37 - Jantar e paredes finas

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Arizona POV







Dois meses depois


Nos últimos meses minha rotina tem se dividido entre trabalhar, cuidar de Emma, passar um tempo com Callie e Louis, e as consultas do bebê que logo saberemos o sexo.

Callie se mudou definitivamente para minha casa e alugou o apartamento do centro. Estávamos dividindo o tempo com Louis, eu tinha três folgas por semana e em dois desses dias, eu passeava com ele seja no hospital ou seja pela cidade. No dia que restava, eu ficava com Emma ou Callie.

Carina estava sofrendo demais em ver a esposa sem previsão para acordar e a filha perguntando a cada dois minutos da mãe, então me ofereci para cuidar da minha sobrinha para ela viajar e tentar esvaziar a cabeça. Já tem duas semanas que ela está fora.

Apesar de saber que só vai piorar a situação da criança envolvida, eu entendia cada vez mais Carina. Ela ama Maya. Ela amava Jack. Mesmo eles se irritando e se provocando, eles se amavam. E eu sei qual a sensação que a morte de alguém importante trás para gente, não existir mais para aquela pessoa ou não poder sentir seus braços, seu toque. Mesmo com várias pessoas dizendo que ela está te olhando de algum lugar, não é o suficiente para amenizar a dor de saber da ausência de você no coração dela.

Ela precisa disso. Talvez até Emma precise de um tempo.

Emma está mal, não quer comer e faz quase nada, completamente diferente daquela criança que estávamos acostumados. A única que a faz sorrir é Mad, filha de Lauren e Andy, a menina de cabelos pretos e covinhas está sendo uma ótima amiga para minha neném.

Callie tem me ajudado bastante com ela também, segundo ela mesma, seu espírito materno está aflorado nesta gravidez. Marcamos de levá-la num psicólogo para ajudá-la a se entender e entender o que sente.

Hoje de manhã eu visitei o túmulo de Sofia pela primeira vez, precisava de uma indicação de que direção seguir. Levei flores e limpei seu túmulo o deixando branco de novo, pelo visto ninguém foi lá ainda. Eu imaginava vários "e se" ultimamente. E se Louise não tivesse morrido? E se aquele avião não tivesse caído? E se eu não tivesse pegado o caso de Louis? Perguntas e mais perguntas que nem em horas acordada na madrugada eu encontrava respostas.

Quando saí de lá, ia passar no túmulo de Jack, mas antes avistei uma mulher de cabelos castanhos curtos sentada de costas para mim e decidi visitá-lo outro dia.

Rapidamente me lembrei de Carina me contando que no acidente, antes dela desmaiar, Maya e Jack conversavam já que estavam perto um do outro, eles falavam baixo então não deu para ela ouvir.

Gostaria de saber sobre o que eles falavam. Quando Maya acordar, vou tratar de saber.

Hoje é meu dia de folga então voltei para casa e resolvi fazer a janta e uma sobremesa. Emma e Callie logo chegariam, elas estão num evento literário com Louis. Abri a geladeira e fiz uma careta pela quantidade exagerada de verduras e bolo de laranja, Carina estava viciada nos dois.

Decido fazer uma torta de frango e de sobremesa pavê de brigadeiro. Três horas depois, eu saio do banho e visto uma calça moletom com um blusão, penteio meu cabelo em um rabo de cavalo e saio do quarto escutando algumas vozes infantis.

- Eu amei quando aquela moça fez aquilo e se soltou, pensei que ela ia cair. - chego na sala e vejo Madison conversando animada com Emma, que também parecia empolgada.

Dei um selinho em Callie.

- Já chegaram amor?

Callie me olha com aquela cara de tédio. Faço uma careta. O humor de Callie grávida é dez vezes pior do que uma Callie com TPM.

A vejo respirar fundo e dar um sorriso forçado.

- Já, meu bem. - tira os saltos com um pouco de dificuldade pela barriga. - Que cheiro é esse? Fez o jantar? - assinto orgulhosa. - Tenho uma namorada prendada!

- Vá tomar banho, eu cuido das meninas. - assente e sobe as escadas. - Vocês também precisam de um banho, não é? Sinto a carniça daqui.

Mad cheira debaixo do braço e eu seguro um riso. Logo subimos e após separar as roupas delas, desço.

Alguns minutos depois Callie desce com um short soltinho preto e um top da mesma cor, nos pés tinha um dos meus pares de meias temáticas e pantufas.

- A mesa já está pronta, só estava esperando vocês. - coloco uma Emma de pijama na cadeira sentada e faço o mesmo com Mad, para Callie eu arrasto para ela poder sentar. Deixo um beijo em seu cabelo e me sento de frente para Emma, Callie estava na ponta da mesa do meu lado esquerdo e Mad do lado de Emma.

- Estava tudo perfeito vida, obrigada. - Callie  agradece. - Vamos escovar os dentes para dormir?

Começo a lavar as vasilhas escutando a reclamação das meninas por dormir agora.



[...]



- Tá vendo esse menino, Arizona? - Louis me puxa pelo braço para ficar na sua altura enquanto aponta com a cabeça para um garoto de por volta doze anos. - Ele é um sem educação. Esbarrou em mim e não pediu desculpas e ainda tratou a enfermeira mal. - minutos depois reclamando, ele apontou discretamente com a cabeça para uma médica se não me engano dermatologista. O que ela está fazendo ali na ala da obstetrícia? - Fiquei sabendo que ela traiu o marido e engravidou do amante.

Fofoqueiro!

- E isso é da sua conta menino?

- Não, mas gosto de me informar. - dá de ombros.

- Desde quando está tão bem informado?

- Desde o momento que descobri que as paredes desse hospital são finas demais para não escutar alguma coisa e gostar. - o ajudei a desviar de um carrinho de remédios.

Louis está melhor ao ponto de andar sozinho, eu só estava guiando o suporte móvel com o soro.

Estou passando um tempo com ele enquanto Callie foi para sua empresa trabalhar, ela estava trabalhando bastante ultimamente, segundo a própria, só estava adiantando algumas coisas para ter um final de gravidez em paz sem papéis e sócios a atormentando.

Amanhã é sua consulta para descobrirmos o sexo do bebê. Eu e Louos estamos ansiosos, já fizemos muitas listas de nomes que gostamos, a maioria de filmes e séries.

Ela queria fazer um chá revelação onde só a mãe dela soubesse para fazer a surpresa, mas desistiu assim que eu a lembrei que sou médica e posso saber vendo um ultrassom. Era eu não participar da consulta para fazer a festa ou não fazermos e eu estar lá com ela.

Também levei em conta o fato de Maya ainda estar em coma, eu não queria ter esse momento sem minha irmã. Mesmo sabendo que se eu fazer ou não fazer, não significa que ela vai acordar, é importante pra mim.

- Você anda distraída. - acordei de meu devaneio com meu menino comentando. - É pela tia Maya?

Sorri. Também.

Assenti.

- Doutora Robbins? - olhei quem me chamava. - Um paciente no 408 precisa da senhora.

- Leve Louis para o quarto pra mim? Obrigada. - dei um beijo na cabeça de meu enteado e andei rápido até do quarto do outro lado do andar.

Quando Te Encontrei (versão Calzona)Where stories live. Discover now