Capítulo 5

153 27 90
                                    

MICHAEL

- eu sinto Mike que pode se tornar um grande projeto, vamos arrecadar milhoes e trazer um pouco de esperança para uma gente tão sofrida. eu estava com a mão apoiada no queixo analisando o que Lionel dizia mas sentia que minha cabeça estava um pouco longe, até o momento que Lionel ve as horas no relogio e se levanta pegando o casaco que estava no sofá.

- eu preciso ir mas já volto, minha esposa está no hospital pra ficar com a mãe, vou ficar um pouco com elas mas estou de volta para o jantar. Ayla eu vou até o hospital!

- manda um abraço para a Brenda!

Lionel saiu e novamente a casa ficou silenciosa, eu me levantei e observei um pouco mais os comodos, me envergonhava falar com Ayla apesar de ser o certo depois de tanta gentileza que ela teve comigo, mas tomei coragem de falar com ela, novamente.

- ele nos deixou outra vez...

- sim, ele está sempre ocupado e entendo ele, tem sua vida nao precisa se preocupar comigo e com meu irmão toda hora.

eu observei ela cortar cebolas e tomates e pensei que pudesse ser util, apesar de nao saber direito como.

- eu posso ajudar voce? o que quer que eu faça.

ela me encarou e tinha um olhar intimidador que me deixou um pouco constrangido, eu nao sabia se ficava no mesmo lugar ou se corria.

- quer mesmo ajudar? ela perguntou.

- si-sim. eu disse começando a gaguejar. ela chegou perto de mim me fazendo recuar para trás.

- tire os óculos e as luvas. ela disse.

- como? perguntei incrédulo.

- como você vai cozinhar com essas luvas enfeitadas? e os óculos, bem, eu gostaria de saber a cor dos seus olhos.

- ora, são como os seus. eu disse.

- mas eu quero ver - ela começou a tirar os óculos lentamente - posso? - ela perguntou e permiti com a cabeça, era estranho deixar que uma simples garota fizesse isso, e era mais estranho estar na presença de alguém sem oculos.

- bem melhor não acha? e voce fica bonito assim, tem belos olhos. ela disse colocando os oculos na estante e voltando a cortar as cebolas.

- voce acha que fico bonito assim? perguntei.

- voce não?

- nao costumo ser elogiado, ainda mais de bonito.

- é uma pena, porque voce é um rapaz muito bonito. agora tira as luvas.

eu hesitei, mas ela me passava confiança, então tirei as luvas e deixei ao lado do óculos.

- o que precisa que faça? perguntei e notei sua expressão ao olhar para minhas mãos manchadas em tons de um branco invasor, fundido com a cor natural da minha pele, foi um olhar de relance, ela nao disse nada ou mudou a face, só parecia surpresa.

- voce pode cortar as batatas, espero que nao se importe mas nao comemos carne, preferimos algo mais saudável e menos aniquilador para os animais, então o prato de hoje consiste em um caldo de vegetais, e quanto mais melhor.

- eu acho perfeito pois não consumo carne, fico feliz com um cardápio vegetariano. respondi.

- fico contente por termos um gosto em comum - ela voltou o olhar para minhas mãos - me perdoe por ter pedido para tirar as luvas, eu praticamente te pressionei e me sinto um monstro agora.

- não precisa se sentir mal Ayla. eu disse.

- voce está doente? é algum tipo de câncer? dei uma risada sincera.

- nao se preocupe, nao é cancer e também nao é contagioso, é vitiligo.

- é o que? ela perguntou, o que nao me espantava sua duvida e curiosidade, as pessoas nao sabem quase nada sobre isso.

- ela destrói a pigmentação da pele e desencadeia um pouco de sensibilidade e infelizmente nao tem cura.

- o que quer dizer? voce vai ficar branco?

- digamos que sao manchas brancas que tomam conta da minha pele, mas nao vou deixar de ser quem sou por isso, continuo negro e sempre vou ser.

ela deixou a faca na tabua e lavou as maos as secando logo em seguida no pano de prato e segurou minha mão e pareceu analisar as manchas que estavam se formando.

