Capítulo 4

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Quando acordei, estava com uma tremenda dor na cabeça e com algo na minha boca. Me mexi, no intuito de levantar, e percebi que estava no chão, mãos e pernas amarradas. Estou dentro de uma sala. Uma sala vazia. Olhei ao redor e, do outro lado da sala, há uma porta fechada, bem ao lado, há uma janela empoeirada. Eu iria demorar para chegar lá, pulando feito saci. Sem nenhum objeto que poderia me ajudar a me soltar, fiquei a esperar. Posso não ser um James Bond da vida, mas acho que conseguiria me desamarrar com a ajuda de algo afiado. Até os meus saltos me tiraram.

Não esperei muito, pois a porta se abriu e um homem, moreno e alto, entrou. Ele andou em minha direção, se agachou e tirou a mordaça da minha boca, me livrando do enjoo que aquilo estava me causando.

– Que bom que já acordou. Quer um copo d'água? – Eu fiquei parada, olhando para ele e o copo com água em sua mão. – Não? Ok – Ele bebe toda a água do copo. – Desculpe-me pela pancada na cabeça, você não parava de se mexer – Ele olhou para mim e riu, acho que esperando que eu fosse rir também, mas eu só fiquei o encarando, olhando fixamente nos seus olhos castanhos. Essa voz me parecia familiar. Mas de onde?

E como um estalo eu me lembrei. A terceira voz do assalto!

– Eu só vou fazer mais uma pergunta e então eu a deixei ir, ok? Onde está o colar? – Novamente, como resposta, eu só o encarei.

– Cadê o colar? – Outro homem entrou, esse era alguns centímetros mais baixo e mais novo que o primeiro, um homem branco de cabelos curtos. Sua voz também era do assalto, a segunda voz, a voz mais grave que a primeira do assalto. – Cadê a droga do colar!?

Olhei assustada para eles, com lágrimas saindo de meus olhos e escorrendo em meu rosto.

– Ei! O que você tá fazendo? Eu disse que eu resolvia isso! – O moreno disse, dando uma juntada no cara mais novo. – Eu disse que ia ser do meu jeito.

– Mas do seu jeito não está funcionando, não é? O meu jeito vai. O meu sempre consegue as respostas – Meu coração disparou de medo quando ele me olhou.

– O mesmo jeito que matou o dono da loja? – O moreno disse, cerrando a mandíbula. Eles vão me matar, com certeza.

– A culpa foi do velho. Ele que veio na minha direção. Eu só me defendi.

– Você... – Todos ouvimos um barulho que encerrou de vez a discussão.

– Vocês dois aí! – Um terceiro homem surge em meio ao som de tiros na porta. Um homem negro, carregando uma arma. – Venham, temos um intruso que está causando problemas.

Os dois bancando o macho alfa a minha frente se olharam.

– E vocês não tão dando conta? – O baixinho disse, provocativamente.

– Eu estou mandando vocês virem ajudar com esse fils de la nuit. – O negro diz enfurecido e em uma outra língua, talvez russo, ou francês.

– Mas e ela? – Disse, apontando para mim, o baixinho raivoso.

– Ela não vai sair daí. Está amarrada. Vamos!

Todos saem da sala, menos o baixinho. Ele se agacha a minha frente e coloca a mordaça novamente na minha boca. Pude ver nitidamente a cor dos seus olhos, um tom de verde claro.

– Fique quietinha e não saia daqui, eu já volto – O babaca se acha engraçado. Ele aponta o dedo na minha cara. – Nós ainda não terminamos nossa conversa – Depois de me ameaçar, ele saiu da sala, fechando a porta, me deixando sozinha ali, ouvindo o tiroteio que acontecia do outro lado da porta.

Eu não conseguia nem sequer me levantar, minhas pernas estavam amarradas e muito apertadas, eu estava quase vomitando devido ao pano na minha boca. Mesmo assim, me concentrei em desamarrar minhas mãos, mas estava difícil, a corda está muito apertada.

Perdoe o PassadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora