Amor que cura

Capítulo 13

Isadora Fonseca Dini

11 de maio — 07:40
Quinta-feira.

    Me remexi ouvindo o barulho de um despertador, senti um peso em minha cintura e um cheiro de perfume masculino, um perfume que eu conhecia bem.

Juan.

   Abri os olhos confusa, sem entender direito o que estava acontecendo. Olhei para os lados e de um o Samuca ainda dormia sem se incomodar com o barulho, do outro, Juan também dormia com os braços ao redor do meu corpo e o rosto no meu pescoço. 

    Lembrei da noite de ontem, me assusta a facilidade que eu tive em me abrir com ele, de contar tudo o que eu passei, não tive medo dele me julgar, nem de não acreditar em mim. Pelo contrário, me senti melhor em falar tudo, ele foi tão atencioso, me ouviu sem dar opiniões, foi incrível comigo. Não sei o que deu em mim para contar a ele, cada vez fico mais confusa e com medo do rumo que as coisas estão tomando.

— Juan...— Cutuquei o mesmo. Ele se remexeu murmurando alguma coisa que eu não entendi. — Juan, seu despertador está tocando. — Murmurei me aconchegando mais na cama.

— Hum...— Ele resmungou soltando minha cintura e não demorou para o barulho parar. — Bom dia. — Murmurou voltando a me abraçar. Sorri sonolenta sem abrir os olhos.

— Bom dia. — Senti um beijo em meu pescoço, todos os pelos do meu corpo se arrepiaram. — Precisa trabalhar?

— Preciso. — Suspirou. — Que horas dormimos ontem?

— Não sei, não sabia que tinha dormido. — Me virei olhando para ele. Mesmo com cara de sono o homem continua lindo. — Obrigada por ontem. — Falei envergonhada.

— Não precisa agradecer, baixinha. — me abraçou melhor. — Na verdade, eu que agradeço por ter confiado em mim. Não estava mentindo quando fiz aquela promessa, Isadora.

— Confio em você. — Sorri de lado.

— Não quero trabalhar hoje. — Choramingou escondendo o rosto em meu pescoço novamente. Eu ri acariciando as costas dele.

— Está querendo fugir da rotina, trabalhador? — Ele concordou sem me olhar, sua barba fez cócegas em meu pescoço. — Se quiser pode tomar banho aqui para não se atrasar, tem escova de dente nova também.

— Posso? — Murmurou abafado.

— Pode, gosta de pizza requentada? É a única coisa que tenho a não ser frutas para te oferecer de café da manhã.

— Gosto. — Riu rouco. Por um breve segundo senti meu coração acelerar com sua risada.

   Juan levantou contrariado, ele beijou minha cabeça, deu um cheiro no Samuel e foi até o banheiro. Enrolei um pouco na cama mas me levantei bocejando, olhei as horas no celular e eu ainda tinha um tempo até a loja abrir. Peguei um vestido fresco e uma lingerie, deixei separada na cama e fui para a cozinha, peguei as fatias de pizza que sobraram e pus para esquentar em uma frigideira enquanto eu passava o café.

    Não demorou para eu sentir os braços do Juan ao meu redor e o cheiro de sabonete, sorri colocando a pizza no prato.

— Come para não se atrasar.

— Obrigado. — Beijou minha cabeça.

— Eu vou tomar um banho rapidinho, se precisar de algo pode procurar nessa bagunça. — Falei achando graça. Ele riu fazendo um joinha e foi até o sofá.

   Encarei por uns segundos seu corpo malhado, Juan estava sem camisa, apenas com a calça e digamos que foi uma bela visão para essa manhã.

    Peguei minha toalha indo para o banheiro, escovei os dentes, joguei uma água no rosto e entrei debaixo d'água, suspirei sentindo a água tocar o meu corpo e não tive nem cinco minutos de banho calmo para ouvir Samuel chorar. Tirei o sabão rápido do meu corpo para terminar meu banho, me enrolei na toalha depois de secar um pouco meu cabelo e saí indo até o quarto.