XV - Dia 1

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Ivey

O alarme soou, anunciando que o tempo de espera acabou. Moveu-se tão rápido que, ao chegar na mochila mais próxima, a maioria nem tinha saído de suas plataformas ainda. Porém, agora já deslocavam-se. 

À esquerda. Três consecutivos escaparam para longe. Nenhum Carreirista próximo. Aquela era a rota de fuga. Agarrando a mochila como se continha ouro, voou naquela direção. Até as câmeras encontraram dificuldade em acompanhar sua velocidade. 

Conseguiu ultrapassar as plataformas, agora vazias, sem dificuldades. Correu mais cinco metros, chegando ao limite da cúpula e às pilastras. A luz do sol já batia diretamente em seu rosto. Um sorriso de vitória ameaçou surgir. Contudo, foi destruído por um soco na boca.

Escondido atrás de uma pilastra, o garoto que iniciou ao lado de Ivey a atacou. Após o soco, que foi o suficiente para derrubá-la no chão, ele posicionou-se em cima dela, segurou seu cabelo e começou a bater a cabeça da garota contra o concreto diversas vezes. 

É isso , pensou, sentindo sangue na nuca e uma dor excruciante. Eu vou morrer logo no primeiro dia. 

Mas ainda não havia acabado. Tinha uma mochila abarrotada de alguma coisa em mãos, a separando do menino não muito magrelo nem grande o bastante para assustar. Ainda estava abraçada no equipamento que se arriscou, que deveria servir para algo. 

Lutando contra a escuridão que invadiu sua mente, empurrou a mochila contra a barriga do garoto com toda a força que encontrou. Não foi o suficiente para tirá-lo de cima, mas ele soltou seu cabelo e observou com ódio o local da pancada. No segundo de distração, Ivey deu uma cabeçada no nariz do mesmo, que gemeu de dor e pendeu de leve para o lado. Deu outra mochilada nele, dessa vez o empurrando para o lado que tombava. Ele se desequilibrou brevemente, mas por tempo o bastante para que ela se desenroscasse dele, levantasse e saísse correndo. 

Porém, tinha acabado de levar diversas pancadas na cabeça. Sua visão, turva e confusa, não era confiável. Situava-se perto demais dos outros, literalmente do lado de fora do templo. Cambaleou na direção que julgou correta. Como ninguém havia aparecido ainda? 

Como se respondesse seu questionamento mental, ouviu o silvo de uma faca raspando sua bochecha. O susto a jogou para o lado contrário, quase caindo de novo. Mas conseguiu se equilibrar o tempo de olhar para trás, na direção de quem lançou, e viu em borrões Ruby cortando o pescoço do menino que a atacou, já se preparando para jogar outra faca. Não pensou duas vezes antes de sair em disparada à rua mais próxima. Antes de virar na esquina, para finalmente sair de mira, mais uma adaga voou em sua direção, dessa vez atingindo em cheio a orelha direita. 

Gritou de dor, mas não parou de se mexer. A disfunção parou de inutilizar sua visão. Voltou a enxergar claramente, entretanto isso não a permitiu se localizar; não naquele labirinto de prédios abandonados idênticos. A corrida continuou. Os tênis realmente estão trabalhando. 

Disparou até o final da rua, quinhentos metros à frente, que se separava em uma bifurcação. Olhou para trás. Aparentemente vazio, exceto os gritos ao fundo vindos do templo. Alguém passou pelo começo da rua. Não tinha tempo para parar e pensar. Continuou a maratona no caminho que seus instintos mandaram.

Com uma vida de experiência no trabalho em lavouras, possuía resistência e fôlego maiores que o comum. Contudo, as lesões atrasavam o caminho que poderia ser percorrido em cinco minutos para demorar o triplo. Com o passar do tempo, a corrida se transformou em um trotar, o trotar se transformou em uma caminhada e a caminhada se transformou em um arrastar de pés. Cada passo era uma tortura confusa sem fim. Quando se deu conta, escorava-se na parede de um prédio qualquer, deixando o bege monótono da pintura com uma macha de sangue vermelho.

it's time to go - jogos vorazesDove le storie prendono vita. Scoprilo ora