A porta da casa Dimitrescu dava acesso a outro túnel subterrâneo similar ao que Helena havia percorrido antes, e teria que andar no escuro absoluto por não ter nenhuma lanterna. Caminhou com cuidado para não tropeçar em alguma pedra, com as mãos apoiadas na parede como um apoio pra não cair. A essa hora o sol já deveria ter deixado os céus, o que deixou Helena preocupada com Rose, pois a jovem estava sozinha nas ruínas a sua espera.

***

Com a lanterna em sua mão direita, Rose tentava a todo custo iluminar o final do buraco por onde Helena havia caído, mas falhou nesse quesito. A luz da lanterna não era o suficiente para chegar até o final. Apoiou ambas as mãos no chão, e inclinou-se um pouco pra frente tendo todo o cuidado para não cair também.

— Hel! Você ainda tá aí?!

Nenhuma reposta. Rose imaginou que a morena poderia ter encontrado alguma saída, e a única coisa que poderia fazer era esperar o prazo de uma hora, e se elas não se encontrassem então iria correr até o vilarejo para pedir ajuda. O sol estava desaparecendo, trazendo a escuridão da noite. Até mesmo o clima começou a ficar mais frio fazendo Rose se encolher no chão por estar sentada. Colocou sua mochila na frente para molhar a garganta com sua garrafa de água, e se arrependeu de não ter a jogado junto do mapa, pois provavelmente Helena precisaria de água mais do que ela.

— Como eu fui burra. — Rose se julga. O corvo que antes havia chamado a atenção de Helena agora havia pousado a poucos metros da loira, a encarando. Aquilo deixou Rose incomodada, ainda mais por não gostar de corvos devido ao seus pesadelos. Pegou uma pequena pedra que estava ao seu lado jogando contra a ave que desviou por pouco. — Vai embora!

O corvo não retornou mais e voou pelos céus. Não suportando mais ficar parada sem fazer nada, Rose se levanta e consegue perceber a porta escondida atrás de uma cortina de folhas, como Helena havia lhe alertado antes. Ela estava determinada a encontrar alguma saída que pudesse levá-la até a morena, e pela sua sorte a porta não estava trancada, lhe dando acesso a uma escadaria de pedras que levava até o centro das ruínas. Desceu com cuidado conseguindo chegar na parte debaixo, começando a explorar o local enquanto não estava uma escuridão absoluta.

Havia várias torres em cada lateral, a maioria destruída com seus restos de pedras espalhadas pelo chão. Rose pegou seu celular para verificar as horas, e tremeu ao ver uma notificação de Chris. Ficou com receio de dizer a ele sobre o que havia acontecido com Helena, sabendo que Chris perderia a cabeça. Decidiu ignorar a mensagem e aguardar o prazo terminar para pedir ajuda. Recém havia feito meia hora desde a queda de Helena no alçapão, e agora a noite havia chegado com tudo.

— Que ótimo. — Resmunga a loira ligando sua lanterna novamente.

O som de galho quebrando chamou sua atenção, o barulho veio logo pela suas costas, a fazendo ficar imóvel e com a lanterna virada na direção da escuridão da floresta. Ela ficou em silêncio por mais um tempo, aguardando algum outro barulho acontecer. O próximo veio na direção oposta, dessa vez sendo de arbustos remexendo-se, e Rose virou sua lanterna ao mesmo tempo na direção do som, e seu coração começou a disparar.

— Hel?

Outra vez um silêncio absoluto. O instinto de Rose começou a alerta-la de que deveria sair dali, mas ela persistiu em ficar mais um pouco para conferir se de fato não era Helena que conseguiu encontrar uma maneira de voltar. Mas ao invés de ouvir uma voz humana, escutou um rosnado de animal mais próximo dela, e quando olhos amarelados surgiram entre as sombras das árvores, revelando uma figura que parecia ser de um homem, mas com aspectos de fera, Rose não esperou mais e começou a correr na direção oposta para escapar.

— HEL! — Grita a loira descendo as ruínas e com um imenso desespero crescendo em seu peito. — HEL!

As mãos de Rose formigavam, devido a adrenalina misturada com o horror seus poderes estavam quase saindo do controle. A criatura que a perseguia parecia cada vez mais próxima, permitindo de seus rosnados alcançarem quase a nuca da loira. Ao descer a trilha da ruína chegou a um portão de madeira contendo um símbolo de um feto com três pares de asas, e jogou seu corpo contra o portão com toda a sua força conseguindo o abrir, mas acabou caindo por cima de outra pessoa que havia escutado seus gritos. Os corpos trombaram no chão, com Rose em cima de Helena.

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