Rocinha

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Havia bala para todo canto, vinha de todas as direções e mesmo assim a musica tocava no paredão do carro. Algumas pessoas já baleadas tentavam buscar abrigo e proteção. Haviam corpos no chão, pessoas que não conseguiram ter a sorte de se salvar, foram pegas de surpresa. Homens armados corriam de um lado para o outro, com o dedo no gatilho e a mira apontada para qualquer um que apresentasse perigo.

- Que caralho está acontecendo?!

Um amigo de Igor murmurou enquanto se mantinham escondidos atrás de uma sinuca dentro de um bar que estava aberto quando tudo aconteceu. Kessya também estava com os dois, ela olhava para todos os lado em busca de sua amiga que acabou se perdendo na hora de toda a confusão e correria.

- Isso se chama invasão, está acontecendo a porra de uma invasão de território na favela!

Kessya disse enquanto fechava os olhos escutando cada disparo e cada grito de dor, as pessoas morrendo, sangue para todo lugar, a correria. Ela estava ofegante, seus olhos apertavam enquanto  fechados, estava com medo.

- Eu vou ligar pra minha tia, ela é policial vai saber o que fazer...

Igor retirou o celular do bolso e o seu amigo arrancou o aparelho da sua mão antes que ele pudesse encontrar o contato de sua tia.

- tá maluco? Tá doidão porra! Se alguém souber que tu ligou pra polícia tu morre! Tu não é X9 caralho!

- Então o que vamos fazer? Eles tão matando geral aí porra!

- Eu preciso achar minha amiga...

Kessya disse baixinho e tentou levantar mas Igor segurou seu braço a impedindo de sair. Tinha tiro para todo lugar, se ela saísse dali, seria só mais uma vítima dos disparos.

- Fica aqui, ela pode está escondida também... se você for, você morre.


Igor disse a olhando nos olhos, não a conhecia mas queria salvar sua vida, sabia que ela não teria chances em circular em meio aquele caos. Ele também sentia medo, sempre gostou de frequentar os bailes na rocinha e nunca teve que passar por aquilo.






Praia do Leblon





Lauren ria das histórias mais absurdas e engraçadas que Marcelo contava, seu amigo tinha um azar para encontros, tanto que acabou tendo traumas, se ficasse com alguém era casualmente sem ser combinado, de acordo com ele, combinar o deixava cheio de expectativas e nervoso.

Os cantores que tocavam pagode no pequeno palco improvisado deram uma pausa para ajustar os instrumentos e tomar uma água. Lauren teve sua atenção roubada pela as várias sirenes que tocavam nas viaturas que passavam pela a avenida. Ela pôde notar que eram muitas, assim como ambulâncias que corriam como se não houvesse o amanhã.

- O que está acontecendo?

Ela perguntou e logo observou quando o celular de Marcelo recebeu várias notificações. Ele capturou o aparelho e deixou escapar uma expressão preocupada.

- O que houve? Marcelo que porra está acontecendo?

- Chacina na rocinha.

Ela abriu a boca para argumentar mas foi interrompida pelo o som ensurdecedor do seu celular sobre a mesa. Ela leu no visor o nome de sua irmã, não sabia o por que mas presentiou algo de muito ruim. Sem cerimônias ela atendeu de imediato e levou o aparelho até a orelha.

- Lauren... por favor eu preciso de você!

Diana disse com uma voz melancólica como se estivesse chorando.

Corazón da Favela Onde as histórias ganham vida. Descobre agora