Capítulo 63

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Rosé engoliu em seco. Não acreditava no que estava ouvindo. Não esperava que Zadekiel dissesse aquilo. De todas as pessoas que tinham atentado contra sua vida, dos ataques que sofreu, das emboscadas e das armadilhas que lutou para fugir, Zadkiel de Gangnon, um legítimo filho de Koa, alguém que carregava em suas costas uma linhagem tão honrada e amaldiçoada quanto a sua própria.

O dever com a coroa se estendia apenas à Mikaeel. Assim como no início de tudo, assim como foi com Koa e Ailsa. Eles estavam juntos desde o princípio, unidos em um único propósito. Por mais que os outros filhos do Lorde Lucius não estivessem tão ligados a ela, Rosé ainda os mantinha em estima. Acreditava que por toda a responsabilidade e deveres destinados a Mikaeel, a longínqua vida de seus irmãos fosse tranquila e despreocupada.

Mas ela foi pega de surpresa com a sentença que Zadkiel proferiu. Eu quero um cacho de Ailsa, ele disse, como todos os outros que ousaram apontar uma arma contra ela. Aquela frase ecoou em sua mente, em seu peito, em sua alma. O que era um cacho de Ailsa que eles tanto procuravam? Como eles esperavam que ela o entregasse? Estavam falando da árvore, aquele em que floresceu do corpo falecido de Ailsa? Talvez isso só passasse de uma bela história inventada por alguém assustado com a magia que cercava essa terra. Alguém que assim como a princesa tinha medo da impiedosa Matilha de Zander, que enganava os inocentes para o sacrifício mortal. Alguém que pensasse que a magia que mantivera a árvore e as flores de pé por tantos fosse a mesma que consumia o sangue das vítimas.

O que aconteceu a seguir foi um mero borrão em sua visão. Um cavalo negro correu em partida à alcateia; Mikaeel a empurrou para trás, progetando-se para frente, agarrando seu irmão. Rosé não conseguiu se manter firme. Seus pés escorregaram na mistura de neve e lama e ela tombou ao chão. Rosnados se seguiram, até que um lobo de olhos mesclados surgiu, avançando em Zadkiel. Ela sabia que tinha que fugir dali. Deveria procurar ajuda, por que pela maneira como os filhos Gangnon mais velhos estavam, era claro que despejaram em seus golpes e uivos tudo aquilo que mantivera acumulado.

Rosé engatilhou para trás, até reparar que o envelope e a bolsinha de couro haviam caído de suas roupas. Ela os pegou com pressa e tentou levantar. Não sabia como os irmãos possuíam tamanha habilidade para lutar entre si quando ela mesma não conseguia dar um passo. Tentou enfiar novamente os pertences roubados em suas saias, mas a briga ficava cada vez mais séria.

Mikaeel ainda fazia a guarda de onde a princesa estava, nunca deixando Zadkiel se aproximar. Seu irmão, no entanto, estava perdendo feio. O lobo havia desferido dois golpes profundos em seu peito. Seu rugido era ensurdecedor, animalesco. Era óbvio que queria avançar e dar o golpe final, mas havia algo que o parava, que o impedia de agir segundo seus instintos.

— O que está acontecendo?! — alguém gritou.

Instantaneamente, ambos os irmãos pararam e se viraram para a dona da voz.

𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 𝐞 𝐋𝐨𝐛𝐨𝐬Where stories live. Discover now