma criança, muito alegre em poder ver aquelas flores.

Ucker: Queria levar o crédito, mas mandei que os botânicos fizessem uma pesquisa antes mesmo que você chegasse. - ela sorriu, travessa.

Dul: Alguém andou fazendo a lição de casa.

Ucker: Um bom monarca conhece seu povo. Um bom príncipe conhece sua princesa. - suas palavras fizeram algo que nunca tinha sentido antes borbulhar do meu estômago até meu coração. Sorria como uma tola, virava como uma maçã, mas não me importava naquele momento.

Dul: É um dos lugares mais lindos que já vi na vida. Obrigada por me mostrar.

Ucker: Não estamos aqui apenas para olhar as flores.

Dul: O que quer dizer?

Ucker: São para você. O campo das flores é para você. Esse é meu presente de casamento para minha princesa.

Dul: Oh Christopher! Nunca ninguém me deu um presente tão bonito! Obrigada! Muito obrigada!

Ucker: Qualquer coisa para você, Dulce. É só me dizer, e te dou tudo que quiser. - seus dedos tocaram a ponta do meu queixo, erguendo meu olhar do campo de flores até os seus olhos. Meu coração pulsava com força, mesmo com o vento soprando, não sentia frio, pois sentia sua respiração quente cada vez mais próxima a minha. Os lábios de Christopher tocaram os meus de modo suave, seu sabor era fresco e almíscar, e me rendi em seus braços, fechando os olhos para desfrutar desse momento. Quando nos separamos, sentia o rubor em minhas faces. Ele tocou minha bochecha com as costas da mão e meu lábio inferior com o indicador. - Você é tão linda... mas o que mais me alegra é saber que é bem mais que isso.

...

Uma batida na porta à noite foi novidade para mim. Após o jantar com Christopher, nunca ninguém havia ido até meus aposentos. Gyda nem ao menos estava aqui para atender, desde que chegou dedica grande parte de seu tempo a treinar minhas futuras criadas, que trabalharão diretamente para mim quando ficar noiva de Christopher oficialmente. Não parava de pensar no beijo que trocamos naquela tarde. Havia sido meu primeiro beijo, e não esperava que fosse tão arrebatador. Sorria feito uma tola desde então, mal podendo esperar para vê-lo outra vez. Coloco meu hobby de flanela cor de pêssego e abro apenas uma pequena fresta da porta:

Dul: Christopher? - ele estava ainda em seus trajes formais do jantar, enquanto eu usava um pijama quente, propício para aquele clima que ainda me arrepiava.

Ucker: Posso entrar?

Dul: E-eu não estou arrumada... já estou de pijama.

Ucker: Eu não ligo pra nada disso. Você é bonita de qualquer maneira. - suas falas galanteadoras sempre me derretiam por dentro e por fora.

Dul: Entre. - dei passagem, apertando o hobby junto ao meu peito. Ele tinha as mãos nas costas, e, após olhar em volta do quarto, revelou uma única rosa de cor azul.

Ucker: Para você.

Dul: É linda!

Ucker: Essa foi a primeira rosa a nascer na primavera de todos os campos de gelo de Norta. Mandei que trouxessem imediatamente a você. - Isso explicava as leves gotículas nas pétalas da flor.

Dul: Ah Christopher! Você não cansa de me surpreender! Que lindo gesto! - levei a flor até meu rosto para sentir seu perfume, então olhei em volta até encontrar um pequeno jarro de cristal para colocá-la. - Obrigada. Eu vou guardar pra sempre. - ele sorriu antes de se aproximar, enlaçar minha cintura em suas mãos e tocar meus lábios com os seus.

Ucker: Na verdade, vim aqui por outro motivo além da flor. - ele sussurrou com os lábios ainda sobre os meus.

Dul: Por que mais veio aqui? - perguntei, encontrando seus olhos. Sua boca formou um lindo sorriso, e ele beijou minha testa antes de se afastar alguns passos e enfiar as mãos no bolso.

Ucker: Deveria esperar até amanhã, mas estou ansioso para te mostrar isso aqui.

O pequeno anel era de ouro, com pedras de diamantes em duas camadas por toda sua volta. Um círculo das pedrinhas preciosas também adornavam um diamante maior, ao centro, segurado por minúsculas hastes de ouro. Tendo crescido entre uma enorme riqueza, jóias não costumam me surpreender com facilidade, mas esse anel... havia algo de especial nele, era lindo como nunca nenhum outro me pareceu:

Dul: E-esse é...

Ucker: Sim. É o anel que vou te dar oficialmente amanhã. Seu anel de noivado. O que achou? Sabe que pode escolher outro, se não gostar o bastante.

Dul: É o anel mais lindo que já vi. - O sorriso do príncipe se alargou, e seu peito se estufou em orgulho.

Ucker: Não sabe como ouvir isso é importante para mim. Esse anel pertenceu à minha mãe, e não há mais ninguém no mundo em que o vejo a menos que seja no seu dedo. - Aquilo era tocante, me atingiu direto no coração.

Dul: Vai ser uma honra usá-lo. - ele guardou o anel de volta na caixa e o colocou no bolso. Pegou minhas mãos de repente e se ajoelhou na minha frente.

Ucker: Princesa Dulce de Isla, me daria a honra de se casar comigo? - Foi minha vez de sorrir.

Dul: É claro que sim.


P.O.V. Ucker

Por mais que quisesse, encontrar minha princesa antes da festa de noivado de hoje à noite seria impossível. O palácio fervilhava com empregados carregando caixas, decoradores ajeitando móveis enquanto gritavam ordens aos seus subordinados, centenas de flores apareciam a cada segundo, testes de som eram feitos, chefes corriam de lá para cá com carrinhos repletos de quitutes, músicos afinavam seus instrumentos, o Capitão inspecionava cada guarda ali, empregados esfregavam cada centímetro dos salões, e tudo isso só do lado de dentro. Mal podia imaginar como estaria do lado de fora. Os criados faziam reverências silenciosas com a cabeça conforme eu passava, rumo ao escritório do meu pai:

Ragnar: Entre - ele sorriu ao me ver - Olá, filho.

Ucker: Pai. Está agitado por aí.

Ragnar: Você notou, hein? Espere até o dia do casamento.

Ucker: Foi assim no seu casamento?

Ragnar: Foi um grande evento. Lembro de tudo como se fosse ontem. Sua mãe estava linda.

Ucker: Por que nunca se casou de novo, pai?

Ragnar: Eu não poderia. Assim como seu avô, meu sogro, fui e sempre serei apaixonado por minha Rainha. Quando sua mãe se foi, decidi me dedicar às coisas que ela mais prezava na vida: você e Norta. Fico feliz em ver que os dois tem se saído tão bem.

Ucker: É um Rei admirável, meu pai. Espero ser um governante à mesma altura.

Ragnar: Você será. E como vão as coisas com a Princesa? Vocês parecem próximos.

Ucker: Tudo está melhor do que poderia imaginar. Dulce é inteligente, engraçada, sagaz, política, bondosa e justa. - Sorri ao pensar nela, e quando encarei meu pai, ele também estava sorrindo.

Ragnar: Um reino próspero é aquele que tem seus governantes em harmonia. E um Rei sábio é aquele que sabe ouvir sua Rainha. Lembre-se disso.

Ucker: Vou lembrar.

Como DueleWhere stories live. Discover now