10. Uma nova conversa

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Essa é a continuação do capítulo 4. Os capítulos 5 ao 9 são uma breve explicação de toda a história. Caso precisem, rememorem o capítulo antes de iniciar esse aqui.
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15 de março de 2028 - Tempo presente

- Amanda. Será que nós podemos conversar?

- Antônio. Eu não acho uma boa ideia.

- Você está sempre fugindo de mim, escapando pelas minhas mãos. Como se a nossa amizade e tudo que envolveu não significasse nada para você.

- Eu Antônio?, é isso mesmo que você acha?. Você deveria voltar pra porra da sua vida perfeita. Não é isso que ela é?. Volta pra lá e pra sua esposa, é o melhor que você pode fazer.

- Eu não estou mais casado, há um longo tempo - ele fala, e por mais que as batidas do meu coração errem o compasso nesse momento, decido demonstrar que pouco me importo.

- Sinto muito por você. Na verdade, não sinto não. As vezes um pouco de sofrimento é bom na vida não é?, faz a gente aprender muitas coisas.

- Só me escuta por favor. Sei que não mereço, mas eu preciso te falar uma coisa. É muito importante. Por favor.

Ele faz um movimento levando as mãos à cabeça, e quando sua camiseta sobe um pouco, vejo ali a tatuagem, que há muito tempo, representava uma parte importante da nossa história.

- A tatuagem... - sussurro. Isso é impossível. Ela não estava ali há dois anos e meio atrás - você a fez de novo?

- Eu nunca a removi Amanda. Por mais que você pense isso, aquilo foi apenas um engano.

- Como? - quero saber.

- A Camila naquela noite, por algum motivo que agora eu percebo, quis testar a cobertura da sua nova base na minha pele. Eu apenas não me atentei para isso. Ingenuidade minha.

O encaro, tentada a dar a volta no carro, mas ao mesmo tempo querendo muito escutá-lo.

- Eu preciso mesmo levar a Beatriz para casa, ela já está dormindo e aqui está muito frio.

- Tem razão, me desculpe. Mas reconsidere o meu pedido, por favor. Eu preciso muito conversar com você. Juro que não vou forçar nada, nenhuma situação, e se depois de tudo você não quiser mais me ver, eu farei o possível para respeitar sua vontade.

- Tudo bem. Você está de carro?

Ele nega com a cabeça.

- Quer ir até o meu apartamento? - pergunto, já me arrependendo.

- Claro.

Indico que ele pode entrar pelo lado do passageiro. Assumo o volante e ligo o som. Nesse momento, a música é bem vinda. Mas mudo rapidamente para a próxima canção, quando I Follow preenche o espaço.

Ele se mexe desconfortável, noto uma lágrima escorrer pela sua face, mas ele se vira olhando para a paisagem à sua direita.

Quando chegamos, pego Bia no colo e ele se oferece para carregar as bolsas, aceito, já que minha pequena está cada vez mais pesada.

Entramos na sala e eu peço que ele aguarde ali, enquanto ando até o quarto da minha filha e a coloco no berço. Velo o seu sono por alguns minutos antes de criar coragem e voltar para sala.

Me sento no sofá o mais distante possível dele.

- Pronto. Estou aqui.

Ele respira fundo, e noto que busca coragem.

- Aquela noite, que ficamos juntos, foi a melhor noite da minha vida...

Faço menção de o interromper, apenas não quero escutar qualquer baboseira que ele vai dizer e me magoar mais ainda.

- Por favor. Só me escuta, sei que é difícil depois de tudo, mas eu só preciso que você entenda algumas coisas.

Maneio a cabeça concordando.

- Aquela noite foi realmente a melhor da minha vida. E eu não estou falando isso apenas por que estou arrependido por qualquer merda que fiz e quero seu perdão. Eu te amava muito Amanda. Eu te amo na verdade...

Ele se levanta.

