3.

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De alguma forma, Harry consegue manter a compostura enquanto acompanha Louis até o escritório dele. Os olhares pesados ​​de descrença e desgosto o cortaram profundamente enquanto eles passavam pelos cubículos. Ele sente como se tivesse sido marcado com traidor em sua testa, e poderia muito bem ter sido pelo que todos pensam que ele fez. Não tem certeza de quem exatamente deu a notícia, mas é óbvio que todos no prédio já devem saber. 

Saibam que ele e Louis estavam noivos.

Noivo. Até mesmo pensar na palavra associada ao ômega o faz querer vomitar. Ele está repassando a conversa no escritório de Royce nos últimos três minutos e trinta e sete segundos e ainda não consegue encontrar uma explicação adequada para o que exatamente aconteceu. 

Ele espera até que eles entrem no escritório de Louis e a porta seja fechada, antes de deixar escapar. 

— Que porra foi essa?

Louis é a imagem da calma e serenidade enquanto se acomoda atrás de sua mesa. 

— Olha, isso é por você também.

— Como é? — Harry diz, incrédulo. — Como isso tem alguma coisa a ver comigo e com meus interesses? 

— Eles iam fazer de Brett o chefe — diz Louis, como se isso explicasse tudo.

— Oh, então, naturalmente, temos que nos casar — Harry zomba, começando a andar ansiosamente pela sala. — Isso faz todo o sentido.

— Olha, a primeira coisa que Brett vai fazer se ele se tornar chefe é demitir você — Louis diz impacientemente. — Ele gosta de assistentes bonitos, jovens e ômegas. — Harry faz uma careta com sua franqueza. — O que significa que tudo isso. Todas as noites, todos os cafés, datas canceladas e camisas arruinadas, terão sido em vão — diz Louis, falsamente triste. — Goste ou não, nossos destinos estão interligados.

Harry balança a cabeça, deixando escapar uma risada incrédula. — Isto é ridículo. E ilegal

— Oh, por favor — Louis diz, revirando os olhos. — Eles estão preocupados com ameaças à segurança nacional, não com uma editora de livros.

— Não — Harry diz firmemente, percebendo que nunca havia dito essa palavra a ele. — Não. Eu não vou fazer isso. 

— O que você quer? — Louis pergunta com um suspiro. — Um aumento? Mais tempo livre?

— Eu não quero nada de você — Harry cospe, exasperado. Ele passa a mão pelo cabelo, incapaz de processar que ainda tem que discutir sobre isso. — Isso é literalmente insano.

— Situações insanas exigem soluções insanas — diz Louis simplesmente. — Esta é a única maneira de eu ficar aqui e a única maneira de você manter seu emprego.

— Você não pode simplesmente... eu não posso me casar com você — diz Harry. Louis tem sido o serial killer de seus pesadelos nos últimos três anos – ele e seu olhar penetrante, frios olhos azuis e brutalidade imprevisível. Trabalhar como assistente dele nos últimos três anos foi absolutamente indutor de miséria , e Louis queria que eles se casassem

— Claro que pode — diz. — Será um arranjo muito profissional, pouca interação necessária. Podemos ter que brincar de casal feliz algumas vezes, mas na maioria será como se nada tivesse mudado. Podemos até dizer às pessoas que temos um relacionamento aberto para que isso não afete suas rotinas regulares... — ele faz um gesto vago — Tenho certeza de que Jillian ficará feliz em saber disso.

— Minhas rotinas? — Harry repete categoricamente, as sobrancelhas subindo em sua testa. — O que isso quer dizer? 

— E depois do tempo necessário, vamos nos divorciar e tudo estará acabado — Louis continua como se não tivesse ouvido. 

— Que porra é essa? — Harry pergunta novamente. 

— Acredite em mim, isso também não é o que eu escolheria para mim — diz Louis, olhando-o com atenção. 

— Eu não vou fazer isso — diz Harry com firmeza. — Eu recuso. Você vai voltar ao escritório de Royce e contar a verdade a ele. Isso não vai acontecer. — ele começa a caminhar em direção à porta. — Na verdade, eu mesmo vou contar a ele.

— Vou promover você a editor — Louis diz antes que sua mão possa envolver a maçaneta.

Harry faz uma pausa, quase engasgando com a respiração. — Você vai fazer o quê? — ele deixa escapar. 

— Editor — Louis repete rigidamente. — Como você sempre quis.

E realmente, Harry se odeia pela maneira como sua raiva anterior se dissipa, assim. — Tipo, imediatamente? — ele ainda exige, desconfiado. — Nada dessa merda de "daqui a dois anos"?

— Imediatamente — Louis concorda.

Ele espera por uma batida, respirações saindo afetadas. Editor. Louis está dizendo que finalmente o nomeará editor. Não há mais corridas para o café da manhã e perseguições de relações públicas e insultos desagradáveis ​​​​após entregar os ultimatos de Louis aos autores. Chega de ligações de fim de semana ou longas horas à noite depois que todos os outros, exceto Louis, foram para casa. Sem Louis.

Mas, acima de tudo, significaria que ele será um editor. Ler manuscritos e trabalhar com autores para escrever a melhor história possível. Ajudando-os a compartilhar suas palavras com o mundo e deixar um impacto duradouro nos leitores. É tudo o que ele queria nos últimos três anos e, pela primeira vez, está ao seu alcance. 

Você não pode estar pensando nisso, diz uma voz dentro de sua cabeça.

Mas ele está. Ele está considerando isso muito a sério. 

— E o meu manuscrito? — ele pergunta, virando-se para encarar o ômega. Não pode deixar de ultrapassar os limites agora que entende o quão desesperado Louis está para que isso aconteça. — Você vai publicar?

Louis franze a testa, parecendo aflito. — Dez mil–

— Vinte — Harry interrompe. — Vinte mil exemplares na primeira tiragem.

— Tudo bem — diz.

Harry exala. Ele vai realmente fazer isso? Só para que possa finalmente realizar seus sonhos? Para que tudo isso – todos os dias dos últimos quatro anos que ele passou em Nova York – tenha valido a pena? 

— Tudo bem — diz lentamente, encontrando os olhos de Louis. O rosto do ômega é impassível, lábios achatados em uma linha e olhos azuis frios como sempre. Harry se pergunta brevemente como eles serão capazes de convencer alguém de que estão apaixonados. — Fechado. 

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