A Colheita

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A Colheita

Com o atentado da noite anterior, mais o acontecimento pela manhã, a última coisa que Margaret queria fazer era sair de casa. O vilarejo estava um tremendo caos, pessoas estavam assustadas com as mortes das três jovens, ainda mais com o retorno de uma dos Quatro Lordes. Margaret estava em aflição, e orava para que Mãe Miranda lhe desse um sinal e de que protegeria seu povo de todos os males que poderão ocorrer futuramente. O badalar dos sinos a fez arrepiar-se, assistindo tudo da janela de sua casa, tendo a visão do castelo onde um dia ela foi supervisora. Imaginou o quanto as moças devem estar horrorizadas aquela ponto, e de como poderia ser possível que Lady Dimitrescu tivesse retornado? Ela tinha medo de descobrir a resposta.

Para relaxar a tensão em seus o ombros, Margaret preparou seu chá para que pudesse encontrar alguma paz naquela manhã, estando um pouco aliviada pelos sinos do castelo terem cessado depois de dois minutos tocando sem parar. Preparou o chá da mesma maneira que fazia quando servia a Mãe Miranda no castelo, mantendo seu perfeccionismo intacto durante sua preparação do café da manhã. Um fato era que Margaret estava com todas as portas e janelas de sua casa trancadas, temendo de alguma criatura ou até mesmo a própria condessa tentar invadir, deixando somente a pequena persiana de sua cozinha levemente aberta para que o ar refrescante do dia pudesse refrigerar o ambiente.

Ao colocar sua xícara e bule na mesa, e fatiar alguns pedaços de pão, Margaret senta-se e une suas mãos para uma breve oração.

— Louvada seja, Mãe Miranda. Agradeço pela comida de cada dia, e que as pobres almas que partiram estejam sendo cuidadas em suas mãos.

Após a reza ela começa a se servir de seu chá, completamente isolada por ter perdido seu marido a dezesseis anos atrás, e até então nunca mais quis abrir seu velho coração para outra pessoa. Inevitavelmente um corvo pousa na beira da persiana, assustando Margaret que acabou dando um leve salto de sua cadeira pela visita repentina da ave.

— Por Mãe Miranda! — Arfa colocando a mão em seu peito pelo pequeno susto.

Logo então, Margaret percebeu que o corvo carregava uma espécie de carta em seu bico, e o mesmo bicava sua janela como que para chamar a atenção da mulher. Sem compreender como que a ave poderia estar carregando um pedaço de papel ela vai até a persiana tirando a carta de seu bico, e logo o corvo volta a sobrevoar o céu nublado. O emblema da casa Dimitrescu estava visível no centro do pequeno envelope, o que fez Margaret engolir seco. Com as mãos trêmulas, ela começa a ler a carta escrita por Alcina.

"Cara Margaret.

A convido para vir em meu castelo, para que possamos pôr alguns assuntos em dia, e gostaria de lhe fazer uma proposta. A aguardo em meu escritório. O meu castelo estará disponível para a sua entrada.

Ass: L. A. Dimitrescu."

Margaret ficara completamente sem reação por ter sido notada pela condessa, e ainda mais por ela querer lhe fazer uma oferta. Claro que ela não tirou a possiblidade de ser apenas uma armadilha, mas com que intuito Lady Dimitrescu pretendia matá-la? Margaret era apenas uma mulher da casa dos cinquenta anos, que jamais causou mal a alguém e que ainda cuidou do castelo por um longo tempo. Talvez a condessa realmente não pretendesse lhe fazer algum mal, mas teria que tirar suas próprias conclusões pessoalmente.

Deixou seu café de lado, indo para o seu quarto trocar seu vestido por algo mais "adequado", afinal de contas, ela iria se encontrar com a condessa e não permitiria de entrar naquele castelo usando roupas que eram consideradas de segunda mão. Optou por um vestido de verde-oliva, no qual usou apenas uma vez em sua vida, e que ainda apresentava aspectos de estar novo. Ao terminar de vestir-se ajeitou seus cabelos grisalhos em um coque tradicional, e pôs os sapatos de bico fino. Encarou-se no espelho por alguns minutos, ainda estando meio insegura em relação a visita no castelo, sendo a primeira vez que sairia de casa. Ela poderia rejeitar o convite e ficar em casa? Poderia. Mas havia chances de Lady Dimitrescu lhe fazer uma visita pessoalmente e quebrar sua porta como havia feito na casa de Veronica, justamente por Margaret ter rejeitado seu convite, então ela mudou de ideia e saiu de sua casa com a cabeça erguida e juntando coragem no meio do caminho até o castelo.

What Could Have BeenWhere stories live. Discover now