- Naquele época, todo mundo já sabia que eu te amava. Minha mãe, meu irmão, minha sobrinha, os meus amigos. Absolutamente todo mundo comentava sobre, mas eu tinha tanto medo. Um medo muito irracional de te prejudicar de alguma forma. Eu lembro que em todas as ocasiões que apareciamos juntos, eles insinuavam tantas coisas e te jugavam muito por estar com alguém como eu, mesmo depois de tudo que eu tinha feito.

- Antônio, apenas pare de puxar os cabelos, vai aumentar sua ansiedade ok?. Se você fizer o que eu peço eu vou continuar te escutando. Você quer uma água?

Ele confirma com a cabeça. Eu ando até a cozinha e volto com duas garrafas na mão, entregando uma em suas mãos trêmulas.

- Sente-se por favor.

Ele faz o que eu mando. E noto que seu ombro salta em longos espasmos.

- Eu te amava com todo o meu coração Amandinha, e nada do que eu fiz ou te falei foi da boca pra fora. Você era a melhor parte da minha vida. Eu passava cada maldito dia ansioso, esperando apenas a hora de te ver, de assistir um filme juntos, ou fazer qualquer coisa que você sugerisse. Eu não podia te pedir para ser minha, mas eu sonhava com isso todos os dias. Eu imaginava até os filhos que teríamos. Como seria uma vida juntos.

Ele abaixa a cabeça e tira pêlos imaginários de sua bermuda. Enquanto tenta controlar sua respiração.

- Se você me amava tanto Antônio, então porque você foi embora do nada?. Por que passou a me ignorar nos meses seguintes?

- Depois daquela noite que passamos juntos. Eu acordei muito feliz. Eu ia te pedir em namoro, eu comprei uma aliança e um buquê de flores. Eu vim até aqui, mas eu escutei a sua conversa com a Lari...

- PUTA QUE PARIU. VOCÊ ESCUTOU A PORRA DA CONVERSA E MESMO ASSIM FOI EMBORA? - grito exasperada, e me xingo mentalmente ao lembrar que a Bia está dormindo no quarto ao lado.

- Aí é que tá, eu fui embora no dia seguinte, por que escutei apenas um pequeno pedaço da conversa e tirei conclusões precipitadas.

- Como você sabe que escutou apenas a metade da conversa? - pergunto cansada, a minha vontade é mandá-lo embora, ou arremessá-lo do alto do décimo quinto andar. Penso qual das duas opções é a mais fácil.

- Por que a Lari me contou semana passada - ele confessa.

- Semana passada?

- Sim, na festa de noivado. Tivemos uma pequena discussão e ela me contou como foi toda a conversa. Mas infelizmente eu só ouvi uma parte e tirei conclusões péssimas sobre isso.

- O que você ouviu Antônio?

- Eu ouvi você falar que a noite não tinha significado a mesma coisa para nós dois, que tinha sido apenas sexo. E eu achei que aqueles eram os seus sentimentos. Eu me desesperei.

- Eu não consigo acreditar nisso Antônio. Simplesmente não dá.

- Eu sei que parece bizarro, mas é a verdade. Eu te amava com todo o meu ser Amanda, e se eu não fosse burro o suficiente, tudo teria sido diferente.

- Esse é o grande problema. Não dá pra ser diferente. Você foi embora, fez a sua escolha, e é isso que a vida é. Não vou falar que te perdoo Antônio, por que eu fui embora daqui por que isso me destruiu mais do que você pode imaginar. Apenas uma conversa teria resolvido tudo. Uma conversa.

- Eu não espero que me perdoe Amanda. De coração. Sei que a nossa relação nunca mais vai voltar a ser o que era, e por mais que doa, eu vou aceitar isso como punição pelos meus erros. Eu apenas queria que você soubesse que eu não fui embora por não te amar. Eu fui embora justamente por que eu te amava muito.

Ele começa a chorar e tudo aquilo é demais para o meu coração que está muito ferido, e eu choro junto dele.

Comentem muito que 23h trago um novo capítulo aqui pra vocês. O que estão achando?, essa fic aqui me fez chorar até agora confesso. Em breve estou de volta. Beijos 😘

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