Capítulo 11

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— Os lobos não fariam isso – ela murmurou.

— Vossa alteza real irá jantar em seu quarto outra vez?

Rosé se voltou para Susan. Suas damas de companhia haviam terminado de arrumar o quarto. Os seis pares de olhos aguardavam sua resposta ansiosamente.

— Sim – concordou.

Os ombros de Susan caíram um pouco.

— Algum problema? – perguntou.

— Nenhum, vossa graça. Mas não acha melhor acompanhar o rei nesse jantar dessa vez?

A princesa podia listar inúmeros motivos para recusar o convite. Na privacidade do seu quarto, não teria que fingir satisfação ao comer outra refeição dormida. Evitaria também a história do casamento, que começava a ser esquecida após a visita a Árvore Moreau. Não precisaria confrontar ou ignorar Mikaeel novamente. Depois de suas palavras ríspidas, ela não queria ter que olhar em seu rosto. Estava magoada demais.

Quando foi que pensar nele se tornou tão doloroso?

— Não quero ser intrometida, vossa alteza real, mas a coroação se aproxima. Deveria aproveitar que a corte e os Ministros estão passando a estadia aqui para fazer alianças para o seu novo reinado.

— A princesa faz bem em se manter longe daqueles morta-fome – interviu Makaria – Só estão aqui para aquecer suas barrigas famintas na lareira do rei.

Apesar do olhar chocado de Susan, as outras damas de companhia não esconderam suas risadas.

— Cuidado com língua! – Susan censurou.

— Mas ela está certa – Rosé disse – Por que outro motivo o castelo andaria tão cheio? No verão, cada um deles partem para seus solares. Não vemos nem suas sombras.

Insatisfeita, a condessa mandou as novatas para a cozinha, para providenciar o jantar da princesa. Após isso, ela mesmo partiu, explicando que anunciaria ao rei que Rosé não compareceria ao salão à noite.

Assim, vendo-se com menos atenção sobre si, apenas na presença de Makaria e de outra dama de companhia, Rosé se voltou para os papéis. Ela os encarou, como se quanto mais os olhasse, mais eles fariam sentido.

Os ataques ocorrem à noite, ela se lembrou das palavras do Duque. Eles acordam assustados, alguém desaparece, seus animais estão mortos, há pegadas na neve, a comida estocada é destruída, sangue por toda parte, uivos ensurdecedores...

Lobos atacando aldeias a noite? Por que fariam isso? Os condados que mandaram seus depoimentos estavam localizados na parte sul do reino, longe da capital. Por não conseguir ler, ela não saberia ao certo como ocorreram estes ataques, nem com que frequência nem quais matilhas foram acusadas de tais atrocidades.

Assim como Ailsa escrevera em seus pergaminhos que Anaclesia era lar de imigrantes também, Koa havia escrito algo parecido. Por mais que os lobos fossem territoriais, diversas matilhas seriam bem-vindas no reino. Elas viveriam longe umas das outras para que disputas e brigas fossem evitadas, mas mesmo possuindo um alfa, de uma forma ou outra deveriam responder a Matilha Gangnon. Pelo o que sabia – já que por tradição, quem assumiria o controle das matilhas era Mikaeel –, a realidade era ligeiramente diferente da teoria, mas em toda a sua história, Anaclesia havia se dado bem nesta questão.

— Os aldeãos estão se virando contra lobos agora?

Rosé deu um pulo de susto. Atrás de si, silenciosa como um gato, Makaria espiava os papéis que ela lia.

— Como ousa? – Rosé esbravejou.

— Perdoe-me, vossa alteza – Makaria se desculpou, mesmo que seu rosto pálido continuasse calmo – Não era minha intenção ler escondida.

A princesa piscou rapidamente.

— Espere aí, você consegue ler isto?

— Sim, eu acho – Makaria concordou, assentindo lentamente.

Pensando um pouco sobre o que fazer, Rosé acabou entregando o papel em suas mãos a sua dama de companhia.

— Não esse – ela rejeitou, rindo como se tivesse ouvido uma piada fantástica – Este aqui... vossa alteza.

Observando Makaria se esticar e pegar um dos papéis espalhados em sua escrivaninha, Rosé sentiu que estava fazendo algo inadequado permitindo que a duquesa lesse documentos da Coroa. Mas, mesmo tendo os depoimentos em sua posse, ela não tinha decifrado nada.

— Me surpreende estar no meu idioma – Makaria desabafou.

No entanto, ao olhar para a princesa, ela se recompôs.

— Digo, no meu antigo idioma. Afinal, eu sou uma clesiana agora. Salve a Grande Ailsa – conjurou antes de fazer uma reverencia.

Temendo chamar atenção da dama de companhia que agora preparava seu banho, Rosé a apressou.

— Só me diga o que está escrito aí. Nunca vi nada parecido com isso.

— Certo – começou Makaria – Aqui diz que no condado de Abaddon, no sul, foi relatado ataques a cinco casas aldeães. O Conde de Abaddon negligenciou o assunto, mas os aldeãos, com a ajuda do Reducto, notificaram aos guardas da Coroa sobre o assunto.

— Reducto?

— Hum, ele é praticamente um andarilho hoje em dia. Está sempre em alguma missão pelo reino, espalhando os antigos ensinamentos aos imigrantes, participando do Evento Mensal da Purificação.

Rosé engoliu em seco. Ela ergueu o queixo, assumindo a postura arrogante de princesa que ela tanto treinou quando criança. Uma fachada patética para esconder seu constrangimento.

— Os ataques machucaram algumas pessoas que tentaram lutar por suas vidas, mas a grande perda foi o estoque de alimentos no condado – Makaria voltou a leitura – Agora, sem comida suficiente para sobreviver por mais que dois meses, o Conde de Abaddon pede... pede permissão ao rei para fazer acordos comerciais com o reino da fronteira.

Makaria comprimiu os lábios. Parecia que a duquesa sabia exatamente o que passava na cabeça da princesa.

— Mas vossa alteza – ela continuou – Esta carta foi enviada há três meses atrás.

— Hum – a princesa murmurou, desabando na cadeira.

Lobos atacando aldeões, fazendo-os perder todo o seu alimento. Com a chegada do inverno, a capital, que depende de condados ao seu redor para se manter abastecida, foi um dos primeiros lugares a ser afetados, pois com estradas congeladas e os campos inférteis, a comida abrigada foi acabando cada vez mais rápido. Rosé havia tentado falar com seu pai sobre o ocorrido. Ele apenas a dispensou com um leve aceno de mão, prometendo-lhe que tudo se resolveria em alguns meses.

Entretanto, o próprio castelo já estava passando por dificuldades. A sopa de beterraba velha que comera, a demissão repentina de suas antigas damas de companhia por jovens da corte enviadas por suas famílias, os ataques que o Duque de Malu havia lhe falado. A temida crise econômica já havia chegado.

Contudo, a coisa que mais a tinha afetado era não ser informada sobre nada disso. Dos anos que estudou para governar Anaclesia, ela nunca havia ouvido falar de coisas assim. O inverno era um problema de conhecimentos de todos, mas esses ataques dos lobos que aconteciam há meses... quando planejariam contar a ela?

— Vossa alteza real? – Susan a chamou.

— Sim – ela respondeu, esfregando a testa.

— O rei ordena a sua presença no jantar de hoje. Parece que haverá um visitante que veio de longe somente para vê-la.

Um visitante? Quem poderia desafiar as estradas congeladas só para vê-la?


𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 𝐞 𝐋𝐨𝐛𝐨𝐬Место, где живут истории. Откройте их для себя