- fascinante. ela levantou o olhar para mim, eu não permitia deixar as pessoas tocaram em mim ou chegarem tão perto, mas ela estava a menos de 1 metro perto de mim. e eu estava nervoso até ouvirmos passos na escada e eu correr para pegar minhas luvas e colocar o oculos.

- foi o melhor banho que já tomei. Chris irmão de Ayla disse descendo as escadas, ela voltou para a mesa e colocou todos os vegetais cortados dentro da panela e cobriu com água.

- o jantar está pronto em 20 minutos. ela disse.

- onde está o tio?

- foi visitar a Brenda que está no hospital com a mãe.

- oh Michael - Chris disse vindo em minha direçao e pegando novamente em minha mão, ainda bem que eu tinha colocado as luvas - eu sou muito seu fã e fico honrado que voce esteja aqui para jantar e não sei quando terei outra oportunidade de falar com voce, mas tenho tantas perguntas sobre seus passos de danças e suas musicas.

- diferente da sua irmã voce parece gostar mais de mim. eu disse olhando para Ayla que ainda preparava o jantar.

- minha irmã aprecia todos os cantores, sem distinção, ela diz que um dia se juntara aos grandes como voce e meu tio, e que nao pode ser doida por nenhum cantor em especifico.

- exatamente. ela responde.

me juntei a Chris no sofá da sala e continuamos a conversar por algum tempo enquanto Ayla ainda estava na cozinha, e depois de alguns minutos Lionel voltou e se juntou a nós e eu me senti a vontade de falar sobre projetos na carreira e de tantas coisas que tenho em mente em fazer. foi um dialogo saudável até Ayla colocar os pratos na mesa e chamarem todos para comer.

- oh, refeição vegetariana preparada pela minha querida sobrinha postiça. Lionel disse.

- eu já disse tio, paramos de comer carne - Ayla disse se sentado ao meu lado - voce se importa que eu fique perto de voce? - ela perguntou e eu neguei com a cabeça.

- eu só aceito isso por voces, porque eu mesmo adoro uma carne vermelha bem grelhada.

- a quanto tempo voce e seu irmão sao vegetarianos? perguntei.

- nao sei exatamente, acho que desde da doença da nossa mãe, começamos a sentir nojo por comer carne, e quando paramos pra perceber estávamos em uma dieta vegetariana a 6 meses, e decidimos manter e devo dizer que melhorou muito nossa saúde.

a noite durou conversas ótimas e muitas risadas, foi incrível eu me divertir tanto assim, e quando o relogio marcou 22 horas eu me despedi de todos.

- está ficando tarde e ainda preciso trabalhar bastante amanha, ensaios para fazer, agradeço pela gentileza de ser convidado para o jantar. eu disse.

- Mike eu te levo para casa, assim aproveito e já vou também. Lionel sugeriu e eu aceitei de bom agrado, nao gostaria de ligar para meu motorista e perturba-lo a essas horas. todos levantamos da mesa e eu ajudei Ayla a colocar os pratos na pia, e queria falar com ela uma ultima vez em particular.

- obrigado pela sua simpatia, acredite lido com pessoas nojentas o tempo todo, e foi bom conhecer alguem diferente. eu disse.

- e obrigada por ter me aceitado na gravação da canção, e espero que se o destino permitir a gente possa ser amigos. ela estendeu a mão direita e a partir desse nosso cumprimento eu fui embora, me despedi dela mais uma vez acenando a cabeça e sai junto com Lionel, e eu tinha uma vontade de vê-la novamente, acho que eu seria capaz de passar noites a fio falando dos meus problemas com Ayla, ela parece ser a única pessoa confiável o bastante e com quem eu desabafaria.

Olá meus amores! Boa segunda, boa leitura e boa semana! Bjs!!!!!



Michael & meWhere stories live. Discover now