Caso Mariano

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Centro, Río de Janeiro.




Diana foi até a recepção enquanto Marcelo esperava logo atrás. O homem aproveitou para observar a sala aconchegante com uma decoração em um tom básico de marrom e os móveis sofisticados mas o que lhe chamou a atenção, foi um enorme quadro com uma pintura muito chamativa de um útero grande com flores em volta e borboletas, era muita informação para sua cabeça. Ele acabou desistindo da interpretação.

Olhou para o balcão onde Diana conversava com a recepcionista e logo ela voltou a caminhar até ele. Esboçou um sorriso ao reparar que ele lhe olhava com atenção.

- Se você quiser eu posso entrar sozinha você não preci...

- Eu quero ir.

Ele disse gentilmente conseguindo deixar Diana mais tranquila.

A médica já esperava por Diana e quando a viu sorriu, se conheciam a bastante tempo. Desde a gravidez de Igor, até mesmo no dois abortos espontâneos que teve, o último havia lhe traumatizando pois a gestação pendurou-se até os três meses. Houve esperança da parte de Diana que insistia em usar todos os métodos para salvar o bebê, mas nem mesmo com todo o dinheiro do mundo conseguiu salvá-lo e em decorrência disso veio a depressão, ansiedade e as brigas frequentes com o marido.

- Diana, como é bom te ver, nem acreditei quando vi na agenda o seu nome marcado para uma consulta. Que incrível!

Elogiou a obstetra com o seu sorriso cordial ao abraçar a amiga e agora paciente.

- Flavinha, bom te ver também, sabe que a única pessoa que confio 100% é em você.

- Isso é uma honra!

Flávia agradeceu enquanto olhava para Marcelo, estranhou o fato de não ser o Rafael ali, das vezes em que acompanhou as consultas com Diana, o marido era quem a acompanhava. A Obstetra não quis perguntar pois soaria inconveniente.

Os dois se cumprimentaram brevemente com um aperto de mãos e Diana foi direcionada a maca no canto da sala. Marcelo foi respeitoso em não olhar quando a mulher teve de levantar o vestido e se preparar para a ultrassom conforme a médica colocava um tecido para cubrir a parte de baixo de sua barriga.

A Médica posicionou o transdutor sobre a barriga  após aplicar o gel condutor especial e espalhar sobre a pele. Diana estava tensa, mesmo estando com apenas cinco semanas de gestação, temia de que Flavia pudesse encontrar algo nas imagens.

- Vamos lá...

A médica fez movimento circulares com o aparelho sobre a barriga, até encontrar o saco gestacional. Flávia sorriu ao observar o pequeno grãozinho na imagem, tão frágil e pequenininho. Diana sentiu um alivio ao perceber que sua médica tinha uma expressão positiva. Marcelo olhava para a pequena tela com curiosidade, era a primeira vez que estava acompanhando uma ultrassom.

- Olha só, está bem aqui, quase não dar pra ver pois está com poucas semanas de gestação e ainda o feto está começando a sua formação.

A doutora informou e Diana já não conseguia segurar as lágrimas, o olhar melancólico em direção a tela, visualizando pela a primeira vez o seu bebê, era audível o som dos batimentos, isso aqueceu o coração da mulher tão vulnerável com aquela informação.

Marcelo observou a felicidade de Diana e se perguntou o porque do marido não acompanhar a esposa naquele momento tão único e especial. Marcelo não era o pai da criança, não tinha tanta intimidade com Diana, mas naquele momento, ele se sentiu comovido com os batimentos do bebê.

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⏰ Last updated: Nov 30, 2023 ⏰

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