18. Conhecendo a Morte

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- Então isso aqui é o hotel da Morte?

Jungkook deixou que seus olhos passassem desde o chão coberto por ossos humanos... ou não, até as pontas do castelo. É. Um castelo. Ele tinha certeza que aquela arquitetura era maior do que qualquer outra que tenha visto ao longo de seus seiscentos anos na vida humana. As janelas eram gigantes, as portas, os móveis flutuavam a pouco do chão e outros demônios estavam ali. Demônios conhecidos por irmãos da Morte. Felizes demais para quem estava no Inferno.

- Sim. Ela já irá nos recepcionar. - Hades sorriu contente e de braços cruzados enquanto suas asas monstruosas e grandes passavam pelo chão assim como seus pés. - Aquelas criaturinhas são os irmãos da Morte. Na verdade estão mais pra filhos dela, porque cada um dele tem um osso que já foi dela, então...

- Espera, o que? - Jungkook passou a mão pelo maxilar completamente displicente quanto aquilo, as criaturas também flutuavam em sua direção com sorrisos esquisitos. Quer dizer, dentes esquisitos. Eles nem pele tem, como seriam capazes de sorrir? Os barulhos se seus ossos pequenos batendo uns contra os outros o causou um grande incômodo. - Olha eu tenho que dizer que o Inferno está me decepcionando. Muito barulhento, odeio barulhos. - Bufou.

- Você já me disse isso muitas vezes, Tespan. - Acenou para um dos irmãos da Morte.

- Você não pode me chamar de Jungkook? - Para ele era muito estranho ser chamado de Tespan a todo tempo, mesmo sabendo que os humanos sempre o chamava desta maneira. Mas Hades o chamava apenas de Tespan, e se era seu irmão, poderia lhe tratar de uma maneira menos formal e tendenciosa, certo? E então as sobrancelhas arqueadas de Hades se juntaram como uma só.

- Não me peça uma barbaridade dessas! Esse seu nome de humano é a coisa mais brocha que existe, ridículo, não tem poder. É um nome fofo, sabe o que fofo significa no inferno?

- Não. - Respondeu gaguejando depois de se sentir atingido pela honrosa e calorosa qualidade de seu irmão perante seu nome mais... gracioso.

- Submisso. Você por acaso é submisso de alguém? - Quase colou suas testas esperando por uma resposta. - Não inclua a sua mulher nisso, céus você é louco por ela e isso me enoja! - Fez careta de quem iria vomitar.

- Ah meu deus e acha que me importo com o que esses demônios pensam? Se eu sou tão poderoso quanto diz... posso ser chamado pelo nome que eu escolher! - Com bastante ênfase no "eu" Jungkook observou a Morte ao longe. Ao menos era quem ele pensava que era. Ao contrário do retratado no mundo humano, ela não tinha uma máscara do pânico com o corpo coberto por um manto preto e uma foice.

Tá. O manto preto é real. No entanto seu corpo é possível ser visto. Compreendeu na mesma hora o porquê seus irmãos eram assim.

Seu corpo era um esqueleto. No entanto não era o esqueleto em si, na verdade estava mais pra esquelético por que havia uma pele ali. Colada em seus ossos como um idoso de cento e poucos anos. Seus olhos eram completamente pretos, ela não tinha nada nas mãos e um sorriso banguela ao contrário dos outros atormentos. A Morte se aproximou, voando sem asas, parando à apenas um metro dos gêmeos.

- Você continua a mesma coisa, meu demônio preferido. - Jungkook mordeu os lábios em êxtase. Ela também falava. Uma voz que saía do fundo de sua alma possivelmente desnaturada num tom gélido e acinzentado, nem grosso e nem fino. Um tom o suficiente para rasgar sua garganta pele por pele. Hades por sua vez sorriu ao vê-la e sentiu o toque mesmo de longe, estava acostumado com aquela sensação e aquela criatura sem dúvidas era a sua preferida. A única que se importava e que lembrava dele independente das circunstâncias. Ela nunca se esqueceria do seu maior amor.

- Morte querida... porque não toma sua forma humana e me deixa te apresentar para minha única família? - Jungkook franziu a testa enquanto olhava para os dois com rapidez, ele, como um homem apaixonado, reconhecia muito bem aquele sorriso e aquele olhar. Os olhos de Hades até mesmo ficaram cintilantes. Ele tocou a mão dela e de repente a fumaça preta foi passando pelo corpo dela pouco a pouco e enquanto se aproximava do chão seu corpo humano ia aparecendo.  O vampiro observou a maneira como sua mão esquelética e sem vida virou uma mão humana branca, pálida e sem brilho. A fumaça se afastou depois que a Morte a soprou, envergonhada se aproximou de Hades sendo puxada pela cintura e sorriu encantada. É claro que o fato dele citar que era sua única família também lhe foi algo importante, provavelmente ele tinha pai e mãe, assim como o próprio Tespan.

A LENDA DO BARBARO SOMBRIO • JJKOù les histoires vivent. Découvrez maintenant