⚜️04

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[P.O.V Autora]

O pedido inusitado pegou Christopher de surpresa, porém o mesmo não negou. No momento os garotos estavam na metade do caminho para os escombros do Reino Yang, cada um em um cavalo seguindo rumo para o local. Iam sem pressa lado á lado, no entanto, conforme se aproximavam do reino abandonado, Jeongin acelerava com o animal, querendo chegar rápido.

Entraram no vilarejo através do aro de pedra quebrado com Yang guiando até a região que queria ir. Tudo fedia á morte e desgraça; Corpos estirados pelo chão, muitos adultos e crianças; Corvos sobrevoavam as pilhas de defuntos e arrancavam pedaços de carne humana; A cena era tão nojenta que Jeongin mal teve tempo de descer do cavalo e vomitar o pouco café da manhã que havia comido.

Bang já tinha passado pelo local na volta da batalha, mas tudo parecia dez vezes mais brutal e assustador. O maior desceu de seu cavalo também e ficou a poucos passos de distância do príncipe.

─ Acho melhor irmos andando até o lugar. As estradas estão cheias de pedras e.. corpos... ─ Disse Yang com desgosto. ─

─ Okay.

Usando uma corda grossa, Chris prendeu os cavalos em uma árvore meio morta e lhe deixou uma cesta com alimento, para caso demorassem. O caminho pelos entulhos foi difícil, todavia, não era impossível. Jeongin olhava para cada canto da cidade aos pedaços, numa fonte lembrava de já ter pulado lá com seu melhor amigo; Numa loja lembrava de ter ajudado uma senhora á pinta-la toda; Numa esquina lembrava dos gatos que alimentava todo dia para não morrerem... Tantos lugares e tantas lembranças... Todos aos pedaços.

Bang pode observar de longe um local aberto cercado por muros baixos e quebrados, no entanto parecia ser o próprio tempo que havia destruído os muros e pouca destruição parecia ter sido causada pela guerra. O antigo príncipe Yang os conduziu até a entrada do terreno e não demorou para Bangchan finalmente entender o que era o local.

─ Um.. Cemitério? ─ Perguntou confuso. ─

─ Exatamente. Eu queria fazer uma última visita à alguém especial, sabe-se lá até quando esse lugar vai ficar de pé... Desgraçados.. Destruíram até os túmulos dos pobres falecidos...

Jeongin pouco se importava se estava xingando os soldados do Bang, suas emoções negativas o comandavam naquele momento delicado e, possivelmente, nada o acalmaria.

Andaram pouco até chegarem numa espécie de catedral média. Era feita de mármore, possuía adornos por todo o exterior, usando da própria pedra para fazerem-se desenhos em formatos de sóis, rosas e pássaros. A beleza parecia se sobressair da catedral quase caindo.

Ali era o fabuloso túmulo da rainha Yang, onde seu corpo fora zelado da mais perfeita forma. Christopher seguiu os passos de Jeongin, meio incerto se deveria entrar no local com ele, porém, como não havia sido impedido, seguiu atrás dele. O caixão se encontrava no meio da catedral, rodado por rosas quase mortas e objetos de valor deixados pela população.

Yang se aproximou do caixão e tocou a parte com o nome da falecida mãe: Yang Ashley. A rainha do coração de ouro, igual a cor dos cabelos longos e belíssimos, loiro igual ao do filho. Jeongin sorriu ao lembrar das palavras da mãe para si: "O que importa é a força do pensamento, força física é só adicional", "Nunca se deixe abalar por pessoas que não merecem suas lágrimas." Ele ouvia sempre as falas sábias da parente, gravava cada uma em sua mente e as seguia fielmente, como se fossem as palavras de Deus.

Naquele momento, só queria um conselho da mãe sobre o que fazer naquela situação. Se deveria ficar com o príncipe amoroso ou fugir para reinos amigos, ela teria uma solução prática e inteligente. No entanto, ela não estava mais ali para ser seu apoio, não poderia lhe orientar à nada.

