33. Acidente

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Ele entra no quarto devagar, e parece temer o meu olhar.

- Oi. Eu... me desculpe ok?, mas quando a Roberta me falou ontem que ela estava aqui, eu fiquei tão preocupado. Não ia conseguir fazer nada sabendo que ela estava em um hospital.

- Tudo bem - suspiro derrotada, porque nesse momento eu realmente não me importo que ele esteja invadindo meu espaço. A única coisa que me importa é Beatriz.

- Se você quiser ir pra casa descansar, eu posso ficar com ela.

- Eu... tudo bem. Preciso ir até o escritório do Léo assinar um contrato importante. Vai ficar tudo bem?, tem certeza?- ele balança a cabeça concordando - Depois eu volto. Obrigada.

Saio do quarto sem olhar pra ele, e sem lhe dar um beijo. Embora eu esteja chateada, sua preocupação com Beatriz toca fundo na minha alma.

Depois de assinar tudo que preciso, vou para casa, resolvo descansar duas horinhas antes de voltar, meus olhos estão pesados e minha cabeça dói muito, fruto da noite de sono pessima.

Marco a hora no despertador e rapidamente caio em um sono.

Escuto um barulho. Tenho um sobressalto. É o telefone. Penso logo em Beatriz.

Pulo da cama. Olho as horas. Uma e vinte um. Apenas nove minutos antes do horário do despertador.

Pego o celular e vejo que é a Lari.

- Alô, Lari.

- Oi amiga. Tudo bem?.

- Tudo bem.

Estou prestes a contar-lhe de Beatriz quando a escuto chorar.

- O que foi Lari?, o que você tem?

- Estou mal... muito mal! Eu discuti com o Fred, ele saiu ontem às 21h e ainda não voltou. Não me responde. Eu não sei se aconteceu alguma coisa.

Chora, chora e chora e eu tento acalmá-la.

- Por favor, preciso que você venha pra cá

- Lari...

Penso em Beatriz, quero vê-la. Mas sei que mais algumas horas não chatearão o Antônio.

- Tá bom, estou indo.

Manso uma mensagem pro Antônio explicando que vou demorar mais duas horas. Ele me responde que está tudo bem, posso ter o tempo que precisar.

Desligo e solto o ar bufando. Escovo os dentes depressa, lavo o rosto, visto uma calça jeans e uma camiseta de série. Coloco um casaco, está friozinho.

Desço para o estacionamento e pego o carro. Lari não mora longe, então em poucos minutos estarei lá. Ligo e rádio e começo a cantarolar enquanto guio o veículo para fora do prédio.

Chego ao condomínio da Lari, e bem em frente, vejo uma vaga para estacionar. Paro, dou marcha à ré, e quando olho pelo retrovisor, fico sem ar ao ver que um carro se aproxima em alta velocidade e termina batendo no meu.

Ouço muitos barulhos e alguns consigo identificar. Carros, sirenes e muitas vozes em um burburinho estridente que faz a minha cabeça latejar.

Não consigo abrir os olhos. Estão pesados. Não sei aonde estou nem o que está acontecendo. Então me lembro de um carro se chorando contra o meu e me dou conta que sofri um acidente.

O ruído das sirenes me incomoda e me faz abrir os olhos de repente, percebo que estou dentro da ambulância com dois homens me olhando com gases ensanguentadas nas mãos.

- A senhorita está bem?

- Sim... não sei...

- Como se chama?

DocShoe - Agora e sempre Where stories live. Discover now