capítulo 22

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Julho,2022
Jardins, São Paulo.

Ele não quis perguntar muitas coisas pois quanto mais Luísa falava, mais serio ele ficava. Ao que tudo indicava, a depressão tinha vindo quando Maraisa chegou ao Brasil e assinou o divorcio. Não foram coisas que a menina soube dizer, mas ele apenas lincou com a idade dela e as coisa que Cesar contava de maneira divertida para não assustar a sobrinha. Como o dato de que por um tempo a menina sempre ficava na casa do tio junto com a Milena e o primo recém nascido, como Cesar sempre acabava levando e buscando a menina na escola. Tudo isso porque "mamãe ficava muito tempo cansada do trabalho e tinha que dormir vários horas."

Fernando tinha que conversar com Cesar sobre isso, por mais que conseguisse imaginar o teor que a conversa teria.
Depois de um tempo, Maraisa desceu as escadas de banho tomado e roupa trocada. Apesar de ter dormido horas, ela parecia ainda mais cansada.

- vocês ficaram bem? – ela perguntou forçando um sorriso.

- sim, mãe. Conseguiu descansar?

- consegui, querida. Você comeu? – Maraisa olhou para Fernando. – desculpa, eu apaguei e nem me preocupei com o almoço.

- eu fiz um macarrão para ela, comi um pouco antes de deitar.

- onde dormiu? – ela perguntou surpresa.

- do seu lado. Você não viu nada? – ele perguntou atento.

- não. apaguei de verdade.

Fernando segurou a mão dela e sorriu.

- precisa comer.

- eu como alguma coisa no hospital. – ela respondeu. – gostaria de voltar para lá.

Naquele momento, o celular de Maraisa tocou e ela correu para atender. Na breve ligação, Cesar explicava que o pai tinha acordado, mas que ainda estava muito debilitado e que se ela viesse ao hospital deveria vir com calma para não deixa-lo mais agitado, os médicos não sabiam como ele iria responder a isso.

A irmã apenas agradeceu as noticias e suspirou aliviada.

- ele acordou. – ela falou para Fernando com um leve sorriso.

- isso é bom, não é?

- podemos ir logo? – ela perguntou ansiosa e Fernando agitou Luísa para a pequena se arrumar.

Eles não demoraram para chegar no hospital, e no andar, Cesar os recebeu sorrindo. Ele abraçou Maraisa e respirou aliviado.

- ele parece estar bem, os médicos estão surpresos, mas converse com calma com ele, e não chore. Eu chorei e isso o deixou agitado.

A morena concordou e olhou para o homem com a filha.

- fique aqui, eu já volto.

- eu quero ir, mãe.

- lá dentro você não pode entrar, baixinha, mas quando o vovô subir para o quarto você vê ele.

Quando Maraisa passou pela porta da ala, Cesar olhou para Fernando, acenou com a cabeça e se afastou. O produtor puxou o celular do bolso e deu para a filha, deixando ela em uma cadeira com um joguinho qualquer. Ele se aproximou de Cesar na maquina de café e deixou todo seu orgulho de lado.

- será que a gente pode conversar?

Maraisa entrou no leito sem fazer muito barulho. Encontrou o pai olhando para uma das maquinas que monitorava. Ele era jovem. Aqui nessa cama de hospital, ele era simplesmente um ser humano frágil e fraco, vencido pela própria teimosia.

- pai? – ela chamou sua atenção.

Quando ela a viu, abriu um sorriso. Maraisa sorriu de volta e foi até ele, beijando sua testa com delicadeza e tocando sua mão devagar.

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