19 - Nova médica

145 9 0
                                    

Callie POV



Dormi aquela noite abraçada a minha namorada, ela acordou algumas vezes chorando mas quando eu a abraçava seu choro cessava.

Estamos nos arrumando para o enterro, não sei se é boa ideia Arizona comparecer, pode causa-la mais dor. Mas como ela insistiu vou com ela pra prevenir.

Descemos até a cozinha e tomamos o café que fiz, forte e sem açúcar. Maya, Carina e Emma foram embora ontem quase de madrugada, a sobrinha de Arizona estava com sono e tem escola hoje de manhã.

Terminamos e saímos no meu carro, dirigi em completo silêncio até o cemitério arborizado, diria até bonito.
Arizona olhava algumas pessoas em pé do lado de fora de uma capela, ela não moveu um músculo. Segurei sua mão em sua coxa e sorri, ela me deu um selinho e saímos do carro. Tranquei-o e dei a mão pra minha loira e caminhamos até a pequena capela.

O pequeno caixão marrom dava contraste com o salão totalmente branco. Respirei fundo e escutei Arizona fazer o mesmo, chegamos perto enquanto as pessoas saim do caminho deixando-nos passar. Nos olhavam curiosos, não nos conheciam, provavelmente parentes.

Arizona soltou minha mão e passou por cima da tampa de madeira, algumas lágrimas silenciosas caiam. A abracei de lado e ela escorou a testa no  caixão chorando agora mais alto.

No porta retrato que estava ali, tinha a foto de Sofia com por volta 6 anos, a menina sorria largo abraçada a uma ovelha de pelúcia. Estava banguela dos dois dentinhos da frente e apontava com o dedo para a boca. Sorri triste.

Arizona se levantou e me abraçou pela cintura de lado, quando já saíamos um voz chamou.

-Doutora Robbins! - nos viramos e um homem vinha em nossa direção abraçado a uma mulher que tinha os olhos inchados.

-Senhor Smith... - Arizona disse com desdém na voz.

-Sim. Podemos conversar com você?

-Não! - arregalei os olhos com a resposta, Arizona virou novamente e andamos até a entrada do cemitério.

-Senhorita Robbins realmente precisamos conversar. - o homem chegou ofegante perto de nós. Arizona, que tinha o punho cerrado, se virou com fogo nos olhos.

-O senhor não tem vergonha? - o homem arregalou os olhos. -Vir no enterro da sua filha quando não fez questão de ligar pra ela uma só vez no ano, ou mandar mensagens. Você e sua esposa preferiram viajar por aí e deixá-la desamparada e abandonada no pior momento da vida dela!

Aquele era o pai de Sofia. O homem que não merece o título de pai.

-Mas senhori...

-Cala a boca! Você não tem voz aqui! Não passa de um desgraçado irresponsável e miserável que só serviu pra infernizar a vida da Sofia dizendo as piores coisas pra uma criança, UMA CRIANÇA!  - nunca vi Arizona tão brava, suas palavras eram dolorosas. -Nunca visitava a menina com a desculpa de que não tinha tempo, agora na morte dela surgiu tempo? Já perdi a conta de quantas vezes tive que contar pra ela que não veio ninguém no seu aniversário. - Arizona já estava muito alterada.

- Arizona... Vamos. - coloquei minha mão em se braço chamando-a antes que piorasse a situação e causasse uma briga ali. Arizona olhou pra mim concordando. Voltamos pro carro deixando o homem lá perplexo.

-Me desculpe... - abaixou a cabeça. Levantei sua cabeça e a fiz um carinho na bochecha limpando sua lágrimas que caiam sem parar.

-Não se desculpe, você desabafou e isso é bom. Sem contar que eu sou a culpada, não deveria trazê-la aqui. - Arizona negou com a cabeça.

Quando Te Encontrei (versão Calzona)Where stories live. Discover now