XIII - Guerra de maçãs

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Ivey

Quase teve uma parada cardíaca quando ouviu a voz vindo logo à frente. Com a pouca iluminação, não tinha avistado o garoto sentado nos bancos perto da borda da sacada, apesar de o mesmo ser tão pálido que parecia brilhar no escuro.

–O que você tá fazendo aqui? – Kane questionou, já que a mesma não deu o menor indício que iria falar alguma coisa. Saindo do transe de susto, Ivey avançou com cautela até estar a poucos metros de distânicia dele; não queria se aproximar demais, caso ele surtasse e jogasse uma faca nela.

–Pergunto o mesmo, o que você tá fazendo aqui? – Devolveu, cruzando os braços. Ele revirou os olhos e imitou o gesto com certo deboche. 

–Qualquer tributo pode vir aqui. Sua vez.

Ela deu de ombros.

–Então eu também tenho o direito de estar aqui. – E contornou o banco no qual ele estava para sentar no mais afastado que tinha. O que, infelizmente, não era muito longe. 

–Sabe, eu queria justamente ficar sozinho – informou, um tom de ordem que a fez querer vomitar. 

–Pode voltar pro seu quarto, eu deixo. 

–Eu cheguei aqui primeiro.

–E...?

–E que então eu já estava quando você chegou.

–Não sou eu que estou pedindo para você sair. – Ela começou a se irritar. Por que ele achava que tinha qualquer autoridade? – Se a minha presença te incomoda tanto assim, espera até amanhã pra acabar com ela.

–É hoje.

–O que? – Ele falou tão rápido que ela nem pôde escutar direito.

–Já passou da meia noite. É hoje que começam os Jogos, não amanhã. 

Aquilo foi pior que um balde de água fria. Então tinha menos de 12 horas. 

–Tá tudo bem aí? – Algo na expressão dela afundou tão drasticamente que Kane sentiu a necessidade de perguntar. Entretanto, logo fez uma careta. – Esquece, eu não quero ouvir. Não é como se me importasse, de qualquer jeito. Se for chorar, só faça em silêncio, tá?

A raiva a consumiu tão rápido que até substituiu o desespero. Procurou rapidamente algo ao redor. Uma maçã. Na mesinha de centro rebaixada, uma porção de maçãs descansavam na fruteira. Sem pensar duas vezes, pulou na direção da fruta e a arremessou nele. Kane não teve tempo de sequer processar o que acabara de acontecer antes de ser acertado bruscamente no olho esquerdo. 

–Ai! – Reclamou ele, massageando o próprio olho. Por um momento, pareceu chocado demais para dizer qualquer coisa. Contudo, não demorou para o choque passar. – Você tá louca?! Sabia que é crime atacar outros tributos antes da arena?!

Somente agora Ivey percebeu o que tinha feito. No clímax da irritação, esqueceu daquele pequeno detalhe e, sem querer, cometeu um crime. Céus, acabara de atacar a pessoa mais perigosa da arena daquele ano! Mas não podia mostrar arrependimento, não na frente dele.

–Vai fazer o que? Me dedurar por causa de uma maçã? Achei que você era mais durão que isso, pra ser derrubado por uma simples frutinha.

Ele estreitou os olhos, fuzilando-a.

–Eu não vou te dedurar, mas vou te fazer pagar – avisou, enquanto pegava a fruta do chão sem tirar os olhos da garota. Ela sorriu.

–Ai, que medo.

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