33 - Três

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Arizona POV


As 7 da manhã já estavamos voando,Jack estava na poltrona em frente a minha, Carina e Maya nas do lado e Agnes na primeira. Eu tinha meu corpo envolto numa coberta quente trazida por Maya, que fez a gentileza de me emprestar.

Estava tudo tranquilo, eu estava tranquila. Antes de colocar meu celular em modo avião, mandei mensagem para Callie e para minha mãe, Callie respondeu rapidamente. Parecia que ela nem tinha dormido. Jack dormia, enquanto Agnes olhava a vista fora da janela, e Carina e Maya conversavam baixo.

Meus olhos estavam um pouco pesados demais, então me permiti fecha-los e dormir de verdade, diferente dessa noite, que acordei três vezes só para beber água.

Ouvi a voz do piloto pedindo para colocarmos o cinto, pois o avião passava por uma turbulência. Rapidamente obedeci, esperando voltar tudo ao normal para que eu pudesse finalmente dormir.

Alguns minutos se passaram e estávamos na mesma situação, meus olhos já se encontravam arregalados e eu segurava o suporte da cadeira mais forte. "Peço que não se desesperem, estamos controlando a situação e logo voltaremos ao total controle da situação", ouço a voz do piloto novamente.

Estranhamente, aquela fala só me deu mais nervoso, eu estava rindo mas com claro desespero.

- Quem quer brincar nesse avião levanta a mão, quem quer brincar... nesse avião... - Jack cantava baixo, não resisti a uma risada desesperada. Aquela música não era a melhor para aquele momento, apesar de muito alegre. - Será que ainda dá tempo de sentar na caixa preta?

- Se der eu te acompanho... - murmurei.

- Alguém aí da frente dá uma notícia? - Agnes grita batendo na porta que separa a cabine. - Eu vi isso em Grey's Anatomy. - a mulher de cabelos castanhos esfrega a mão na testa, seus olhos estavam cheios de lágrimas.

- Misericórdia gente. - Carina diz horrorizada. - Não vai acontecer nada, é normal uma tur...

Não termina, pois um barulho estridente começa a tocar, e logo três luzinhas vermelhas aparecem no teto. Aquilo definitivamente não era uma simples turbulência. Minha irmã e minha cunhada tinham as mãos entrelaçadas. Nessa hora qualquer tipo de treinamento para essas situações eu esqueci, sentia meu coração bater forte até demais dentro do meu peito, só conseguia pensar no avião balançando mais do que o normal e os gritos desesperados de Agnes.

O avião estava caindo.

Callie POV


Se alguém me perguntasse se eu estava bem agora, eu não conseguiria mentir, talvez nem responder.

Desde ontem na chamada de vídeo que Arizona fez, sinto um aperto no peito. No começo ignorei, mas quanto mais as horas passavam mais se intensificava, resultado: uma noite acordada.

Louis dormiu cedo demais e vários médicos dos quais eu conhecia estavam de folga hoje, então só me restou assistir um programa qualquer na televisão enquanto tentava controlar o embrulho em meu estômago.

Há algumas horas Arizona me mandou uma mensagem de bom dia, mas veio com um eu te amo e vários corações, praticamente uma declaração de amor. Aquilo devolveu todas as preocupações que esqueci por alguns minutos observando meu filho dormir.

Já estava na hora do almoço e eu não consegui comer muito, somente tomei uma vitamina de morango e comi um pedaço de bolo no café da manhã, eu pularia o almoço.

Eu esperava a mensagem de Arizona, pelas minha contas, ela e o resto da equipe chegou a National City há uma hora, ela já deveria ter me avisado.

As horas se passavam e eu já havia ligado para minha namorada no mínimo trinta vezes, Louis foi dar uma volta com o pai pelo hospital, e apesar de não estar mais suportando ficar no mesmo ambiente que Mark, agradeci mentalmente a ele por tirar meu menino de perto de mim, ele poderia se preocupar.

Fui até a sala de Webber, com certeza ele saberia de algo.

Tive que esperar alguns minutos até Bailey sair de lá, percebia por suas sobrancelhas franzidas que ela estava nervosa, poderia dizer até preocupada.

