42. Hormônios

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No final de março retornamos para Miami. Antônio precisa retornar aos treinos e quer quer que eu passe o final da gravidez ao seu lado.

O sexo no último trimestre da gestação é estranho. Mal comparando, é como se eu estivesse comendo batata frita sem sal. Você acha bom por que é uma comida que você gosta, mas sabe que poderia ficar mais saborosa com um pouquinho de tempero.

Me olho no espelho e não gosto do que vejo. Não me sinto sexy, estou com uma barriga enorme e meus tornozelos estão inchados. Antônio insiste em falar que eu sou a grávida mas linda do mundo, mas sei que diz isso pra me agradar.

Nessa tarde, Beatriz está na casa da Anna, e eu estou sentada assistindo um programa qualquer quando meu celular toca, é Antônio.

- Fala.

- Oi querida. Como você está hoje?

- Bem.

Após um silêncio acrescenta.

- Continua chateada pelo que aconteceu ontem?

- Continuo...

- Escuta pequena, você tem que...

- Não, escuta você. A médica já falou inúmeras vezes que podemos ter uma vida sexual normal, e você segue se recusando a fazer da forma que quero.

- Pequena...

- Sem essa de pequena Antônio.

Estou prestes a lhe falar alguns desaforos, mas seguro a minha língua. Sei que tenho sido uma megera com ele, que em compensação é um santo e aguenta todas as minhas alterações hormonais caladinho.

- Tenho uma partida de basquete essa tarde, e esqueci a bolsa com as coisas, você pode trazer pra mim?.

Estou prestes a dizer que não, que ele venha buscar, mas acabo respondendo.

- Ok, vou mandar um aplicativo te entregar.

- Eu gostaria que fosse você.

Que gracinha da parte dele, mas a vibora que mora dentro de mim, responde.

- Eu gostaria de muitas coisas, e olha só, estou desesperada e vou me aguentando.

Ouço Antônio bufar, e após alguns segundos ele mumrura.

- Quero te ver pequena.

- Ok, eu vou levar.

Assim que desligo, me dou conta que nem me despedi. Caramba, como tenho sido grossa com ele.

Retorno a chamada e quando ele atende, digo.

- Te amo resmungão.

- Eu te amo mais que tudo pequena.

À tarde quando saio de casa, está fazendo muito frio. Coloco um vestido preto de mangas midi, uma bota de cano alto e um casaco comprido por cima. Me sinto feliz, apesar dos meus hormônios enlouquecidos.

Quando chego, e avisto meu lindo encostado em seu carro, me aproximo.

- Oi amor, como você está?

Disposta a selar a paz, grudo nossos lábios antes de responder.

- Feliz, agora que estou contigo.

Caminhamos abraçados até a parte interna do ginásio, vejo seus amigos por ali e aceno de longe, indo até uma parte da arquibancada.

Antônio me abraça, e me dá mais um beijo, chupando meus lábios e depois fazendo o mesmo com minha língua. Aproveito o momento, sem me importar com quem possa estar olhando.

Quando se separa de mim, ele me olha nos olhos e diz.

- Não quero mais brigar contigo pequena.

Sorrio concordando com a cabeça. Ele também sorri.

Me sento, e a bela morena que acompanhava Marcus na boate, meses atrás, se senta ao meu lado.

- Oi. Você é a Amanda. Se lembra de mim?

- Claro - nos cumprimentamos e assito o jogo empolgada.

Quando os rapazes fazem pontos, grito no melhor estilo ianque, e berro e protesto quando fazem falta sobre o meu time. O time dos meninos acaba perdendo e eu murmuro.

- Hoje não foi um bom dia.

Mas a morena, que agora eu sei que se chama Joyce, solta um comentário ácido.

- Pra mim agora vai ser, eu e Marcus marcamos de encontrar um amigo. Você sabe, para brincar... um ménage à trois.

Por que está me contando isso?, fico intrigada.

Sem olhar na cara dela, ando até o vestiário, enquanto sinto algumas contrações. Toco na barriga e a sensação vai embora. Marcus sai, dá um beijo na Joyce e depois vem falar comigo.

- Oi gordinha, tudo bem?

- Estou rolando de tão imensa, mas estou bem.

Me abraça e sorri, e depois Antônio aparece junto com Júnior. Conversamos e todos rimos, Marcus me solta e Antônio me abraça, enquanto Joyce chega e nos observa.

- Foi bom aquele dia na casa de Marcus né, temos que repetir Antônio.

Fico paralisada. Que história é essa?. Então me lembro do que ela me disse minutos antes na arquibancada. Fico puta com suas insinuações.

Antônio e Marcus se viram pra mim, e ao entender o que estou pensando, se entreolham.

Fico calada, mas a minha vontade é de gritar. Quando Joyce se afasta, Antônio logo me explica.

- Amor, foi um almoço de trabalho. Ela é acessora de vários lutadores.

- E precisava ser na casa dele?, não podia ser em um restaurante?

- Pequena, não começa a pensar besteira.

Me viro para Marcus, irada.

- E você, que belo amigo ein?

Marcus abre a boca, mas antes que possa responder, Antônio se vira para mim.

- Pequena, foi apenas um almoço. Precisávamos analisar alguns contratos para veiculação de imagem.

Mas já estou completamente tomada pela irritação. Furiosa, olho para os dois.

- Não acredito.

Antônio passa aa mãos pelos cabelos.

- Pronto, já temos encrenca para hoje.

Seu comentário me deixa ainda mais indignada e eu começo a andar.

- Gordinha, escuta - Marcus corre e se coloca na minha frente - Não pensa bobagem. Antônio nunca faria isso com você.

Irritada, falo um pouco mais alto.

- Marcus, eu só te permito me chamar de gordinha porque estou grávida. Quando eu der à luz, se você disser isso de novo quebro suas pernas. E você Antônio - me viro para ele - porque não me falou que almoçou com ela?

- Porra, que mau humor ein - Júnior murmura e arranca uma risada de Marcus.

- Nesse dia você estava emburrada e não queria conversar pequena.

Fecho os olhos e solto o ar bufando, enquanto sinto suas mãos rodearem minha cintura. Apoio a cabeça em seu ombro.

- Nunca mais me deixa ficar grávida. Estou enlouquecendo.

Eles riem.

- Com a Anna foi pior, acredite - Júnior tenta me tranquilizar.

Antônio sorri e me abraça.

- Pior?, porra amigo. Você foi um santo.

Curtam e comentem muito. Se engajarem hoje no final do dia tem lançamento de fic nova ein?. Beijos, até o próximo ❤️

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