43. O shopping

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Esta noite, não consigo dormir. Me levanto da cama e vou até a cozinha. Com fome, pego um enorme pote de sorvete e uma colher e me sento sobre a mesa.

Sem fazer barulho, abro a embalagem e me farto com a sobremesa, enquanto observo a escuridão do lado de fora.

De repente ouço.

- O que houve querida?

- Aquelas contrações malditas não me deixam dormir. Mas não precisa se preocupar tá?, a médica que já disse que são normais.

Ele faz que sim com a cabeça e não diz nada. Apenas se senta na cadeira em minha frente e me olha.

- Falta pouco amor, em duas semanas nosso bebê já estará conosco.

Concordo com um gesto de cabeça e a boca cheia de sorvete.

- Te amo pequena.

Eu também o amo, e em vez de dizer isso ou qualquer outra coisa, lhe ofereço uma colherada do sorvete, que ele prontamente aceita. Depois que engole, cheio de cuidado, ele me fala.

- Escuta amor, não fica chateada com o que vou dizer, mas se você continuar comendo sorvete, quando a médica for te pesar...

- Cala a boca - eu o corto - não começa você também.

Permanecemos em silêncio, até que eu termino de devorar todo o pote. Sou uma máquina, e tenho me entupido de guloseimas nas últimas semanas. Me levanto e jogo a embalagem no lixo.

- Satisfeita?

Concordo.

- Satisfeitissima. A culpa é sua que encheu o congelador com sorvetes quando eu falei que estava com desejo de baunilha com macadâmia.

Saímos na cozinha, e nos metemos na cama, onde mesmo chateados, dormimos de cochicha abraçados, com sua mão sobre minha barriga.

Acordo super tarde, já são onze da manhã. Estou saindo do banho quando Antônio entra no quarto completamente arrumado vestindo uma calça jeans e uma camiseta preta.

- Vamos sair amor. Vai se arrumar. Vou terminar de vestir Beatriz.

- Não vai para o treino hoje?

- Não. Vou passar o dia com vocês.

Depois que me visto, vou até a sala e o encontro brincando com a Bia. Entramos no carro e não falamos nada, ele dirige até que para no estacionamento do shopping.

- Vamos comprar o resto do enxoval querida - anuncia todo carinhoso e com um brilho no olhar.

Ponho a mão sobre a boca, do nada me sinto emocionada. Sinto uma das minhas contrações horríveis. Ele muda a expressão do rosto e implora.

- Não... não chora amor.

Mas não consigo segurar e caio em prantos.

- Ah pequena, por que está chorando agora?

Tento falar, mas só consigo balbuciar.

Antônio me abraça, me aperto a ele e quando consigo me tranquilizar, falo.

- Me desculpa amor. Tenho sido horrível contigo, enquanto você faz de tudo pra me ver feliz.

Ele sorri. É um amor. E cochicha num tom carinhoso.

- Não é culpa sua pequena. São os hormônios.

Sua compreensão me faz chorar outra vez.

- Os hormônios e eu. Tenho andado tão irritada com tudo.

DocShoe - Agora e sempre On viuen les histories. Descobreix ara