4. Poker? Poker.

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02 de janeiro de 1995Revolução da Cerveja, Brooklyn — Nova York, EUA

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02 de janeiro de 1995
Revolução da Cerveja, Brooklyn — Nova York, EUA

Uma relação de amor e ódio. Era assim que eu chamava o sentimento que eu tinha sobre segundas-feiras. Suspirei cansada enquanto secava um copo e o guardava debaixo do balcão.

Eu perdia as contas de quantos finais de semana durante o mês eu deixava de ir para casa descansar e ia fazer horas extras até às três da madrugada. Pois só assim eu conseguia manter Boston nas aulas de karatê.

Até os meus 15 anos, papai trabalhava em dois empregos e fazia bicos nos dias de folga só para conseguir me manter nas aulas de karatê, e depois que ele se foi, eu me sentia na obrigação de pagar essas aulas para o meu irmãozinho. Boston adorava o karatê.

Esse era um dos motivos pelos quais eu mais me orgulhava por trocar as minhas poucas horas de descanso. — Mas o que me deixava com ódio das segundas-feiras era o cansaço acumulado combinado com o pouco movimento, pois resultava em uma noite longa e tediosa.

— Parece que as horas estão passando de ré... — Resmunguei comigo mesma.

Observei o pub, vendo que os únicos clientes que frequentavam a Revolução da Cerveja em uma plena segunda à noite, eram os mais antigos... — que normalmente iam comprar comida. Ou, é claro, os maridos que discutiram com as esposas no final de semana e agora estavam ali afogando as magoas em cachaça barata.

Não havia equipes clandestinas de corridas proibidas, gângsters ou qualquer outro deste tipo me pedindo para servi-los com bebidas e porções de batata frita. A única coisa que era igual à todas as outras noites, era o mal humor de Bob na cozinha.

Quantas horas eram? Umas 22:00 da noite?

Eu nunca sabia com exatidão, pois o relógio da parede estava quebrado há quase oito meses e o gerente nunca me dava permissão para mandar arrumá-lo ou comprar um novo. Eu não tinha dinheiro sobrando para comprar um de pulso, então, a solução que eu encontrei foi me basear no horário de saída do Bob. Ele ia embora às 02:00, ou seja, uma hora antes de mim.

Foi então que nesta segunda-feira entediante, algo bizarro aconteceu: uma garota de cabelo cor-de-rosa passou pela porta do pub. Eu já tinha lhe visto antes...

A observei discretamente pelo canto do olho. Ela usava uma camisa estampada de uma banda de rock, jaqueta desgastada e um tênis All Star rosa que estranhamente combinava com o seu cabelo.

— Procurando por alguém? — Me pronunciei após notar seus olhos indo de um lado para o outro. A garota me encarou e forçou um sorriso. — Boa noite.

— Boa noite. — Me saudou de volta e aproximou-se da bancada e sentou-se em um dos banquetes. — Eu... na verdade, sim. Procuro por alguém.

— Hum... — Erguia uma sobrancelha. — Sou a Brooklyn, e você é...?

Fantasmas Sobre RodasWhere stories live. Discover now