9. Mercúrio

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08 de janeiro de 1995Brooklyn, Nova York – EUA

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08 de janeiro de 1995
Brooklyn, Nova York – EUA

As manhãs de domingo sempre me traziam uma sensação estranha de que algo estava faltando, às vezes parecia ser uma pessoa, um lugar ou até mesmo alguma coisa. Isso acontece desde que fui obrigado a morar na residência do meu tio em Londres, e mesmo depois de anos, todo domingo de manhã era exatamente assim.

De acordo com a minha psiquiatra, durante a minha adolescência, essa "sensação" era a saudade que eu tinha dos meus pais desde a morte deles. Contudo, eu sempre discordei dessa teoria.

Eu amava muito os meus pais, mas nunca fazíamos nada juntos no domingo de manhã. Na realidade, o nosso momento junto acontecia nas noites de quarta e sábado.

Por isso nunca fazia sentindo.

Na residência gigantesca da família LeBlanc, no Eton College, em Havard ou aqui em Nova York, era sempre a mesma coisa aos domingos. Rodeado ou não de pessoas...

— Para um pomposo inglês, você é bem bagunceiro enquanto come. — Latino interrompeu os meus pensamentos, me olhando com julgamento. Olhei para as minhas mãos, a mesa e o meu colo, que estavam repletos de farelos.

— São os biscoitos. — Tentei me defender, tentando limpar um pouco da bagunça. — Eles soltam farelos para todos os lados.

Latino ergueu uma sobrancelha, ele não acreditou em minha desculpa. Forcei um sorriso e mordi mais um pedaço do biscoito. Graças a Deus eu tinha pedido um suco de laranja para fazer o acompanhamento.

Os biscoitos da Revolução da Cerveja eram tão secos que antes mesmo de terminar o primeiro, a minha boca parecia próprio o deserto do Saara.

— Você ainda vai morrer entalado com isso que eles chamam de cookies. — Leonard olhou para o meu prato com desfeita. — Todo mundo sabe que a única coisa comestível de manhã por aqui, são as balinhas de menta, porque as de frutas estão derretidas.

Me segurei para não revirar os olhos e parecer mal-educado, cocei a garganta e tomei um gole do suco. Talvez eu devesse pedir uma água.

— Mas eu gosto deles. — Indiquei os biscoitos. — Eles têm gotas de chocolate.

— E uma criança de cinco anos mente melhor do que você. — Theo se intrometeu, sem ao menos erguer os olhos do jornal que lia.

— Se eu já não soubesse dessa informação, me sentiria ofendido. — Retruquei.

— Então por que come isso toda vez? — Latino perguntou.

Estava elaborando uma resposta quando Theo se exaltou.

— Dá para acreditar que a mimada dos Moore-Miller foi vista saindo da Chanel essa semana!? — O tatuado segurava a xícara de café sem açúcar no ar, visivelmente revoltado com a presença de uma simples garota frequentando a loja de grife.

Fantasmas Sobre RodasWhere stories live. Discover now