Capítulo 1

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- Giovannaaaaa! - Alessandra grita pela prima da escada.

- Meu pai tá com pressa, vamos logo!

- Cheguei, cheguei! - Giovanna desce as escadas correndo, com a mochila e um livro na mão...

Dona Ângela, que estava na mesa tomando café, observava toda aquela agitação às 6:30h e pensava como sua filha conseguia ter tanta energia.
- Filha, e o café?

- Compro na cantina mamãe, relaxa, eu sei me cuidar, dona Ângela - Dá um beijo na mãe e sai correndo com a prima porta afora.

- Desculpa tio Guto, eu não achava meu livro - Giovanna tentava explicar o atraso para o tio que já tinha uma carranca estampada no rosto.

- Tá certo, meninas, vamos!
- Já sabem que hoje não consigo pegar vocês na saída, né? Quando pegar o uber manda a localização Filha. E Gio, manda para o César também, você sabe que seu pai morre de medo de carro de aplicativo.

- Pode deixar tio.

- Papai, posso dormir no tio César hoje? - Perguntou Alessandra com receio, que o pai negasse.

- Pode, mas amanhã no fim da tarde quero você em casa. Pensa que esqueci a última que você aprontou? Ainda tá de castigo e nada de festinha final de semana. - Alessandra saiu bufando do carro do pai.

Caminharam até a escada que dava acesso à igreja que tinha no colégio. Sentaram ali aguardando o sinal tocar.

- Prima, seu pai ainda tá chateado pelo que você fez na semana passada?

- Ele tá puto, Gio! Queria ligar para os pais do Rodrigo e tudo. Quase foi na casa deles fazer um escândalo. - Alessandra revirava os olhos.

- Mas também né Alê, qual o pai que iria gostar de pegar a filha menor de idade transando no sofá da sala? Você passou de todos os limites - Deu risada da cara emburrada da prima.
- Vamos logo, o sinal tocou. Se a madre Cecília pega a gente aqui de fofoca, você já sabe, né? - Giovanna dizia, daquele seu jeito acelerado.

Seguiram rumo a sala onde passariam a manhã e uma parte da tarde. Estavam no último ano do ensino médio, e esse era em período integral.

~♥︎~

No final do dia, Giovanna e Alessandra estavam jogadas na cama olhando o grupo da turma que fervilhava de tanta mensagem. Era sexta-feira e todos estavam animados para a festa de Otaviano.

- Alê, você tem certeza que vai fazer isso? - Giovanna pergunta receosa.

- Claro que vou Gio, você acha que deixarei meu Rodrigo soltinho em festinha? Já tem uma semana que não ficamos juntos, tô morrendo de saudades.

- Estou com medo do seu pai descobrir, não gosto de mentir, você sabe muito bem.

- Vai ter um monte de gatinho lá boba, vai que você perde esse cabaço hoje - Alessandra gargalhava com a cara de espanto que a prima fazia.

- Tá louca? Eu nem pensando nisso estou mulher. Você sabe que só acontecerá com alguém que meu coração escolher.

- Tá bom, madre Giovanna de Calcutá. Mas você vai me ajudar, né? - Alessandra implorava.

- Ok, mas se der merda você assume. E não fica me empurrando aqueles pirralhos - Foi para o closet jogando o cabelo por cima do ombro.

Giovanna contou a verdade para a mãe, tinha medo de perder a confiança que dona Ângela sempre depositou nela. Elas haviam construído uma relação de amizade, e por isso ela não conseguiu negar o pedido das meninas, para curtir a festa de Otaviano, sem que Guto soubesse.

- Já falei com a mãe do Bernardo e ela vai trazer vocês, ok? Cuidado! E você, dona Alessandra, se for transar, use camisinha, certo? Seu pai não tá pronto para ser avô. - Ângela ria da cara envergonhada de Alessandra.

Curtiram a festa de Otaviano como se não houvesse o amanhã. Giovanna, que de início nem queria ir, foi quem mais curtiu. Não bebia, não fumava, mas tinha uma energia de dar inveja. Dançou a noite toda com o amigo Bernardo, enquanto Alessandra discutia com Rodrigo a respeito de curtidas que ele havia recebido em sua última foto no Instagram.

~♥︎~


Já passava da hora do almoço quando acordaram.
Desceram para se alimentar e escutaram quando César falava animado com alguém ao telefone.

- Meu amigo, você não sabe o quanto me deixa feliz com essa notícia. Só vem você e seu moleque? Avise quando chegar e marcamos um jantar aqui em casa, Ângela vai adorar conhecer seu menino. Aguardo você aqui.

César se despediu e foi em direção à mesa onde as meninas se alimentavam.

- Com quem você falava tão animado, papai? - Giovanna perguntava curiosa.

- Um amigo meu de Curitiba que vai mudar para o Rio na próxima semana. Você não lembra dele, mas ele viu você de fraldas, filhota - César deixava um beijo na cabeça da filha, que fazia uma careta engraçada.

- Assim que ele chegar, daremos um jantar para receber ele e o filho. Quero você presente - Giovanna assentiu revirando os olhos.
Não sentia a menor vontade de estar nesse jantar escutando papo de velho e choro se criança birrenta.



Em Curitiba...

Alexandre já estava com a mudança totalmente pronta, só tinha alguns brinquedos e peças de roupa no armário. Salete, a babá de Inã, aceitou o convite para mudar de cidade, e será ótimo para a adaptação do pequeno.
Ele optou por morar no mesmo condomínio que César. Era um condomínio com área verde e casas confortáveis, seria ótimo ver Inã crescer com mais liberdade.

- Sr. Nero, tem certeza que consegue ficar sozinho com Inã essa semana?

- Tenho, sim, Salete - Alexandre dizia enquanto jogava o piá para cima, arrancando uma gargalhada.

- Essa primeira semana não irei trabalhar, vou me instalar com ele e conhecer a escola que César me indicou. Esse rapazinho já tá na idade de ir para a escolinha, né filho?

- Xim, papaizão! - Inã respondia sapeca.

- Salete, dá um banho nele, uma jantinha leve e deixa uma mamadeira pronta, meu voo é às 21h. Já dormiremos em solo carioca.

No início da noite, ele se despediu de Salete, com um Inã aos prantos. O pequeno não conseguia entender que ela só iria na semana seguinte. Depois de muito carinho e uma mamadeira que tomou deitado no colinho da babá, o menino conseguiu se acalmar.
Seguiram para o aeroporto e tiveram um voo sem nenhuma turbulência. 1:30h depois, já estavam na cidade maravilhosa.

Ele seguia pelo galeão de mãos dadas com Inã, a procura de um táxi. A criança observava tudo com curiosidade.

- Olha lá, filho, papai achou o táxi. Vamos conhecer a casa nova? - Alexandre dizia com entusiasmo.

- Bola, papaizão! Eu quelo vê a cama do homem alanha. - O pequeno puxava a mão do pai em direção à saída.

Já estavam a caminho do novo lar, quando Alexandre percebeu que o menino dormia ao seu lado. Aninhou o pequeno em seus braços e fez um carinho em seus cabelos.

- O que será que essa cidade tem para nos oferecer, filhote? - Disse observando a noite carioca pela janela e fazendo um carinho no filho que dormia tranquilo.

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