Adeus.

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As lágrimas insistiam em cair, enquanto corria pelos extensos corredores do hospital e fiquei grata por naquele momento não haver lotação por ser um hospital público — o que já era um alívio. Mainha ainda não tinha acordado e segurei firme sua mão, que ficava cada vez mais gelada.

— Por favor, mainha — solucei.

— Quem é parente dela? — A enfermeira questionou e todos ali eram parentes, mas a tia me empurrou para ir junto, que iriam esperar do lado de fora.

— Nos dê notícia, querida! — assenti seguindo a maca.

Eu me odiaria se alguma coisa acontecesse com mainha, pois me sentia culpada por não ter feito nada. Quando saímos para levá-la ao hospital, Shownu e Wonho estavam descendo o cacete no meu ex padrasto. Não sabia se chamaram a polícia, ou o deixaram semi morto — não ligava muito — eles podiam matá-lo.

— O que aconteceu? — a enfermeira me parou, quando a maca foi levada para a emergência. — Moça — ela me chamou atenção. — O que houve?

— O ex-marido dela foi na nossa casa e a agrediu. — Respondi nervosa, olhando na direção que mainha foi levada.

— Devemos chamar a polícia? — Passei as mãos na cabeça, pois não sabia o que dizer, eu estava muito aflita. — Não se preocupe, moça, sua mãe será bem tratada, mas preciso saber se é necessário chamar a polícia?!

— Eu acho que minhas tias farão isso — olhei para ela e a mesma me lançou um olhar de compaixão.

— Precisa preencher a ficha de entrada e logo estarei te levando até ela. — Assenti, sendo guiada até a recepção.

Nunca assinei tanto papel na minha vida, os dedos ficaram doloridos e fazia tanto tempo que não praticava a caligrafia no alfabeto brasileiro, que a letra ficou horrorosa. A enfermeira me guiou para onde os médicos atenderiam minha mãe e quando a vi em uma cama, com curativos e em um balão, aquilo me assombrou.

— O que houve? Ela não está respirando? — Encarei o médico de meia idade, que me encarou por cima dos óculos.

— Ela estava tendo dificuldades para respirar e faremos alguns exames.

— Ela bateu a cabeça? — questionei com os olhos arregalados.

— Veremos isso! — o médico saiu sem me dizer mais nada.

Puxei uma cadeira de plástico para próximo da cama de mainha — ela ainda estava desacordada, apertando meu peito por vê-la naquela situação. Segurei sua mão fria, dando um beijo nela, pensando no tanto de vezes que minha mãe passou por aquilo por causa daquele infeliz. Também lembrei quando era criança e a vi apanhando bem diante dos meus olhos — foi na mesma época que a vózinha me levou para criar.

Não sei quantas horas fiquei ali ao seu lado, apenas esperando que acordasse e pudéssemos voltar para casa, mas eu não deveria ser tão positiva assim. As coisas nunca eram da forma como desejamos e passando por aquele tempo no hospital, que minha vida estava fadada ao sofrimento.

— Senhorita?! — Virei a cabeça e não era mais o mesmo médico de antes, era um mais jovem, de cabelo preso em um coque, então me pus de pé. — Sua mãe faz acompanhamento médico aqui no hospital geral? — franzi o cenho, pois não sabia nada dessas coisas. — Não sei se ela já comunicou com a família, mas ela precisa fazer urgentemente a quimioterapia...

— Espera — interrompi. — Quimioterapia? Está me dizendo que minha mãe tem câncer?

— Em estágio quatro. — Confirmou, me fazendo cobrir a boca com uma das mãos. — A ficha médica dela diz que no último exame os tumores invadiram seu intestino e está se espalhando muito rápido. Digo da quimioterapia, mas o estado é crítico. — Caí sentada na cadeira, me voltando para minha mãe.

Desejo Carnal (Threesome) Livro 1 CONCLUÍDADonde viven las historias. Descúbrelo ahora