5 - Reconfortante

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Callie POV




Uma semana, uma semana desde a primeira quimio do Louis, ele ficou mais desanimado pelo remédio ser forte demais e agora dorme mais.

Eu estava esperando os exames novos dele, que é feito antes de toda quimio pra ver se ela poderá ser aplicada novamente. A enfermeira chega com a Robbins loira atrás, ela não fala comigo, somente agradece a enfermeira e analisa os papéis. Não demora muito e olha pra enfermeira novamente pedindo-a pra chamar os outros médicos e pegar a cadeira de rodas.

Os médicos chegam me cumprimentando e fazendo brincadeiras com meu filho. Levaram Louis pra mesma sala da outra vez e ocorreu tudo bem, eu segurei a mão dele como ele pediu e acariciei seus cabelos -já com pouco menos- fazendo cafuné.

Os dias se passavam e cada dia ficava mais difícil, Louis estava desanimado, seus pelos já não existiam, e ele dormia bastante pelo remédio que o davam pra dor na garganta e feridas na boca causada pela quimioterapia.

George tem insistido pra mim ir tomar um café com ele mesmo eu dizendo que meu filho está doente e precisa de apoio, mas ele continuou insistindo então, decidi aceitar.

Vamos tomar o café em uma cafeteria à algumas ruas do hospital, não quero ficar longe do meu filho. Entro no seu carro que é muito confortável por sinal, e coloco o cinto. Ele dirige algumas ruas e paramos no estacionamento do estabelecimento.

Entramos e nos sentamos numa mesa do canto, olho ao redor, o lugar de tamanho médio é aconchegante, tem todos os tipos de tons de cores, e o cheiro de café moído na hora preenchia o estabelecimento.

Fazemos nossos pedidos e George fala sobre ele mesmo até chegar, eu pedi um bolo de ninho com um cappucino e James o mesmo, só que o recheio do bolo de chocolate e coco.

Durante todo o "encontro", Geirge falava e falava sem me deixar dizer um A, já estava me estressando, então inventei uma dor de cabeça e ele pagou a conta.

Fomos embora e de novo ele não calou a boca um segundo, aquilo já estava me irritando.

Primeira e última vez que faço isso.

Chegamos ao hospital e saio do carro jogando um "tchau" sem esperar resposta. Entro no elevador e ando pelos corredores sem olhar pra ninguém, só queria ver meu filho. Abro a porta devagar pra não acorda-lo, apesar de ser difícil.

Quão fiquei surpresa ao ver que ele já está acordado.

Me aproximo dando um beijo em sua bochecha pálida, ele sorri pra mim e estende a mão, a pego. Beijo cada um de seus dedinhos sussurrando um "mamãe te ama".

Quando levanto meus olhos novamente ele está dormindo, sorrio triste pela situação que ele está passando e suspiro. Não vejo quando alguém se aproxima e para do meu lado.

A doutora leva a mão a meu ombro em um carinho reconfortante como se estivesse dizendo que vai ficar tudo bem.

Eu acredito nisso.

-É normal ele ficar assim, os remédios pra dor são fortes e juntando com a quimioterapia, causa muito sono. - ela diz com um pequeno sorriso. -E é melhor ele dormindo do que sentindo dor.

Assinto com a cabeça, estou esperançosa pra aquilo tudo acabar logo e eu poder levar meu menino no parque de diversões e ver seu sorriso grande quando ganhar sorvete de chocolate.

Sou interrompida dos meus pensamentos com Robbins me chamando.

-Senhora Torres... Eu vou visitar Sofia e... a senhora... gostaria de vir comigo?... - levanto a sobrancelha confusa. -Sabe... é que a menina é ótima pra dar conselhos mesmo sendo tão pequena, e como ela tá sozinha... - meu coração se aperta.

-Sim, claro. - dou um beijo na cabeça do meu filho e Robbins abre a porta pra mim, passo agradecendo.

