Capítulo 19

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Dirigimos em silêncio boa parte do caminho.

- Desculpe-me por pedir que use o colar - Victor diz chamando minha atenção, eu não tirava os olhos da caixa de veludo preta em meu colo.

- Tudo bem. De verdade - Digo baixinho. - Não vou usá-lo por muito tempo. Peter não vai demorar para ver que é o colar verdadeiro. Né?

Não obtenho resposta e já começo a imaginar o pior : eu com a necessidade louca de matar todos à minha volta.

- Está nervosa?

Eu solto um pequeno riso.

- Não devia? Estou indo para um baile de um híbrido, e presumo que terá mais vampiros, bruxos e lobos lá - Olho para ele, que está com um sorriso torto nos lábios. - Acertei?

Ele balança a cabeça positivamente.

- Como eu deveria me sentir então, senão nervosa e assustada?

- Terá poucos lobos lá, devido a quantidade de vampiros que vão nesses bailes de Peter.

- Isso era para me tranquilizar? - Pergunto em meio a um riso sem graça. - Então eu serei a única humana lá? - Meu coração bate a mil com esse pensamento.

- Eu confesso que não sei. Não costumo ir em suas festas.

Ok. Não me tranquilizou em nada. Meu pescoço estará à mostra para muitos vampiros nesta noite.

- Na verdade, não vou em mais bailes, festas ou nenhum tipo de reunião.

- Atiçou a minha curiosidade. Por quê? - Olho para ele.

Victor olha de relance para mim, depois volta sua atenção para a rua.

- Nunca gostei desse tipo de entretenimento - Admite com um semblante sério e pensativo.

- E do que você gosta? - Pergunto tentando manter a conversa viva ao invés do silêncio que me faz pensar demais.

- Eu gosto de ...- Ele olha para mim por um tempo, então olha de volta para a sua frente. - De ler, ouvir uma boa música clássica e dançar.

- Mas disse que não gosta de festas. E festas exigem dança.

Ele ri um pouco.

- De fato não gosto de festas. Da multidão em si. Mas gosto de dançar. Com a mulher certa danço em qualquer lugar. Até em festas. A última vez que dancei em público, foi com a minha esposa. E parecia que não existia ninguém mais à nossa volta. Somente ela e eu.

Ouço nitidamente o amor e a saudade em sua voz.

- Ela devia dançar muito bem - Ele concorda em silêncio. - Onde ela está agora?

- Ela foi embora e eu não me despedi - Ele diz com tristeza. - Sinto que a culpa foi minha.

Antes que eu pudesse perguntar algo, chegamos a um portão. Com um carro prata à nossa frente e dois seguranças. Um deles estava olhando algo que o motorista lhe mostrava. Enquanto o outro segurança fiscalizava o carro e seus passageiros, do outro lado.

- Coloque a máscara - Victor ordena colocando a sua.

Eu obedeço. Amarro a fita atrás da minha cabeça, bem debaixo do meu coque. Abaixo o espelho do carro e confiro para ver se não ficou torto. A máscara se ajustou perfeitamente no meu rosto.

O carro da frente é autorizado a entrar e agora somos nós. Um dos seguranças nos cumprimenta e Victor lhe mostra o convite. Em seguida somos liberados e autorizados a entrar.

Seguimos de acordo com a orientação do segurança, até uma área reservada para os carros dos convidados. Haviam muitos carros estacionados, um ao lado do outro. Um arco-íris de cores protegidos do tempo sob um teto cinza de concreto.

Perdoe o PassadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora