11. A Babá

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05 de janeiro de 1995Mansão da família Lancellotti em Milão, Itália

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05 de janeiro de 1995
Mansão da família Lancellotti em Milão, Itália

Algumas pessoas achavam charmoso dizer que iam ou tinham passado o verão na Itália, mas não era para menos: era uma época perfeita para se visitar este lindo país.

Entretanto, por alguma razão do destino, eu só tinha o azar de visitar a minha família durante o inverno, e se tem uma coisa que eu odiava do fundo do meu pobre coração, era o frio europeu.

Nunca que eu iria me sentir confortável vestida em três camadas de roupas, sentada em um banquinho alto, ao lado de uma gigantesca lareira enquanto pintava um quadro de minha irmã, que por sua vez, estava apenas com um fino lençol creme cobrindo o seu corpo.

Os cabelos ruivos caíam como uma cascata sobre os seus ombros nus; ela parecia uma escultura antiga, de tão bela. Parecia ter sido esculpida há mais de 100 anos por mãos habilidosas além da razão. Eu temia não conseguir retratar tamanha beleza.

— Como está ficando? — Ela me perguntou sem quase mexer os lábios.

Como ela conseguia permanecer inatingível com o frio, eu não fazia ideia. Talvez fosse algum superpoder oculto que eu não tinha herdado ao nascer.

— Magnifica. — Respondi.

— Ótimo. — Anastasia empinou ainda mais o nariz.

Minha irmã era assim, e o seu filho — que apesar de ser meu sobrinho, crescemos como primos —, era exatamente igual. A diferença era que ele tinha cabelos loiros e olhos azuis, igual aos do Giovanni . Mas ambos tinham essa mania de arrebitar o nariz quando o ego estava inflado.

Como o pobre do meu cunhado aguentava, era um mistério.

— Acha que finalmente poderemos visitar a residência de veraneio no verão deste ano? — Perguntei enquanto pintava com pinceladas leves as pernas sensuais dela.

— Todo ano é possível visitar a residência de veraneio em Florença, mas é você que nunca comparece por lá. — Retrucou com o forte sotaque.

— Leonard sempre aparece com aquele nariz torto, o ranzinza do Drakos e aquele outro almofadinha, qual era mesmo o nome dele? — Resmunguei.

— Você bem que devia perdoar meu filho...

— Ele raspou a lateral da minha cabeça enquanto eu dormia, um dia antes da minha festa de 15 anos, jamais perdoarei ele. — Falei com tanta calma, que eu mesma me impressionei. Essa tinha sido uma das "artes" de Leo.

— Mas já faz anos, França! — Anastácia me olhou.

— Vire o rosto na outra direção antes que eu pinte o seu pescoço e fique torto...

Ela se virou mal-humorada.

— Se Leonard não vier este ano para Florença, passarei o verão aqui na Itália, caso contrário, vou arranjar algum país para visitar por dois ou três meses . — Falei.

Fantasmas Sobre RodasWhere stories live. Discover now