Traficada, vendida para dois homens poderosos que não a queriam pela aparência, mas ela irá mostrar que beleza vai muito além dos olhos e eles vão desejá-la sem nem perceberem.
"Deseje-me, possua-me, sou a carne que te quer, a luxúria insaciável."
...
Todas as garotas estavam reunidas do lado de fora da casa, enquanto os homens guardavam as bagagens dentro da van. Olhei uma última vez para a mansão — era a primeira vez que eu sairia daquele lugar e era uma sensação estranha.
De dentro da casa, senhor Wonho saiu muito bem arrumado com uma camisa social de mangas curtas, que destacavam seus músculos do braço, assim como a calça justa. Fiquei surpresa em vê-lo com os cabelos escuros — dando adeus às mechas platinadas. Ele por sua vez parou e me encarou, pois desde o dia que me devolveu a foto, havia um clima estranho entre nós.
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Fiz uma reverência simplória e voltei minha atenção para a van. Ainda não conseguia perdoá-lo por tudo que fez comigo, junto com o senhor Shownu. Eu sei que parecia coisa de gente imatura, mas pensem comigo: fui enganada, arrancada do meu lá e estava vivendo como uma prostituta contra minha vontade. Não são motivos o suficientes para ficar revoltada?
Fomos guiadas para dentro do automóvel, pois de acordo com a governanta Park, iríamos fazer um trabalho especial na ilha de Jeju. Um amigo dos patrões estaria fazendo aniversário e contratou os serviços das garotas.
Me mantive quieta no fundo da van — as garotas não gostavam muito de mim e até questionaram porque eu estava ali, mas a governanta afirmou que era pedido do aniversariante. Desde que mudaram minha cara e corpo, era requisitada por homens ricos e desejados pelas outras, porém aquilo não me dava na passarinha, ou seja, não era algo que me deixava feliz ou me sentindo a melhor de todas.
Eu era uma cativa, por que estaria querendo competir com aquelas mulheres por homens asquerosos que só queriam meu corpo?
Estão chapadas, é?
O carro começou a seguir pela estrada e eu observava tudo, desejando que aquilo fosse um ato de liberdade, mesmo sabendo que não era, pois minha gaiola parecia linda e brilhante, mas ainda era uma gaiola e nada poderia mudar aquilo.
Depois de algumas horas, pude ver a praia em certa distância — a ilha de Jeju lembrava muito alguns lugares praianos do Brasil. Lembrei quando minha família foi para João Pessoa e fizemos um piquenique na praia; havia sido o dia mais feliz da minha vida. Minha mãe tinha feito farofa, baião e um frango assado para o almoço e o tio Rubênio me deu minha primeira cerveja — tinha um gosto horrível, mas foi uma experiência única.
Quando meus parentes se reuniam para ir a praia, sempre era uma barulheira, muitas crianças afoitas correndo e suas mães gritando, os adolescentes planejando escapar para paquerar e bastante comida. Por um momento fiquei pensando se minha família sabia que fui sequestrada, se estavam à minha procura.
Mainha tinha um novo marido, que era um vagabundo — a vózinha nunca aprovou, talvez estivesse tão ocupada, que não lembrava que tinha uma filha sumida. Apesar de todas as desavenças, sentia muita falta da minha mãe e precisei me controlar para não chorar ali dentro da van, nem que me vissem em um momento de vulnerabilidade.