No elevador não teve nenhuma palavra que interrompesse nosso silêncio, as portas se abriram e o andar da pediatria estava calmo, o que é um pouco estranho, já que são crianças.

Crianças doentes Callie...

Andamos até a porta desenhada e entro primeiro fazendo o mínimo barulho possível para não atrapalhar a menina de olhos cor de mel, ela que rabiscava tão concentrada na tela de pintura levantou a cabeça e sorriu com os olhos brilhando.

Arizina anda até ela e a abraça, a menina dá um beijo na têmpora da doutora e recebe um carinho nos cabelos. A cena é linda e quase me fez chorar. Quase!

-Oi Ari! - se solta do abraço.

-Oi Soso, tudo bem? - Arizona se senta na beirada da cama e eu caminho para o outro lado.

-Sim. - olha pra mim. -Oi! Callie né? - me surpreende quando me abraça.

-Sim... - a abraço de volta.

- Arizona, vamos jogar alguma coisa com a Cah? - Cah?

-Cah? - ela assente. -Tudo bem, qual jogo você quer jogar? - se acomoda mais na cama e faço o mesmo.

Jogamos jogo da velha, quebra-cabeça, e mais alguns. Com certeza aquela tarde me ajudou muito a relaxar pelo menos um pouco. Conheci Sofia melhor, e pelo pouco tempo que fiquei com a menina soube que era especial, na minha cabeça só tinha uma pergunta:
Como? Como os pais dela tiveram coragem de abandona-la? Pelo pouco que conversamos quando Arizona saiu, pude perceber que ela os ama muito.

Voltei pro quarto de Louis e a enfermeira o alimentava pela sonda, meu menino resmungava um pouco acredito que pelo desconforto de ter aquilo no estômago 24 horas por dia.
Rapidamente ela termina e limpa a sonda, troca o soro e administra os remédios, eu estava sentada na cama improvisada que durante tantos dias me serviu de lugar pra dormir, e servirá por mais um tempo.

Não percebo quando durmo, acordei já estava de noite, vejo as horas no meu celular e arregalo os olhos, 8 PM.

Faço minha higiene e desço pro refeitório fazendo um coque frouxo, no momento não me importava com minha aparência.

Compro uma salada e batatas fritas e quando ia me sentar em uma mesa qualquer vejo Sam acenando pra mim. Me aproximo.

-Senta com a gente Calliope! - Carina aponta pro banco à sua frente, onde estava sentada Arizona, comendo tranquilamente seu hambúrguer. Penso em negar, mas com a cara suplicante de Carina, me sento ao lado da médica pediátrica.

Conversamos amenidades e a todo momento Arizona e eu trocávamos olhares, eu não sabia o que significava cada um deles, mas meu corpo insistia em encara-la, mesmo sendo pra vê-la comer aquela comida gordurosa.

Maya, irmã de Arizona, foi bipada e saiu correndo. Carina logo também foi bipada e saiu rapidamente dizendo que depois conversávamos sem pressa. Ficamos somente eu e Arizona, comemos em silêncio e quando terminamos deixamos nossas bandejas lá em cima da mesa. Entramos no elevador e subimos até o último andar caladas.

-É... eu vou ver o Louis... - abre a porta do quarto pra mim.

Me sento na poltrona ao lado da cama de Louis e a observo examinando meu menino, ele dava alguns resmungos mas não abria os olhos, olhei preocupada e me levantei ficando atrás de Arizona olhando Louis por cima do ombro dela.

-Não se preocupe, não é dor, é desconforto. - termina e se vira sem perceber que eu estava perto demais.
Nossos Nossos narizes quase se roçam pela proximidade, eu sinto sua respiração bater em meu rosto e fecho os olhos sentindo seu hálito de menta. Sinto ela mais perto, e quando nossos lábios se encostam um no outro a porta é aberta disparada nos fazendo afastar uma da outra rapidamente.

Me viro frustrada pra ver quem nos interrompeu e meu corpo congela pela surpresa.

Quando Te Encontrei (versão Calzona)Where stories live. Discover now