Reparando mais ao resto do lugar, haviam escritas nas paredes, xingando a mãe e seu reino; Tiros no caixão e pedaços quebrados de pedregulhos pelo chão... Seu povo jamais faria tal maldade com o santuário da rainha, aquilo era coisa de gente de fora, coisa de gente do morto rei Bang.

Uma risada melancólica e perturbadora ecoou pelo local. Yang ria de tudo ao seu redor, da desonra com a mãe e da falta de respeito e empatia com um defunto. Christopher observava tudo um pouco distante, queria dizer algo ao garoto para reconforta-lo, mas as palavras morriam em sua boca.

─ Não tiveram a mínima consideração... O mínimo respeito... Ela nem estava na guerra dessa vez... ─ Jeongin olhou para Chan com os olhos vermelhos e com lágrimas banhando todo seu rosto. ─ Porque? Porque não impediu, Christopher? Porque não fez nada ou falou algo para seu pai?

─ Eu não podia Jeongin, eu-...

─ Claro que podia! ─ O interrompeu. ─ Acha que eu não ouvi tudo que seu povo falou da guerra? Você é o príncipe além de tudo, liderava parte das tropas! Como não poderia fazer nada?! Não poderia parar seus próprios soldados?! ─ Yang estava fora de si, jogando para fora o que à tanto tempo guardava dentro de si, descontando a raiva no príncipe Bang. ─ Você quis isso... Você queria nos atacar, nos destruir, nos matar... ─ Falou com mágoa, abaixando seu tom, deixando tudo mais perturbador. ─

─ Jamais! Eu nunca iria querer o mal de ninguém! Jeongin, se eu realmente pudesse ter parado tudo, acha que eu não faria?!

─ Poderia ter parado! É uma mentira! Você é um mentiroso!

A raiva de Yang foi tanta que quando o mesmo foi dar um soco na barriga de Christopher, teve grande efeito apesar da pouca força, fazendo o outro cambalear para trás. O menor iria investir de novo, no entanto Bang soube prever bem seus movimentos e agarrou seus pulsos antes, virando-o de costas e imobilizando-o.

Jeongin gritava, xingava e tentava se soltar do príncipe, porém era tudo em vão. Bangchan era mais forte e possuía um porte maior, era como querer sair de um abraço de urso. Demorou até Yang desistir de tentar fugir e se entregar à lágrimas de raiva, agachando-se no chão de pedregulhos.

─ Você é um grande mentiroso desgraçado... ─ Falou baixo. ─

O mais velho seguiu o outro e se agachou com o mesmo, ainda o agarrando por trás e impedindo muitos movimentos.

─ Acredite no que quiser, mas eu definitivamente não queria estar nesta guerra. Se eu fosse tão mal quanto você diz que sou, você por acaso estaria vivo? Eu não teria te matado? Te degolado? ─ Bang ditou com calma, finalmente libertando o garoto. ─ Olhe para mim e me diga se estou mentindo.

Jeongin virou-se para o último citado e olhou com dificuldade nos olhos escuros cor de café dele. Não mentia. Mesmo com todo o ódio, não podia negar que as palavras e o rosto de Chris eram os mais verdadeiros que já tinha visto.

─ Qual o sentido que você insistir tanto em mim, Bang? Eu não deveria ser o inimigo? Se não fosse por mim, seu pai estaria vivo e não teria sido esmagado por uma pedra. ─ Começou Yang olhando fundo para os olhos daquele que lhe encarava sem desviar o olhar. ─

─ Ele morreu pelo próprio karma e azar. ─ Disse rápido, não sentia falta do pai rígido e talvez um pouco perturbado. ─ Insisto em você porque me preocupo... Insisto em você porque gosto de você.


Continua...

Prince - JeongchanWhere stories live. Discover now