A Sua Mercê

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BOA LEITURAAAAAAA!!!

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A Sua Mercê

Não era apenas o ambiente aquecido pela lareira, ou do calor causado por seu nervosismo de estar naquele quarto em específico, e em um horário considerado inapropriado para se estar desperta, era muito mais do que imaginava ou que poderia sentir. As mãos ágeis da condessa eram a verdadeira razão pela temperatura quente trilhando suas veias de forma traiçoeira. Era de se admirar a atenção que recebia de Alcina, que preocupou-se em preparar uma bacia com água morna e um lenço para o ferimento em seus pés. Ela estava sem suas luvas para maior facilidade em limpar os machucados, ajoelhada acima de uma almofada para melhor acesso em seus cuidados. Becca parecia uma estátua de tão ereta na cama, não sabendo lidar com a condessa tratando dos seus pés sujos por ter andando descalça por uma boa parte do telhado, sentindo-se um pouco envergonhada até.

— Relaxe seus pés, draga. Está muito tensa. — Conduz Alcina de uma maneira tão doce que a reconfortou.

Becca se ajeita na beira da cama alta, amolecendo seu pé nas mãos da condessa que o recebeu com mais firmeza, conquistando um sorriso meigo da própria pela confiança que ela obteve de sua donzela. Sua insegurança com o acúmulo de terra em seus dedos se desfez depois de Alcina esfregar o lenço com destreza um por um, não a julgando de forma alguma com total compreensão por tudo o que ocorrerá com Becca, ainda mais por ela ter se aventurado pelo castelo outra vez sem nenhuma importância para calçar algo. Claro, para Alcina isto fora inapropriado, mas não a julgaria de qualquer forma sabendo que poderia ser um dos habituais costumes de Becca.

A atenção da loira centrava-se na condessa, e ora ou outra desviava para os detalhes em mogno de certos móveis, como também a arquitetura vitoriana com uma forte presença sendo um dos pontos mais admiráveis do castelo. Suas observações na arquitetaria foram interrompidas quando Alcina tocou em um ponto sensível de seu pé, fazendo Becca dar um leve salto na cama igual como alguém que recém levará um susto. Alcina se atenta e foca nos olhos acobreados da donzela a sua cama.

— A machuquei? — Pergunta Alcina, receosa de ter pressionado forte em um de seus cortes.

— Cócegas. — Becca sorri tímida.

A condessa lhe retribui com um sorriso semelhante, retornando com seus cuidados. Por não ter uma mente sossegada, sempre recobrando em diálogos e momentos que a marcaram profundamente, Becca busca algumas informações que descobriu de Alcina no início da noite. Uma reconciliação havia sido feito entre elas, o que poderia ter averiguado em uma possível vantagem de Becca se aprofundar no passado da condessa e entender certos pontos que permaneceram soltos em sua história. Sendo um deles sua identidade misteriosa.

— Então seu nome é "Helena"? — Becca pergunta não disfarçando sua curiosidade persistente.

Alcina sorriu mais pela determinação da jovem em querer saber mais sobre sua vida passada, e como ambas teriam uma longa noite a conversa poderia ser ótima para o entretenimento delas, além de considerar justo que Becca saiba ao menos o básico sobre ela.

— "Helena Redfield" foi apenas um nome que adotei depois de ser resgatada anos atrás. — Conta Alcina prosseguindo com a limpeza dos cortes de Becca. — A casa Dimitrescu é o nome de minha verdadeira origem.

— Onde você esteve esse tempo todo? E por que trabalhou como empregada no seu próprio castelo?

— Fui acolhida por um soldado junto de uma garota. — Alcina verifica ambos os pés por precaução e se satisfazendo por vê-los intactos e sem nenhum risco de sofrer qualquer infecção. — Sofri uma perda de memória depois que despertei, e passei uma boa parte desses anos na cidade, até encontrar o vilarejo por pura coincidência e aceitar a vaga de emprego. Retornar para cá me causou gatilhos, e recuperei minhas memórias pouco tempo depois. Por isso estou aqui agora. — Alcina finaliza mergulhando o lenço na pequena bacia e o torcendo em seguida.

What Could Have BeenWhere stories live. Discover now