- Com licença, Webber. - entrei em sua sala, rapidamente, ele se levantou de sua cadeira.

- Callie... - estranhei, Richard só me chamava de Callie quando era algo delicado, a última vez eu tinha 13 anos e ele queria me conta que minha madrinha tinha morrido.

Batidas na porta seguida de minha mãe e meu irmão entrando na sala interromperam o que seja que Richard tinha para me falar.

- Mãe. - abracei a mulher, logo depois, Cauã. - O que fazem aqui? Richard o que aconteceu? - a cada segundo de silêncio deles, meu coração se apertava mais. - É com a Arizona, não é? Me digam! - gritei.

- Filha por favor, sente-se aqui. - me guiou até o sofá do canto da sala. - Eu não sei como te dar essa notícia...

Lucia estava sentada ao meu lado, sua expressão era angustiada, eu conseguia ver apesar dela tentar disfarçar. Cauã mantinha a cabeça abaixada desde que chegou, sem dizer uma palavra.

- As doutoras Delucca Robbins, Miller, Robbins, Grey e o doutor Gibson estavam a caminho do aeroporto de National City quando houve um problema no motor do jatinho, o piloto tentou controlar a situação até o pouso, mas não conseguiu. O avião deles caiu a três quilômetros do aeroporto.

Eu estava neutra por fora, tentando enganar meu coração que se despedaça a cada palavra dita pelo homem a minha frente. Nem o abraço apertado da minha mãe segurava as minhas lágrimas, meu pulmão se fechava mais e mesmo tentando puxar o ar por puro reflexo de sobrevivência, eu não queria o fazer, talvez assim cessaria minha dor.

- Callie eu sinto muito mas... - interrompi Webber.

- Eles sobreviveram?

- As últimas notícias que recebemos foi que estavam sendo resgatados após três horas presos nas ferragens. - minha mãe me encarou. - Temos esperança que todos estejam bem.

Assenti, logo senti os braços de Cauã me envolverem, e finalmente me permiti demonstrar minha preocupação em um choro sofrido.

[...]


Narrador POV


Quando Webber percebeu que Callie estava abatida e pálida demais para uma mulher grávida, deu um calmante para a Torres, ela não poderia ficar muito nervosa por conta da bebê. Lucia ligava para todos seus contatos em busca de informações, mas nada sabia ainda. Cauã andava pelo hospital tentando esvaziar a cabeça, agora que estava tudo se acertando não podia acontecer uma tragédia, Callie já estava aguentando demais. Já bastava ver o filho naquela situação todos os dias e não saber se poderia ser o último.

Já se passava das 10 PM quando Callie acordou, a morena abriu os olhos e rapidamente reconheceu o quarto de hospital, do seu hospital.

Não demorou mais que cinco segundos para ela cair em si e tirar o acesso que ligava ao seu braço.

- Hey, por favor não faça isso senhora Torres. - uma enfermeira a impediu de se levantar. - A senhora ainda está muito fraca, não comeu nada o dia inteiro e precisa se alimentar.

- Mas eu...

- Você escutou Callie, não faça a Erika repetir. - Lucia entrou no quarto deixando um beijo na testa da filha. - Meu amor, você não pode ficar sem se alimentar, não se esqueça que tem uma sementinha dentro de você.

- Mãe... - as lágrimas voltaram. - Diga que tem notícias, por favor.

- Eles estão no Hospital Cat Grant, em National City. Pode ter certeza que em boas mãos.

Callie soltou o ar menos angustiada, se eles estavam no hospital, quer dizer que estavam vivos, não é? Assim a morena queria pensar, apesar de saber que Lucia ocultava algo.

Ou alguém.

- Quando eles serão transferidos? Eu não sei se aguento mais um dia ficar sem a Arizona, sem saber que ela tá bem.

- Pelo que Webber me disse, assim que eles estiverem estáveis. - Erika, a enfermeira, entrou empurrando um carrinho com o que Callie presumia ser comida. - Agora coma, não quero ter ver tão pálida como mais cedo. - levou a colher de sopa até a boca da filha.

Quando Te Encontrei (versão Calzona)Onde histórias criam vida. Descubra agora