Capítulo XVII: Interlúdio

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— Bom... Acho que isso não era um truque científico afinal, não é?

Nya riu sem humor ao entrar na antecâmara da loja de chá de Mystake, segurando uma grande bolsa em uma das mãos enquanto fazia contato visual com a mãe de Harumi. Ela estava sentada na cama do quarto, pernas cruzadas e dedos traçando os padrões monótonos do lençol lentamente, como se ela estivesse esperando pela chegada da ninja desde o início.

— Eu gosto de pensar que a magia é apenas uma ciência que nós humanos ainda não compreendemos.- Ela brincou com uma pequena piscadela, colocando a bolsa no colchão que foi colocado aos pés da cama de casal para Harumi dormir. E em seguida olhou ao redor, sentindo a falta da dita loira.- Onde está Harumi e seu pai?

— Eles sairam a pouco tempo para fazer alguns favores para a Sra. Mystake.- A camponesa respondeu, olhando curiosa para a bolsa e seu tamanho.- Buscar ingredientes para chás principalmente, e eu fiquei aqui para esperar por você.

A mestra elemental soltou um suspiro com isso, se ajoelhando no colchão para abrir o zíper da bolsa.- Por falar nisso... Eu consegui recuperar algumas coisas de seu antigo apartamento.- Dando uma olhada rápida para cima, Nya viu a forma como os olhos da mulher se arregalaram surpresos.- São majoritariamente roupas, o que deve poupar todos vocês de algumas despesas. Os objetos mais frágeis no entanto, como móveis e louça foram completamente estilhaçados.

— Está tudo bem, isso tudo já vale muito para nós...- Ela murmurou pegando cuidosamente cada muda de roupa que Nya a entregava, fazendo pausa perceptívelmente longa ao pegar uma familiar camisa rosa com babados nos pulsos.

A roupa que ela comprou para Harumi no dia em que conheceu Nya.

— E... De alguma forma, eu também consegui resgatar essas coisas.- A mãe foi tirada de seu estupor com o som de algo de alumínio sendo retirado da bolsa, e ela sentiu a respiração engatar na garganta ao ver as duas novas coisas que foram colocadas sobre a cama.

Era um dos moldes que ela usava para fazer suas flores de plásticos, um pouco amassada nas bordas, mas ainda assim perfeitamente funcional. E também...

Fotos. Pelo menos uma dúzia delas.

— Como você...- Ela não encontrou a própria voz para terminar a frase, segurando as fotos entre as mãos como se fosse um presente divino, e Nya apenas limpou a garganta desconcertada.

— Acho que o baú em que elas estavam guardadas ajudou a protege-las dos destroços do prédio.- A ninja murmurou pegando a bolsa agora vazia de cima do colchão e a colocando encostada na parede. Aquilo era do pai de Harumi mesmo, então não era como se ela precisasse levar com ela.- Mas é uma pena que a câmera tenha sido reduzida a uma montanha de madeira, metal e tinta com tudo isso.

— Não tem problema, nós sempre podemos fazer outra igualzinha a original se juntarmos pincéis o suficiente.- A camponesa riu a olhando com um sorriso caloroso, antes de olhar mais para baixo de seu rosto.- Como está seu braço?

— Ele vai ficar bem, é preciso bem mais do que isso para me derrubar.- Nya deu de ombros, dobrando o braço agora mais bem enfaixado (cortesia de Kai) para demonstrar que estava tudo sob controle.

O que na verdade não, as coisas não estavam sob controle. Com o Bounty destruído pelo Devorador e provavelmente já tendo sido refeito e adotado por Garmadon e os Serpentines, ela teve que arrumar uma longa série de pessoas e contatos (e quando ela diz longa ela realmente quer dizer isso) para providenciar um imóvel para ela e os ninjas ficarem.

Só tinha um probleminha. Eles só tinham duas opções para escolher, um quarto super barato, minúsculo, sujo e decadente cujas paredes provavelmente estavam a um suspiro de cair e mal cabia eles 6 lá dentro ou uma suíte luxuosa completa com sala de treinamento e viveiro de dragões (não a pergunte sobre isso, ela também faz ideia do porquê), e claro que tudo isso custava três rins, dois olhos da cara e uns trocados.

Ninjago: Thanks For The MemoriesWhere stories live. Discover now