A LENDA DO BARBARO SOMBRIO • JJK

21. Abra os olhos e volte a viver

Jungkook voltou para o quarto quase meia hora depois de ter permanecido na banheira enquanto seus músculos tensos doíam ao tentar relaxar, não funcionou de fato, mas o amor de sua vida estava prestes a acordar depois de um coma, então nada iria acalma-lo a não ser a própria Sn. Ele vestiu uma calca folgada e uma camiseta cinza claro, nada nos pés. Assim que voltou ao quarto viu que o chá estava na cabeceira. Nenhum de seus amigos por ali.

Ele era o único que precisava estar ali e por isso o próprio Yoongi tinha feito isso.

O demônio olhou a xícara com o chá de cor preta, bem denso, muito mais que os chás da terra. Pouco a pouco ele deixou ela numa posição quase sentada, sentou-se na beirada da cama e com dificuldade abriu sua boca, fazendo a magia trazer a xícara até ali e derramar pouco a pouco o liquido contra a garganta dela. Uma fumaça preta nevoou os dois corpos, mais forte na Sn que sentiu como se o ar retornasse aos poucos para eu corpo, devolvendo oxigênio depois de todo este tempo.

Embora nunca tivesse parado de respirar.

Sn gemeu e mexeu seus braços, suas mãos por fim seus ombros. Seus dedos passaram por suas vestes ate chegar em seu pescoço, tocando com delicadeza verificando se não era nenhuma mentira e que realmente estava viva. Se sentindo viva. Jungkook quase deu um pulo para trás quando notou os olhos dela piscarem com a iluminação forte, com um estalar as luzes ficaram mais fracas.

- Meu amor. – Jungkook arquejou.

Seu corpo falhou por inteiro.

Era um misto de sentimento tão grande dentro de seu peito, que sentiu vontade de chorar. As lagrimas acumulativas nem se deram trabalho de esperar. Sn escutou sua voz, seu corpo inteiro se arrepiou, uma dor aguda lhe atingiu, seus olhos voltaram a fechar, e então se abriram de novo. E encarou aqueles olhos pretos que tanto amava, aqueles olhos que carregavam um brilho único, estrelas. Pontinhos brilhantes que permaneceram em sua mente enquanto vagava pela escuridão dentro de sua própria mente.

Sn levantou o braço e então ele entendeu que ela queria, com cuidado se jogou nos braços frios e macios. Ela emagreceu consideravelmente pelo tempo que esteve ali, mas continuava bela da mesma maneira que se lembrava. Ele sentiu o braço ao redor de seu pescoço e o outro, ou a metade dele, acariciar seu braço. Embora ela tivesse nojo do braço pela metade ou daquela cicatriz esquisita, aquilo foi a ultima coisa que se recordou.

- Pelo santo Deus, você acordou, meu amor. Você acordou.

Jungkook distribuiu beijos pelo pescoço livre pra si enquanto enterrou os dedos pelo cabelo a dias sem lavar, tinha quase certeza que magia tinha sido usada para manter ela limpa naquela cama por tanto tempo. O cheiro de lavanda inundou seu nariz, esfregou contra a pele dela enquanto Sn se esforçou para continuar o carinho com o braço deficiente.

- Eles... – A voz grossa foi interrompida, um gaguejo quase impossível de saber realmente o que era.

- Estão mortos, amor, todos mortos. Nós estamos bem. – Jungkook sussurrou rente ao ouvido dela, Sn não evitou o sorriso sentindo o incomodo na garganta. – Você esta bem, a salvo.

- Quanto tempo se passou? – Ela não evitou falar baixo, afinal de contas se falasse mais alto, sua garganta queimaria.

- Dois meses, quase três. – Jungkook continuou com os braços ao redor do corpo dela antes de encarar aquele rosto de pele acinzentada, voltando pouco a pouco ao normal. Sua boca já tinha a coloração de sempre, sentiu seus lábios cocarem para beija-la

- Muito tempo. – Balbuciou ela, subindo seus olhos para aquele rosto, continuava a mesma coisa, na verdade ainda mais bonito. Os cabelos pareciam maiores caindo de sua nuca para os ombros, contra o rosto dele, se pendurando em direção a ela. – Foi muito tempo.

- Sim, mas o que importa e que tudo acabou... e consegui salvar você. – Jungkook tirou uma das mãos da cintura dela e acariciou o ombro, em seguida a maca do rosto. O nó do indicador tracejou devagar desenhos imaginários pelo rosto dela, onde ela fechou os olhos sentindo a pele dele, não muito diferente do que se relembrava.

- Como conseguiu? – SN franziu a testa enquanto seus braços permaneciam nele, como se a qualquer momento fosse sair dali e ser enviada de novo para aquela solidão. Aquela escuridão. – A cura.

- Fui ao inferno, de novo. -  Jungkook deixou um beijo no queixo dela, e notou que já estava preparada para mais perguntas. – Isso e assunto pra outro momento, agora eu só quero aproveitar que finalmente te tenho aqui. Eu tinha a sensação de que você estava bem, mas que não estava tão bem quanto eu imaginava.

- Não sei se eu estava bem, eu só ficava num lugar escuro. Fechado, escuro, eu não conseguia ver nada. Era como se enxergasse só seus olhos, seus olhos era o que me mantinha ali, lúcida. Era esquisito. – Ela fungou, ele não deixou se acariciar sua pele.

- Tenho certeza que sim. Seu corpo, não sente nada?

- Estou dolorida, minhas costas doem bastante, talvez pela posição. Meu estômago esta revirando e sinto ânsia de vomito, esse chá tem um gosto péssimo.

- Imagino, como o próprio inferno. – Jungkook riu baixo pelo nariz seitando sua cabeça no ombro dela, numa posição desconfortável para suas pernas e sua coluna. A ultima coisa que importava no momento. Literalmente a ultima.

- Acho melhor me levantar. Não?

- Não. – Uma voz diferente fez o macho levantar a cabeça, Yoongi, Jin e Namjoon na porta do quarto. Yoongi quem continuou. – Fique deitada por pelo menos uns trinta minutos, ou vai sentir uma tontura tão forte que vai desmaiar de novo, nenhum de nos quer bancar a baba, acredite. – Apesar do sorriso de canto, Jungkook rosnou antes de deixar o sorriso crescer em sua face.

- Saiam daqui, caos farejadores.

E se enfiou no pescoço dela de novo.

Os amigos riam, Sn sussurrou um pedido de desculpas esfregando os dedos no cabelos lisos dele e completamente sedosos como aquele edredom que seu corpo estava. Os vampiros concordaram com a cabeça.

- Seja bem vida de volta, senhora.

- Me chamam de senhora e me sinto uma velha de oitenta anos. – Bufou franzindo o nariz.

- Para nos oitenta e como ser um adolescente. – Yoongi disse antes de seguir os outros e sair do quarto.

- As vezes me esqueço que são imortais. – Sussurrou entre dentes.

- Você também é um agora. E estamos bem.