Capitulo I: Fora de Época

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"Concentre-se..." Uma voz ecoa pelo mar sem fim. Não foi falada, mas era totalmente audível.

Outra consciência se animou com essa súbita interrupção do silêncio aquoso que a cercava.

"Lembre-se..." A voz continuou.

"... Lembrar o quê?" A consciência perguntou, e a água ao seu redor ondulou levemente.

"Eu sei que é difícil, mas estou aqui para te ajudar." A voz falou suavemente em uma voz sedosa, e a consciência jurou ter visto um vulto negro passar diante de seus olhos.

Mas espere... Ela não tinha olhos, ela era apenas... Água. Pura e cristalina.

Ela não se lembra de seu nome.

A consciência luta para manter o controle de seus pensamentos, distraída pelo constante fluxo e refluxo do mar.

Ela não deveria ser capaz de pensar.

"Concentre-se e lembre-se... Lembre-se de onde você veio, lembre-se de quem você já foi..." Novamente a consciência viu um vulto surgir a frente dela, e dessa vez ela conseguiu o acompanhar.

Ele estava flutuando em círculos ao redor dela. Não tinha forma, mas ela sabia que ele estava lá. Não tinha olhos, mas ela sabia que ele estava a observando.

Intangível e indescritível. Onisciente e onipotente.

Vendo que o vulto ainda aguardava por uma resposta, a consciência determinou: "Eu sou a água e as ondas. Eu sou o mar. Eu sou o oceano."

"Não. Tente outra vez... Pense mais fundo. Pense em como você chegou aqui..." A voz insiste, o que irritou um pouco a consciência. Por que aquela voz simplesmente não a deixava voltar a dormir...?

Ela deveria ser capaz de sentir raiva?

A consciência tenta obedecer ao vulto, realmente tenta, mas...

Ela não se lembra de seu nome.

"E-Eu não sei... Eu não posso-

"Continue tentando. Você deve continuar tentando."

A água fica mais turbulenta, tornando ainda mais difícil separar as ondas dos outros fragmentos de pensamento que pareciam estar flutuando como peças de um quebra cabeça interminável.

Ela não se lembra de seu nome.

"Continue tentando, criança. Você está tão perto da verdade..." A voz sussura encorajadoramente.

A consciência tenta novamente, agarrando-se a qualquer coisa que pareça se destacar do próprio mar. Os peixes nadam sem rumo. Barcos navegam acima de sua cabeça. E-E... E...

"Eu... eu..."

"Você consegue!" A voz exclama flutuando para mais perto dela.

Ela não se lembra de seu nome.

De repente, todo o mar parece parar. Um nome vem a sua mente como um flash. E depois um segundo, e depois-

"...... Eu sou Nya Smith. Inventora do Samurai X. A mestra da água."

"Bom trabalho! Eu sabia que você chegaria lá eventualmente." A voz diz a Nya parecendo satisfeita.

Agora que ela estava começando a se lembrar, ela pode sentir-se tomando forma dentro da água. Nya não se sentiu tão consciente assim no que parecia ser uma eternidade.

"Mas se eu sou Nya, então isso significa que você deve ser..."

"Nyad?" O vulto completa com uma risadinha baixa, lentamente começando a tomar uma forma mais sólida, embora fosse igualmente negra. "Infelizmente não. Ela já atravessou para o outro plano da existência a bastante tempo."

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